ÊTA GENTE HIPÓCRITA E EGOÍSTA!
Jeremias Macário
Depois de ver
comportamentos hipócritas e egoístas de comerciantes e consumidores com relação
à greve dos caminhoneiros, mais uma vez tenho motivos e sinto-me incrédulo
quanto à viabilidade de mudanças políticas, econômicas e
sociais para o meu país.
Nas entrevistas em geral, as pessoas almejam
mudanças diante das crises de ordem moral e ética, mas sem fazer sacrifícios,
como se isso fosse possível, isto porque continuam presas ao seu individualismo
de só agir em proveito próprio. Sem olhar o outro, nesta hora cada um só
procura defender o seu lado egoísta.
Esta recente greve está sendo um retrato fiel
da falta de consciência política da maioria do povo. Do lado dos comerciantes,
os oportunistas usurários e avarentos procuraram aproveitar a ocasião para
aumentar absurdamente os preços dos combustíveis e dos produtos de primeira
necessidade.
Muitos se posicionaram contra as manifestações,
exclusivamente porque estavam deixando de ganhar mais dinheiro e encher os
bolsos, sem ao mínimo ligar que todos podem ganhar lá na frente, pressionando o
governo a mudar esta voraz política de preços no caso dos combustíveis. Não têm
nenhuma moral de criticar os políticos. São espelhos deles.
Da
parte dos consumidores, as matérias jornalísticas mostraram também como as
pessoas em geral são hipócritas e egoísticas. É a mulher que corre ao
supermercado para encher o carro de mantimentos, materiais de limpeza e outros
produtos, para abastecer sua casa, e na fila fica sem graça ao responder ao
repórter que não pensou nos outros, mas em si mesma e da sua família.
É o fazendeiro que correu ao posto de
gasolina com seus empregados e abarrotou sua caminhonete de combustíveis,
dizendo que tinha que cuidar do seu negócio. Na certa, deve ter feito boa
oferta em dinheiro ao dono do estabelecimento. O personagem é mais uma figura
da ganância individualista, e que pouco importa pra mudança do Brasil.
Como o produtor rural,
milhares disputaram corridas aos postos e até brigaram para armazenar
combustíveis em vasilhames e transportá-los em seus veículos, cometendo
infrações contra a lei de trânsito. O crime compensa. As tristes cenas dão real
dimensão da ausência de solidariedade, na base do cada um que se vire como
puder.
Nas ruas, praças e
avenidas, a grande maioria criticou a greve, simplesmente porque estava
atrapalhando sua vida, como se fosse possível fazer uma omelete sem quebrar os
ovos. Teve uma senhora que disse concordar com mudanças para o país, mas sem
greves e paralisações que incomodam a população, especialmente no caso
particular dela. Durma com um barulho desse!
Para mim, esta greve, que provocou tanto
impacto no abastecimento e em vários setores da economia, serviu para mostrar o
quanto os brasileiros estão perdidos, alienados e tragados pelos seus egoísmos
doentios, quando deveriam se unir e juntar forças solidárias para alterar os
rumos dessa política de retrocesso.
Para quem quer refletir sobre os acontecimentos,
a greve demonstrou que ainda somos uma nação do vale tudo, da lei do mais forte,
onde os órgãos governamentais e instituições (Ministério Público, Defesa do
Consumidor, OAB e outras) se escondem em seus palacetes e togas para assistir comodamente
o circo do alto de suas mordomias.
Nem precisa aqui mencionar também o
despreparo absoluto da parte do governo federal, no sentido de apresentar, de
imediato, planos para controlar a situação de desabastecimento em atividades
vitais da sociedade e medidas para atender as justas reivindicações dos
caminhoneiros que, aliás, não são só deles, mas de todo o povo brasileiro.
Depois de uma semana de
bate cabeça e trapalhadas, tanto do legislativo como do executivo, só
apresentaram propostas temporárias e paliativas somente para o diesel. O povo
vai continuar pagando caro pela gasolina e o álcool. Nisso tudo, fica o recado
de que sem mudança de mentalidade do brasileiro, não são as eleições que vão
mudar o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário