Na América do Sul, apenas a Bolívia reconhece reeleição de Maduro. Por que?
G1 - O Grupo de Lima, formado por 14 países das Américas, incluindo o
Brasil, declarou nesta segunda-feira (21) que não reconhece a
legitimidade das eleições presidenciais na Venezuela, em que Nicolás Maduro
foi reeleito presidente, e que os países irão convocar seus
embaixadores em Caracas para expressar protesto. Outros países
condenaram a reeleição de Maduro, enquanto Rússia e Bolívia apoiaram.
As eleições deste domingo
foram marcadas por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta
abstenção. O presidente foi reeleito com 67,7% dos votos (mais de 5,8
milhões) aos 92,6% das urnas apuradas. A participação foi uma das mais
baixas da história venezuelana: 46% do eleitorado e um total de 8,6
milhões de votos.
Os outros candidatos, Henri Falcón, que obteve 21% dos votos, e Javier
Bertucci, com 11%, denunciaram irregularidades, disseram que não
reconheciam o resultado e pediram novas eleições.
O Grupo de Lima é formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá,
Paraguai, Peru e Santa Lúcia.
"[Os países] não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral que teve lugar na República Bolivariana da Venezuela, concluído em 20 de maio passado, por não estar em conformidade com os padrões internacionais de um processo democrático, livre, justo e transparente", diz a nota.
O comunicado do grupo informa ainda que os países reiteram sua
preocupação com a situação na Venezuela e vão submeter uma resolução
sobre isso à assembleia da à Organização dos Estados Americanos (OEA) .
"Reiteram sua preocupação com o aprofundamento da crise política,
econômica, social e humanitária que deteriorou a vida na Venezuela, o
que se reflete na migração em massa de venezuelanos que chegam a nossos
países em condições difíceis, na perda de instituições democráticas, do
estado de direito e na falta de garantias e liberdades políticas dos
cidadãos", afirma também.
A nota ainda diz que o Grupo irá discutir apoio e cooperação para
questões de imigração e saúde. Uma reunião sobre imigração e refúgio de
venezuelanos deve ser realizada no Peru em julho.
Veja a seguir outras reações de países que condenam a reeleição de Maduro:
Brasil
O Ministério das Relações Exteriores afirmou por meio de nota oficial
que a eleição presidencial na Venezuela não teve "legitimidade" nem
"credibilidade". Na nota, o Itamaraty disse que o governo venezuelano
não atendeu as reivindicações internacionais para uma eleição "livre e
justa".
"Nas condições em que ocorreu - com numerosos presos políticos,
partidos e lideranças políticas inabilitados, sem observação
internacional independente e em contexto de absoluta falta de separação
entre os poderes - o pleito do dia 20 de maio careceu de legitimidade e
credibilidade", afirmou o Itamaraty.
Chile
Pouco antes do anúncio da vitória de Maduro, o presidente chileno
Sebastián Piñera tuitou: "As eleições na Venezuela não cumprem com os
padrões mínimos de uma verdadeira democracia. Não são eleições limpas e
legítimas e não representam a vontade livre e soberana do povo
venezuelano. O Chile, como a maioria dos países democráticos, não
reconhece estas eleições".
Panamá
"O governo da República do Panamá não reconhece os resultados das
eleições celebradas neste domingo, 20 de maio, na República Bolivariana
da Venezuela, por não considerar o processo como democrático nem
participativo", diz o post do governo no Twitter.
Espanha
"No processo eleitoral da Venezuela não foram respeitados os mínimos
padrões democráticos. A Espanha estudará, junto com seus sócios
europeus, as medidas oportunas e seguirá trabalhando para diminuir o
sofrimento dos venezuelanos", disse o chefe do governo espanhol, Mariano
Rajoy, pelo Twitter.
Veja a seguir reações de países que reconhecem a reeleição de Maduro:
Rússia
Um responsável da chancelaria russa acusou os EUA e outros países
ocidentais intervieram nas eleições na Venezuela, segundo a agência
"Interfax".
"Infelizmente temos que constatar que nestas eleições, além dos dois
participantes tradicionais, isto é, o povo venezuelano, os eleitores,
por um lado, e por outro os candidatos que apresentaram seus
programas... houve um terceiro participante, os governos que chamaram
abertamente a boicotar as votações", afirmou Alexander Schetinin,
diretor do Departamento da América Latina do Ministério de Relações
Exteriores.
"É ainda pior quando uma série de governos, incluído o que o senhor
está nomeando (os Estados Unidos), a priori declararam que não iriam
reconhecer os resultados", afirmou a um grupo de jornalistas. "As
eleições foram realizadas. Os seus resultados já têm um caráter
irreversível: dois terços dos votos foram para o atual presidente do
país, Nicolás Maduro", acrescentou.
Bolívia
"O povo venezuelano soberano, triunfou novamente ante o golpismo e
intervencionismo do império norte-americano. Os povos livres jamais se
submeterão. Parabéns ao irmão Nicolás Maduro e ao bravo povo da
Venezuela", tuitou o presidente boliviano Evo Morales.
Nenhum comentário:
Postar um comentário