sexta-feira, 25 de maio de 2018

JEREMIAS MACÁRIO - COLUNISTA VIP:



ÊTA GENTE HIPÓCRITA E EGOÍSTA!
Jeremias Macário
Depois de ver comportamentos hipócritas e egoístas de comerciantes e consumidores com relação à greve dos caminhoneiros, mais uma vez tenho motivos e sinto-me incrédulo quanto à viabilidade de mudanças políticas, econômicas e sociais para o meu país.
  Nas entrevistas em geral, as pessoas almejam mudanças diante das crises de ordem moral e ética, mas sem fazer sacrifícios, como se isso fosse possível, isto porque continuam presas ao seu individualismo de só agir em proveito próprio. Sem olhar o outro, nesta hora cada um só procura defender o seu lado egoísta.
  Esta recente greve está sendo um retrato fiel da falta de consciência política da maioria do povo. Do lado dos comerciantes, os oportunistas usurários e avarentos procuraram aproveitar a ocasião para aumentar absurdamente os preços dos combustíveis e dos produtos de primeira necessidade.
 Muitos se posicionaram contra as manifestações, exclusivamente porque estavam deixando de ganhar mais dinheiro e encher os bolsos, sem ao mínimo ligar que todos podem ganhar lá na frente, pressionando o governo a mudar esta voraz política de preços no caso dos combustíveis. Não têm nenhuma moral de criticar os políticos. São espelhos deles.
   Da parte dos consumidores, as matérias jornalísticas mostraram também como as pessoas em geral são hipócritas e egoísticas. É a mulher que corre ao supermercado para encher o carro de mantimentos, materiais de limpeza e outros produtos, para abastecer sua casa, e na fila fica sem graça ao responder ao repórter que não pensou nos outros, mas em si mesma e da sua família.
  É o fazendeiro que correu ao posto de gasolina com seus empregados e abarrotou sua caminhonete de combustíveis, dizendo que tinha que cuidar do seu negócio. Na certa, deve ter feito boa oferta em dinheiro ao dono do estabelecimento. O personagem é mais uma figura da ganância individualista, e que pouco importa pra mudança do Brasil.
Como o produtor rural, milhares disputaram corridas aos postos e até brigaram para armazenar combustíveis em vasilhames e transportá-los em seus veículos, cometendo infrações contra a lei de trânsito. O crime compensa. As tristes cenas dão real dimensão da ausência de solidariedade, na base do cada um que se vire como puder.
Nas ruas, praças e avenidas, a grande maioria criticou a greve, simplesmente porque estava atrapalhando sua vida, como se fosse possível fazer uma omelete sem quebrar os ovos. Teve uma senhora que disse concordar com mudanças para o país, mas sem greves e paralisações que incomodam a população, especialmente no caso particular dela. Durma com um barulho desse!
  Para mim, esta greve, que provocou tanto impacto no abastecimento e em vários setores da economia, serviu para mostrar o quanto os brasileiros estão perdidos, alienados e tragados pelos seus egoísmos doentios, quando deveriam se unir e juntar forças solidárias para alterar os rumos dessa política de retrocesso.
  Para quem quer refletir sobre os acontecimentos, a greve demonstrou que ainda somos uma nação do vale tudo, da lei do mais forte, onde os órgãos governamentais e instituições (Ministério Público, Defesa do Consumidor, OAB e outras) se escondem em seus palacetes e togas para assistir comodamente o circo do alto de suas mordomias.
  Nem precisa aqui mencionar também o despreparo absoluto da parte do governo federal, no sentido de apresentar, de imediato, planos para controlar a situação de desabastecimento em atividades vitais da sociedade e medidas para atender as justas reivindicações dos caminhoneiros que, aliás, não são só deles, mas de todo o povo brasileiro.
Depois de uma semana de bate cabeça e trapalhadas, tanto do legislativo como do executivo, só apresentaram propostas temporárias e paliativas somente para o diesel. O povo vai continuar pagando caro pela gasolina e o álcool. Nisso tudo, fica o recado de que sem mudança de mentalidade do brasileiro, não são as eleições que vão mudar o Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário