quarta-feira, 29 de abril de 2020

ITÁLIA X FASCISMO!

‘Bella Ciao’, a história por trás do hino da liberdade e da resistência

A Itália comemora o 75º aniversário da libertação do fascismo. A canção se transformou num símbolo, cujo verdadeiro significado é muitas vezes desconhecido

Partisans em Milão depois da libertação do fascismo.Partisans em Milão depois da libertação do fascismo.
Bruno Neri, terceiro da esquerda para a direita, na inauguração do estádio da Fiorentina.
Bella Ciao (traduzida popularmente em português como Querida, Adeus) é uma canção anônima, e não existe nenhum dado que esclareça definitivamente sua procedência. Há apenas semelhanças textuais e musicais com antigas composições. Ela é o resultado de uma longa jornada, que foi definindo este hino à liberdade até a versão conhecida por todos e entoada em cerca de 40 idiomas. Na Itália, seus acordes não ecoam apenas nas manifestações das “sardinhas”, o grupo heterogêneo que até há poucos meses protestava nas praças do país inteiro sobretudo contra a retórica de Matteo Salvini; também marcam presença cada 25 de abril, o dia em que se comemora a libertação do fascismo em 1945.
GRAF3353. ROMA, 20/04/2020.- Detrás de una mesa en la iglesia de San Giuseppe a Trionfale, en Roma, un grupo de voluntarios reparten bolsas con comida, mientras que al otro lado una cola de decenas de personas espera su turno, bajo la lluvia, para recibir la "compra solidaria" del rebautizado como San Giuseppe Market. EFE/Álvaro Caballero “É um hino dos Partisans [membros da resistência]”, afirma com segurança Carlo Ghezzi, da Associação Nacional dos Partisans da Itália (ANPI). A resistência era formada pelas diversas correntes do antifascismo: havia democratas-cristãos, comunistas, socialistas, monarquistas e republicanos, entre outros. Um conglomerado de ideias diferentes que superaram suas discrepâncias ante a necessidade de combater “o invasor”. “O comandante da resistência era Raffaele Cadorna, um monarquista, e seu vice-comandante Luigi Longo, comunista. O antifascismo representou a página mais importante deste país, e Bella Ciao dá voz a tudo isso”, diz Ghezzi.
Por esse motivo, Bella Ciao acabou se tornando a música da resistência, a canção que celebra a heterogeneidade reunida que levou a Itália à libertação. De fato, em sua letra não há nenhuma referência ideológica, ao contrário de Fischia Il Vento (Sopra o vento), cantada sobretudo por partisans garibaldinos e comunistas. A melodia, que hoje é muitas vezes considerada uma canção de esquerda no país, foi entoada em diversas ocasiões públicas por políticos da Democracia Cristã (DC), como Benigno Zaccagnini e Franco Marini. Além disso, durante os protestos de 1968 os manifestantes não a cantavam, como explica Carlo Pestelli, autor do livro Bella Ciao: La canzone Della Libertà (Bella Ciao: a canção da liberdade): “Eles consideravam que era uma canção para os que não queriam manchar as mãos.” Em seu lugar, preferiam outros hinos reivindicatórios como Per i morti di Reggio Emilia (Para os mortos de Reggio Emilia), de Fausto Amodei, nascido durante os protestos contra o Governo formado pela DC em 1960 com os votos da extrema-direita, ou Contessa (Condessa), de Paolo Pietrangeli, dedicada a Paolo Rossi, estudante assassinado em 1966 após um confronto com um grupo de jovens extremistas.
Pestelli acredita que existiu um módulo musical sobre o qual elaborou-se o texto de Bella Ciao. Os ancestrais mais reconhecíveis são duas canções populares do norte da Itália do século XIX: Fior di tomba (Flor de tumba) e La bevanda sonnifera (A bebida sonífera). Da segunda, entre outros aspectos, procede a reiteração do “ciao”; mas a primeira, herdeira de
Complainte de la Dame a la Tour et du Prisonnier, uma canção francesa de 1536, nas versões de Novara (Piamonte) e Venecia (Vêneto), começa e termina exatamente como Bella Ciao. Em ambas as composições, o tema central é o amor.
Segundo alguns relatos reunidos por Cesare Bermani, especialista em música popular italiana, uma das primeiras versões reivindicatórias de Bella Ciao remonta à Primeira Guerra Mundial. Era uma espécie de protesto contra o sistema militar após o fracasso da batalha de Caporetto, concluída com uma vitória dos exércitos austro-húngaro e alemão em 1917. De fato, a palavra “invasor” é substituída por “desertor”.
Mas as duas variantes mais importantes se difundiram no período do segundo conflito mundial. Uma delas, embora a letra tenha aparecido apenas em 1951, é narrada pela voz das mondine (arrozeiras), as mulheres que trabalhavam de forma temporária nas colheitas de arroz. É provável que a outra, ou seja, a partisan, fosse curiosamente entoada em três regiões italianas distantes entre si: Montefiorino (Emilia-Romanha), onde um médico conhecido como Fiore poderia ter escrito a letra original; Abruzos, onde a Brigada Maiella poderia ter entoado também a versão mondina graças à volta das mulheres locais que haviam colhido arroz no norte; e Alba (Piemonte), segundo uma pessoa que disse a Pestelli que a cantou em 1944, quando tinha 11 anos. As três localidades viveram uma situação de estancamento e isolamento do combate. Isso explicaria, segundo a teoria de Pestelli, o fato de que fosse interpretada uma canção que transmitia alegria —e que para as crianças de Alba servia como contraposição ao mundo adulto.
Essas duas almas se encontraram finalmente no Festival dei Due Mondi (Festival dos Dois Mundos), de Espoleto (Úmbria) em 1964, onde a ex-arrozeira Giovanna Daffini apresentou a letra feminina (“Esta manhã, eu acordei/Ao arrozal devo ir [...] E entre os insetos e os mosquitos um trabalho duro devemos fazer”), seguida pelo partisan. O espetáculo, que levava o nome de Bela Ciao, foi repetido 10 vezes entre 21 e 29 de junho e marcou o ponto de partida para o renascimento da canção popular. O sucesso foi tão grande que também houve tentativas de se apropriar da sua autoria, como no caso de um militar, Rinaldo Salvatori, que dizia ter escrito Bella Ciao inspirado em outra composição, que dedicou a uma cantora francesa da qual se apaixonara.
Mas ninguém pôde resolver o mistério que envolve este hino tão famoso. “Bella Ciao tem sido utilizada de diferentes formas porque é uma canção popular. É contra um invasor e a favor de algo que todos gostam, a liberdade”, afirma Pestelli. Todo ano é ouvida num contexto diferente, como nas manifestações após o atentado do Charlie Hebdo, em 2015, nos estádios sob a forma de cântico e em séries como La Casa de Papel. Além disso, vários artistas a interpretaram, como Manu Chao, Woody Allen e Tom Waits.
É a consequência de um sucesso internacional que nunca terminou. E que provavelmente começou quando um grupo de jovens da região da Emilia-Romanha apresentou a canção no Festival da Juventude de 1947 em Praga, coroado depois com o disco de Yves Montand (pseudônimo de Ivo Livi) de 1963, um italiano de espírito francês que cantava Bella Ciao com o título de Chant des Partisans mudando a pronúncia original.
Nas últimas duas décadas, Bella Ciao se tornou símbolo da esquerda comunista, sobretudo do ponto de vista da direita. Matteo Salvini, líder da Liga, e sua companheira de coalizão, Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, criticam com frequência sua representação. Por exemplo, quando alguns socialistas a entoaram no Parlamento da União Europeia. Meloni escreveu no Twitter que aquilo era “escandaloso” e “ridículo”, e falou de “União Soviética Europeia”. Sobre essa questão, para Ghezzi não há dúvida. “Está claro que a direita não gosta em absoluto dos valores do antifascismo, mas essas polêmicas começaram no dia seguinte à libertação. Nós não discutimos sobre isso desde 25 de abril de 1945”.

L’estaca

Pestelli encontra muitas semelhanças entre Bella Ciao e L’estaca, o canto catalão antifranquista de Lluís Llach, composto em 1968. Foi utilizado pelo sindicato Solidariedade na Polônia e traduzido também ao occitano (língua falada no sul da França) pelo grupo musical Lou Dalfin, entre outros. “Bella Ciao e L’estaca compartilham uma certa alegria melódica e são canções populares. Além disso, ambas têm a ver com um elemento da natureza: por um lado, a flor; por outro, uma árvore. São símbolos de uma nova vida através da lembrança”, explica.
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terça-feira, 28 de abril de 2020

EM CONQUISTA, TRÊS PESSOAS MORREM PELO COVID19:

Sobe para três o número de mortos por coronavírus em Vitória da Conquista

A Secretaria Municipal de Saúde informou na manhã de hoje (28), por meio do Boletim epidemiológico, que os resultados das duas pessoas que faleceram nos últimos dias com suspeita de Coronavírus deram positivo. Assim, Vitória da Conquista passa a registrar três óbitos causados pela doença.
A primeira vítima fatal do município faleceu no dia 13 de abril. Trata-se de um homem de 69 anos. Já a segunda morte foi de um senhor de 76 anos ocorrida na última quinta-feira, 23 de abril. No último domingo, 26 de abril, a terceira paciente veio à óbito: uma mulher de 62 anos. As três pessoas possuíam comorbidades (quando duas ou mais doenças estão relacionadas).
Com esses resultados, o município passa a ter 30 casos confirmados de Covid-19.
A Prefeitura de Vitória da Conquista e o prefeito Herzem Gusmão lamentam pelos falecimentos e se solidarizam com as famílias neste momento de dor.
É importante reforçar que a Covid-19 é uma doença grave e o compromisso de todos na prevenção é essencial: lavar sempre as mãos, fazer o uso do álcool em gel, ficar em casa, evitar aglomerações e, caso seja extremamente necessário ir à rua, usar máscara.

CARLOS GONZÁLEZ - COLUNISTA:

Fome – a maior das pandemias
Carlos González - jornalista
O mundo está mobilizado neste instante numa guerra contra um inimigo invisível a olho nu. As grandes nações têm se mostrado impotentes para contê-lo. O Covid-19, no seu avanço destruidor, já contaminou quase 3 milhões de pessoas e tirou a vida de 180 mil, não respeitando a situação econômica de suas vítimas.
Se hoje os Estados Unidos lideram as estatísticas, as autoridades sanitárias prevêem que, no futuro, se medidas não forem tomadas, o vírus irá dizimar as populações mais pobres, aquelas que, há séculos, convivem com um inimigo muito mais perigoso: a fome.
Conhecida mundialmente como “o maior flagelo da humanidade”, a fome, curiosamente, deixa de ser relacionada por pesquisadores e historiadores entre as maiores pandemias que levaram a desolação ao planeta, a partir do momento em que o homem passou a comercializar o alimento. Essa praga, que “contamina” aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza, não necessita de pesquisas e testes em laboratórios para ser eliminada. Já existe uma “vacina”: comida.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 8.500 crianças morrem diariamente por desnutrição no planeta. Os números são imprecisos, mas, de acordo com o último relatório divulgado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU), 820 milhões de pessoas no mundo passam fome, responsável pela morte de quatro pessoas por segundo.
Os países do sul da Ásia e da África Oriental são os mais vulneráveis, mas os especialistas projetam um cenário preocupante para a América Latina e Caribe, onde a crise de alimentos afeta 42,5 milhões de pessoas (6,5% da população). O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas prevê que  mais 130 milhões de pessoas passarão este ano a fazer parte desse grupo, devido às conseqüências econômicas causadas pelo novo coronavírus. Ao contrário do que se imagina, a fome não é causada pela falta de alimentos, cuja produção é suficiente para nutrir toda a população do planeta.
 
No Brasil, somada ao enorme desperdício de alimentos, está a concentração de renda (10% dos mais ricos detêm quase toda a renda nacional), de produção (as terras estão nas mãos de poucos) e de informação. O Brasil que come não enxerga o Brasil que tem fome. Essa tragédia silenciosa está escondida nos rincões do país e nas periferias das cidades.
 
A insegurança alimentar aguda no Brasil afeta 7,2 milhões de pessoas e 32 milhões de subnutridos. Há outros fatores que colocam o país no mapa da fome: a dificuldade de acesso aos alimentos e a exportação da maior parte do que o agronegócio produz. O que causa revolta é saber que a soja e o milho servem como comida dos animais no exterior. O volume das nossas vendas de alimentos – o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo, auferindo anualmente79 bilhões de dólares – daria para nutrir o dobro da nossa população.
Presidente e poeta, vítimas
 O mundo tem testemunhado, ao longo dos séculos, o surgimento de micro-organismos (bactérias e vírus) muito mais letais do que o novo coronavírus, embora não possamos fazer uma avaliação do que nos prepara o futuro. Especialistas têm feito previsões alarmantes, que nos transportam, aqui no Brasil, para a maioria dos 5.570 municípios brasileiros, onde a assistência médico-hospitalar se assemelha com as de 1918 e anos subsequentes, quando a gripe espanhola matou 35 mil pessoas. Vale destacar a cidade de Santo Antônio de Jesus, uma das 20 mais populosas da Bahia, que até o momento não registrou nem um infectado pelo covid-19, devido às medidas, algumas de caráter preventivo, adotadas pelo governo municipal.
Há um século o Brasil lutava contra o vírus H1N1, nosso velho conhecido, o agente da gripe espanhola (o nome não condiz com sua origem, que se deu numa base militar dos Estados Unidos, sendo levado para a Europa pelas tropas norte-americanas na Primeira Guerra Mundial), que causou mais de 50 milhões de vítimas, entre janeiro de 1918 e dezembro de 1920. Pelos dados oficiais, 35 mil pessoas morreram no Brasil; 386 em Salvador.
Sem medicamentos ou vacinas para sanar o mal, a população se valeu de várias fórmulas – uma delas, uma mistura de cachaça, mel e limão, que mais tarde se tornou uma bebida nacional, a caipirinha. As recomendações das autoridades sanitárias, curiosamente, eram as mesmas que hoje são indicadas pela OMS, ministério e secretarias de Saúde.
“Desembarcando” em setembro de 1918 no Rio de Janeiro, vinda de um navio procedente da Europa, o H1N1 encontrou um campo fértil na antiga capital federal, em São Paulo e Salvador. Uma das suas vítimas foi o presidente Rodrigues Alves, falecido em 16 de janeiro de 2019, aos 70 anos, antes de tomar posse para um segundo mandato. No seu primeiro período no cargo – 1902 a 1906 – o quinto presidente da República e seu ministro da Saúde, sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), sufocaram uma rebelião popular contra a lei que obrigava a vacinação contra a varíola. A revolta, que se seguiu a uma tentativa de golpe, durou uma semana, deixando um saldo de 30 mortos, 110 feridos, 945 presos na Ilha das Cobras e 461 deportados para o Acre.
A peste negra ou peste bubônica, ocorrida na antiga Eurásia, entre os anos de 1335 e 1351, é considerada como uma das maiores epidemias registradas pela História. Transmitida pela pulga de roedores, a doença matou mais de 100 milhões de pessoas, reduzindo, consideravelmente, a população mundial.   Passou a ser controlada com medidas de higiene e saneamento adotadas pelas cidades.
Três mil anos foi o tempo estimado de permanência do vírus da varíola no planeta. Na Antiguidade, contaminou o faraó Ramsés II, a rainha Maria II, da Inglaterra, e o rei Luiz XV, da França. No período dos descobrimentos chegou às Américas dizimando populações indígenas. Sua fase mais letal se deu entre 1896 e 1980. Foi erradicada após uma campanha de vacinação em massa.
O bacilo de Koch, causador da tuberculose, não foi completamente eliminado, haja vista que continua colocando em risco de vida os habitantes das regiões mais pobres do mundo. Recentemente, contaminou os portadores do vírus da Aids. A tuberculose privou muito cedo a cultura do nosso maior poeta, Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871). Um tiro acidental no pé, seguido de amputação, agravou o sofrimento do autor de “Navio Negreiro”.  
A gripe suína (H1N1) foi a primeira pandemia deste século. Surgiu em 2009, no México, transmitida por porcos, espalhando-se rapidamente pelo mundo e causando a morte de 18 mil infectados. Em agosto de 2010 a OMS declarou o fim da doença. Além de se manifestar nos pacientes das gripes espanhola de suína, o vírus influenza, que ainda não foi totalmente erradicado, se manifestou nas gripes russa (1889-1890), asiática (1957-1958), de Hong-Kong (1968-1969) e aviária (1997 e 2004).
O mundo ainda não se viu livre da sua última tragédia viral. A Aids, causada pelo HIV, continua a fazer vítimas, em menores proporções, em virtude do tratamento com medicamentos – o primeiro deles foi descoberto em 1986 – antirretrovitais, que evitam o enfraquecimento do sistema imunológico. O vírus foi localizado nos Estados Unidos, em junho de 1981. Os infestados somam 76 milhões, com 36,7 milhões de mortos. O compositor e cantor Cazuza (1958-1990) foi um dos brasileiros sacrificados. 

JUSTIÇA E POLÍCIA FEDERAL COM NOVO COMANDO:

Governo confirma André Mendonça no Ministério da Justiça e Alexandre Ramagem no comando da PF

O Globo
 
Mendonça e Ramagem (Divulgação)
O governo federal anunciou na madrugada desta terça-feira o advogado André Mendonça como novo ministro da Justiça. Também foi confirmado que Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para ser o diretor-geral da Polícia Federal (PF). Ambos são amigos próximos da família Bolsonaro. As informações são do portal de notícias "G1".
As vagas no Ministério da Justiça e no comando da PF ficaram abertas após a saída do ex-ministro Sergio Moro e do ex-diretor-geral Maurício Valeixo. Moro decidiu deixar o governo depois de Jair Bolsonaro exonerar Valeixo. O ex-ministro alegou que o presidente tenta interferir politicamente na PF – o que Bolsonaro nega.
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Mendonça conheceu Bolsonaro em 21 de novembro de 2018, no mesmo dia em que foi escolhido para comandar a Advocacia-Geral da União. O agora AGU chegou ao gabinete do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília pelas mãos de Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência).

De acordo com aliados de Bolsonaro, a escolha de Mendonça pouparia o presidente de críticas sobre suposta tentativa de tutela do Palácio do Planalto sobre a Justiça.
Desde que o ministro da Secretaria-Geral passou a ser apontado como provável substituto de Moro, Bolsonaro tem sido questionado por escolher um amigo da família para o posto. A avaliação de aliados do presidente é a de que o movimento daria força à tese de que o Planalto estaria atuando para ter controle sobre a Polícia Federal e, assim, ter acesso a relatórios de investigações.
Já Alexandre Ramagem Rodrigues atuou na Lava-Jato do Rio de Janeiro, tem experiência em investigações contra o tráfico de drogas e coordenou a segurança de grandes eventos internacionais. Mas foi por ter coordenado a segurança da campanha eleitoral do então candidato Bolsonaro à Presidência, em 2018, que Ramagem acabou desenvolvendo uma relação de confiança com o presidente e também com seus filhos.

sábado, 25 de abril de 2020

MORO PEDE DEMISSÃO E ESTABELECE NOVA CRISE NO GOVERNO:

Bolsonaro: Moro só pensa em ego. E nega interferência na PF

Fala do presidente Bolsonaro acontece após graves acusações contra ele, feitas por Moro em sua saída do ministério da Justiça. (Foto: Evaristo Sá / AFP via Getty Images)                                                         Fala do presidente Bolsonaro acontece após graves acusações contra ele, feitas por Moro em sua saída do ministério da Justiça. (Foto: Evaristo Sá / AFP via Getty Images).                                                                                                                        O presidente Jair Bolsonaro acusou o ex-ministro Sergio Moro de “só ter compromsso com o próprio ego” e negou qualquer tentativa de interferência na Polícia Federal, classificando como infundadas as denúncias de Moro. O agora ex-ministro da Justiça anunciou sua saída do governo nesta manhã fazendo graves acusações contra Bolsonaro, entre elas a de querer interferir politicamente na Polícia Federal.

“Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, disse a alguns parlamentares ‘vocês conhecerão a pessoa que tem compromisso com sigo próprio e com seu ego, e não com o Brasil”, disse Bolsonaro, referindo-se a Moro.

Bolsonaro também negou que pediu à PF para que ele e sua família fossem “blindados” e que o pronunciamento do ex-juiz federal teve intenção de separar Bolsonaro do povo brasileiro. “Sempre tive ao meu lado o povo. Essa pessoa vai buscar colocar uma cunha entre eu e povo brasileiro”, completou o presidente.
Apesar de negar interferência, Bolsonaro disse que já reclamou ao ex-ministro que não tinha conhecimento sobre “informações ou relatórios” da PF e que sempre cobrou essa postura de outros órgãos de inteligência governamental, como a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
“Sempre falei para ele: ‘Moro, eu não tenho informações da PF’. Eu tenho que ter um relatório, em especial das últimas 24h, para bem decidir o bom andamento dessa nação. Quase que implorando informações. Sempre cobrei informações dos demais órgãos de inteligência oficiais do governo, como a Abin”.
Ele lamentou dizendo que a “PF de Moro” preferia investigar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) ao invés de investigar o atentado no qual recebeu uma facada desferida por Adélio Bispo, em Juiz de Fora (MG), durante a campana eleitoral de 2018.
“A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo”, afirmou ele, em pronunciamento feito no fim da tarde desta sexta-feira (24), no Palácio do Planalto. “Acredito que a vida do presidente da república tem um significado, afinal de contas é um chefe de estado. Isso é interferir na polícia federal?”, completou.

CONHECIMENTO DE INVESTIGAÇÕES

Bolsonaro negou que tenha interesse de uma forma geral nas investigações a cargo da PF, mas ressaltou que buscou sim saber de casos próximos a ele e seus familiares.
“Não são verdadeiras as acusações que eu desejaria saber sobre investigações em andamento. Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas, a não serem aquelas, e aí não via interferência e sim mais como uma súplica, como as do a Adélio, a do porteiro e do meu filho 04”.
O caso do porteiro envolve o depoimento que um funcionário de seu condomínio Vivendas da Barra deu à Polícia Civil do Rio de Janeiro dizendo que o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de ser autor da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes, teria interfonado para a casa 58 - onde mora Bolsonaro - e que uma voz semelhante à do presidente teria autorizado a entrada.
“É interferir na PF exigir investigação contra esse porteiro? Ele foi ameaçado? Ele foi subornado? Será que ele sofre das faculdades mentais?”, argumentou o presidente.
Já o caso em que ele cita seu “filho 04”, Renan Bolsonaro, também diz respeito a Ronnie Lessa. Durante as investigações da morte de Marielle, surgiram denúncias dizendo que o filho do presidente teria “namorado” a filha do ex-PM, uma vez que ambos moram no mesmo condomínio.
“Pedi à PF, quase como um ‘por favor’ para que interrogasse o ex-sargento (Ronnie Lessa) A PF fez o seu trabalho, interrogou e está comigo a copia do interrogatório. Ele disse que sua filha mora nos Estados Unidos. Mas eu é que tenho que correr atrás disso, ou é a PF que tem que se interessar? Não é pra me blindar porque não estou em curso em nenhum crime”.

A RESPOSTA DE BOLSONARO

Bolsonaro postou nas redes sociais que faria seu pronunciamento logo após Moro anunciar sua demissão da pasta da Justiça e Segurança Pública. “Hoje às 17h, em coletiva, restabelecerei a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro”, afirmou o presidente em sua conta oficial no Twitter.
Maurício Valeixo, agora ex-comandante da Polícia Federal foi exonerado nas primeiras horas do dia, fato que levou Moro à decisão de deixar o governo, mesmo sendo um dos nomes com mais aprovação entre os apoiadores de Bolsonaro.
O ex-ministro alertou a Bolsonaro de que a troca seria uma interferência política na PF e que o presidente concordou que seria mesmo. “Essa interferência pode levar a relações impróprias entre diretor e superintendentes com o presidente e isso eu não posso concordar”, destacou. A troca de Valeixo seria, para Moro, uma violação da “carta branca” que ele teria recebido de Bolsonaro para que pudesse realizar nomeações nos escalões do Ministério da Justiça.
Moro classificou como “ofensiva” a publicação no Diário Oficial da União da exoneração “a pedido” de Valeixo. Segundo o agora ex-ministro, Valeixo nunca haveria pedido a demissão. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Bolsonaro, insistiu que Valeixo pediu demissão e foi exonerado porque queria.
No fim da manhã, Moro também disse que Bolsonaro sinalizou que gostaria de nomear um diretor da PF em que pudesse “ligar, pudesse colher informações e colher relatórios de inteligência”.
“Não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informações, as investigações têm que ser preservadas. Imagine se durante a Lava Jato, os ministros, a ex-presidente Dilma, o ex-presidente Luiz (Inácio Lula da Silva) ficassem ligando para diretores, superintendentes em Curitiba e pedindo informações”.
O ex-juiz fez questão de destacar que nem durante os governos petistas a autonomia da Polícia Federal diante aos outros poderes foi desrespeitada.

PREOCUPAÇÕES COM INQUÉRITOS NO STF

Moro relatou que Bolsonaro disse a ele que teria preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal, e esse seria um dos motivos para troca de Valeixo do comando da PF. “O presidente informou que tinha preocupação em inquéritos em curso no STF e que a troca na PF seria oportuna por esses motivos. Isso gera grande preocupação”.
Nesta semana, o STF abriu uma investigação para apurar o financiamento de grupos que convocaram manifestações e pediram a volta do AI-5. Na mira desse inquérito, estão alguns deputados federais da base do governo Bolsonaro. O próprio presidente, no entanto, não está arrolado na investigação.

CORONA VIRUS EM CONQUISTA:

Sobe para 28 - casos de coronavírus na cidade

Sobe para 28 o número de casos confirmados da Covid-19 em Vitória da Conquista, com dois novos casos confirmados nesta sexta-feira (24) – de acordo com Boletim epidemiológico atualizado e divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde.
Dos 28 casos confirmados no município, 20 evoluíram para cura e 1 para óbito. Dos casos que ainda aguardam alta, 1 encontra-se internado e 6 em isolamento domiciliar.
Até às 17h de hoje (24), foram registrados 533 casos notificados com suspeita clínica e epidemiológica de infecção pelo novo coronavírus. Já foram descartados 433 casos e 62 estão em investigação: 37 aguardando resultado laboratorial e 25 aguardando coleta de amostra.
Dos casos que ainda estão em investigação, 59 estão em isolamento domiciliar, 2 encontram-se internados e 1 foi à óbito na última quinta-feira (23) e aguarda o resultado do exame que é realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública, em Salvador.

Os bairros Centro, Brasil, Recreio, Alto Maron, Urbis VI, Boa Vista, Candeias, Primavera e Lagoa das Flores, foram as localidades que registraram casos confirmados de pacientes com Covid-19.
Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde o dia 20 de março, a transmissão do novo coronavírus passou a ser considerada comunitária em todo o território nacional, e, por esse motivo, definições operacionais foram discutidas com o objetivo de orientar o serviço de Vigilância na identificação e notificação dos casos de Covid-19. Essas definições são orientadas por meio do Guia de Vigilância Epidemiológica Emergência de Saúde Pública de importância Nacional pela doença da Covid-19 e na Nota Técnica COE Saúde Nº 54 de 8 de abril de 2020, da Secretaria de Saúde do Estado.
A Secretaria Municipal de Saúde reforça a importância de que, neste momento, a população siga as orientações de distanciamento físico e isolamento social, mantendo os cuidados de higiene, evitando aglomerações e, caso apresente sintomas da doença, entre em contato imediatamente com uma Unidade de Saúde ou com o Call Center.
Call Center –A Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza um Call Center para tirar dúvidas da população sobre a Covid-19 e atender pessoas que apresentem febre de início súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta ou dificuldade respiratória, na ausência de outro diagnóstico específico. Além disso, crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se também como casos de Síndrome Gripal: febre de início súbito e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), caso também não tenha outro diagnóstico específico.

Contatos:

  • Telefones fixos: (77) 3429-7451/3429-7434/3429-7436
  • Celulares: (77) 98834-9988/98834-9900/98834-9977/98834-9911

NANDO DA COSTA LIMA - CORDEL

Fé (Cordel)

Nando da costa lima 
 
Pode ser Nossa Senhora
Ogum, Oxossi ou Xangô,
quando a fé é verdadeira
tanto faz, padre ou pastor

É tanta gente partindo
tanto choro, tanta dor
tanta cova enfileirada
esperando morador

Nessa hora tudo é válido
as orações nas igrejas
as promessas dos romeiros
benzedeira e rezador

Clame aos santos guerreiros
Ogum, Oxossi e Xangô
E preste mais atenção
na pregação do pastor

Cristo sempre está ao lado
dos que cultivam o amor
No rufar dos atabaques
ou nos cânticos de louvor

E a tal desigualdade reflete na humanidade
diferença até na morte
Nos mostrando que na vida
não existe azar nem sorte


Só a fé, doce amiga, pode curar a ferida
dos que choram as partidas
sem flores, sem despedidas
tentando engolir a dor

Depois do enterro, a fila
para conseguir comida
e poder sobreviver
nesse filme de terror

quinta-feira, 23 de abril de 2020

EM CONQUISTA O CORONA NÃO ASSUSTA, AINDA:

Está dando certo: com medidas eficazes de prevenção, Conquista tem um dos menores índices de infecção entre as maiores cidades da Bahia

Secom/PMVC (Conteúdo)
Vitória da Conquista esteve na vanguarda dos municípios baianos na adoção de medidas preventivas à pandemia do novo coronavírus. Não é à toa que, entre as maiores cidades do Estado, ela tem um dos menores números de casos confirmados da doença: até o momento, 26 pacientes testaram positivo para a Covid-19. Enquanto isso, cidades de menor porte têm registrado números maiores.

As ações de enfrentamento à infecção se intensificam a cada dia. Desde o dia 16 de março, quando foi publicado o primeiro Decreto Municipal que suspendeu as aulas da rede municipal e privada, diversas outras medidas foram adotadas de lá para cá com o objetivo de proteger a população de Conquista. Parte do comércio sem atendimento ao público, espaços que promovem aglomerações, fechados, obrigatoriedade do uso de máscaras, intensificação da limpeza de ruas, feiras, ônibus e outros espaços públicos, criação do Comitê de Gestão de Crise, criação do Centro Municipal de Atenção ao Coronavírus, que vai receber pacientes com suspeita da doença.
Com aprovação da Câmara de Vereadores e da Assembleia Legislativa da Bahia, o município também declarou estado de calamidade pública, para fins de prevenção e enfrentamento à Covid-19. De acordo com a Lei nº 2.392 e o Decreto 20.251, a Prefeitura está autorizada a abrir créditos suplementares e especiais, visando atender às necessidades no enfrentamento da pandemia.
A Administração Municipal decidiu também pela redução nas despesas de várias Secretarias, com o objetivo de destinar mais recursos à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e às ações de enfrentamento ao coronavírus. Entre as medidas de contenção, está a redução dos salários do prefeito, da vice-prefeita e dos secretários municipais, além da redução, em 20%, das gratificações sobre os salários dos cargos comissionados.
A Secretaria Municipal de Serviços Públicos, com o apoio da Polícia Militar, tem realizado rondas na cidade para fiscalizar o fechamento de bares e restaurantes. Além disso, chegou às ruas uma frota de 10 carros com plotagem especial, para supervisionar o cumprimento das medidas de segurança no município.
Na luta contra a proliferação do novo coronavírus, o Governo tem encontrado muitas mãos amigas.  Os empresários têm se engajado e trabalhado junto com a Prefeitura, mesmo antes dos primeiros casos serem confirmados no município. Muitas doações chegam para reforçar o investimento que a Prefeitura tem feito para as ações preventivas e de tratamento da doença.
O momento pede atenção total e cuidados redobrados. Por isso, a Prefeitura de Vitória da Conquista está monitorando a situação dia a dia, adotando todas as medidas necessárias com muita rapidez e responsabilidade. E está dando certo.
O compromisso agora, é de todos e, por isso, é sempre importante reforçar: Evite sair de casa, mas se precisar sair, use máscara!

MORRE O FOTÓGRAFO GAGUINHO:

Jornalismo baiano perde Paulo Roberto “Gaguinho” Costa

Carlos Albán González
Foi com tristeza e pesar que o jornalismo baiano recebeu neste domingo (08) a notícia do falecimento do fotógrafo Paulo Roberto Elói Costa, 78, conhecido por todos como Roberto Gaguinho. Com passagem pela TVE, Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e A TARDE, além de fundador e editor do Jornal da Ilha, atualmente estava aposentado.
Segundo informações dos amigos, em dezembro ele se submeteu a uma cirurgia cardíaca. Mas complicações na recuperação o levaram a precisar passar por uma nova intervenção cirúrgica, a qual não resistiu.
Bastante querido por todos por seu jeito afável, carinhoso e solidário, Gaguinho era um excelente documentarista. Dois trabalhos seus mereceram bastante destaque: os documentários sobre João Ubaldo Ribeiro e Cid Teixeira.
O Sinjorba manifesta seu pesar pela perda de nosso colega, unindo-se aos parentes e amigos neste momento de consternação e dor. O sepultamento do corpo de “Gaguinho” será às 15h desta segunda (09), no cemitério do Campo Santo, em Salvador.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

VALDIR BARBOSA - CRÔNICA

Cipreste. Para Ronaldo Pinto

Valdir Barbosa
Quando o filho de Seu Zoroastro descia, logo cedo, em rápidas passadas, a Rua Coronel Gugé, para abrir a loja herdada do pai e fundada há mais de oitenta anos, antes que acessasse o famoso Beco da Tesoura era possível ver bigode farto que escondia um sorriso enigmático, próprio dele mesmo. Em verdade, durante muito tempo, a Casa Cipreste foi local onde se comprava eletrodomésticos e realizava conserto de ferros elétricos, época na qual, não eram praticamente descartáveis tais utensílios.   
Sua rotina diária, de segunda a sexta e nos sábados, pela manhã, consistia na atenção aos clientes, muitos deles fidelíssimos, aos quais, durante décadas serviu com distinta educação, traço da sua polidez admirável. Às vezes, nos hiatos da atividade laboral era possível vê-lo sentado num banco, costumeiramente postado quase em frente ao seu estabelecimento, em longas conversas triviais, com velhos amigos frequentadores do lugar. 
Os assuntos, via de regra caminhavam na esteira das novidades do dia a dia interiorano, da política local, estadual e nacional, do esporte preferido pelos brasileiros, o futebol, não sendo exceção tal favoritismo nas plagas conquistenses, afora, em tempos das vitórias memoráveis dos irmãos Nogueira, Minotauro e Minotouro, ícones mundiais do MMA.   
Na época de Naldo e Piolho, dias em que o time da cidade brilhou nos gramados de toda Bahia, a euforia era contagiante na cidade serrana, portanto, a confraria do Beco da Tesoura também embarcava na energia do entusiasmo, frente as vitórias do Conquista, mas, se diga de passagem, nem mesmo no apogeu dos filhos de Ninha Brito, os gêmeos Zó e Kel, sobrinhos da figura de quem trato nestas saudosas linhas, futebolistas que brilharam nas canchas, dentro e fora do estado, as manifestações efusivas daquele homem extrapolaram limites.   
Sim, porque personalidade de educação esmerada, fino trato, voz firme, mas comedida, jamais, desde quando pude conhecê-lo, no crepúsculo dos anos setenta consegui testemunhar qualquer postura desregrada, atitude deselegante, desrespeitosa, agressiva, ou destemperada, por parte dele, mesmo nos momentos de lazer e festa, nas horas de folga, mormente, às memoráveis tardes de sábado, ou manhãs de domingo daqueles tempos idos.   
Arrisco dizer, desafiando a memória desse quase septuagenário, tê-lo conhecido através do menestrel Chico Viola, Iris Silveira, rei da voz das alterosas baianas. Posso também ter sido apresentado a ele por Chico Preto, Chico das Joias, personagem a quem vi muitas vezes, na casa Cipreste, numa daquelas vezes que passei por ali, ainda muito jovem.   
Tenha sido levado conhecê-lo diante de qualquer um dos dois “chicos”, ou outra qualquer pessoa a quem olvido, a lembrança destes citados, me remete a toda sensibilidade escondida naquela aparência circunspecta de Ronaldo Pinto, circunstancia emergindo nos acordes da gaita que trazia escondida, entre os bolsos das calças largas que costumeiramente vestia.
Naquele tempo, não mais que de repente, enquanto a voz esplendida de Chico Viola reverberava no espaço onde privilegiados se encontravam para ouvi-lo cantar, muitas vezes percebi, entre os presentes, Chico Preto aos prantos, na força da sublimação daqueles momentos, quando a ocasião ganhava contornos mágicos, pelos tons melódicos do instrumento pequenino, se agigantando nos sopros e inspirações – de ar e alma – brotados da gaita tocada por Ronaldo.   
Ontem, pelas redes sociais e notícias vindas através de amigos comuns soube da passagem deste ente fraternal. Viajei nas reminiscências, até o Beco da Tesoura, ao restaurante de Dalva, ao Casarão, de Jaime, ao antigo Pisa na Fulô, de Wilson – pai de Glauber, meu afilhado -, ao Taquara, à Pousada da Conquista, ao Varandá, ao velho Aerobar, cantos, onde os encantos de nosso convívio estão presentes até hoje no meu juízo, sem desprezo de outros tantos não ditos e fui dominado pela força avassaladora da saudade.    Preso em Salvador, não pude levá-lo a última morada, nestes tempos de exceção, por conta da pandemia creio imponderável fosse possível fazê-lo, mesmo aí estivesse, porém, nada me impediu e impedirá de continuar a vê-lo sorrindo de forma leve e breve. Consigo ouvir nitidamente os acordes do instrumento que tocava com doçura, na certeza de que aqueles “franciscos”, outras e outros que lhe amam e o precederam no além, estão pavimentando a estrada etérea que agora lhe serve de esteira.
Amigo. Cipreste, cujo significado pode remeter a luto, tristeza habita em nós, agora, na dor da ausência física, porém, confiando que a vida transcende, tenho por certo, aquelas árvores que margeiam caminhos iluminados, onde agora cuidas de andar estão viçosas e verdejantes lhe servindo de baliza e companhia. Cipreste sempre foi e será o seu destino.
Salvador, 18/19 de abril de 2020
valdir barbosa

sábado, 18 de abril de 2020

GRANDE PERDA PARA CONQUISTA!

Morre Ronaldo Pinto, aos 83 anos

 
Foto: BLOG DO ANDERSON
Personalidade querida que colaborou com o progresso de Vitória da Conquista, Ronaldo Guimarães da Silva Pinto faleceu nesta sexta-feira, aos 83 anos. Por muitas décadas ele tinha o seu ponto ali no Alameda Lima Guerra (Beco da Tesoura) onde manteve seu ponto comercial, além de ser ponto de encontro de amigos. Ainda em processo de recuperação de uma intervenção cirúrgica, Ronaldo estava internado no Hospital São Vicente de Paulo se recuperando de um infarto, mas não resistiu e veio a óbito às 18h55min desta sexta-feira (17).  Conhecedor da História Conquistense, Ronaldo Pinto tinha a alcunha de Bigode. Um homem servidor, afável e que servia aos amigos, sempre com aquele ar de alegria que lhe era peculiar. Vai deixar muitas saudades, caro amigo. O velório acontece no Salão Nobre da Pax Nacional [ao lado da Capelinha do São Vicente] a partir das 13 horas do sábado (18). O sepultamento será no Cemitério da Saudade às 16 horas. 
A família De Benedictis sente-se muito triste com o passamento deste grande amigo e estende seus votos de pesar aos seus familiares e amigos. Vá com Deus, caríssimo amigo Orlando Pinto!

sexta-feira, 17 de abril de 2020

BOLSONARO X RODRIGO MAIA!

Bolsonaro diz que Maia 'está conduzindo o Brasil para o caos'

Gustavo Maia
O Globo
Presidente Jair Bolsonaro
 
BRASÍLIA — Em uma série de críticas ao projeto de socorro aos estados e municípios, aprovado na segunda-feira pela Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro declarou na noite desta quinta-feira que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem uma atuação "péssima", está aprofundando a crise e "assumiu o papel do Executivo". Em entrevista à CNN, Bolsonaro disse ainda que Maia tem que respeitá-lo e quer atacar o governo enfiando a faca no governo no sentido figurativo.
O presidente afirmou ainda que se a matéria de socorro dos estados for aprovada pelo Senado como saiu da Câmara, vão "matar a galinha dos ovos de ouro", referência ao governo federal. E que parece que a intenção é lhe tirar da Presidência da República. Ele também classificou as medidas que estão sendo aprovadas "de forma açodada" como "escandalosas", e criticou a forma de votação, à distância, que segundo ele impede um debate melhor na Casa.

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO OU REALIDADE?

Bolsonaro alega existência de um plano de Maia, STF e Doria contra ele, diz jornal

Foto: SERGIO LIMA/AFP via Getty Images
Pressionado pela crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, Jair Bolsonaro (sem partido) tem confidenciado a parlamentares que possui um dossiê cm informações de inteligência de que Rodrigo Maia (DEM-RJ), João Doria (PSDB-SP) e um setor do STF estão tramando para derrubar seu governo. As informações são da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
De acordo com o veículo, Bolsonaro não apresentou qualquer prova do suposto plano a nenhum deputado ou senador. Fato é que, na noite desta quinta-feira (16), após demitir Luiz Henrique Mandetta e anunciar Nelson Teich como novo Ministro da Saúde, o presidente não poupou críticas a Maia.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

GRANDE PERDA NA MÚSICA:

MORRE NO RIO DE JANEIRO O CANTOR MORAIS MOREIRA, UM DOS FUNDADORES DO GRUPO NOVOS BAIANOS, MORRE NO RIO AOS 72 ANOS


domingo, 12 de abril de 2020

CIDADE DE DÁRIO MEIRA EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA:

CIDADE DE DÁRIO MEIRA PEDE SOCORRO

Matéria completa:  https://fiscalizando-dariomeira.blogspot.com/2020/04
Recebemos um SOS do amigo Poeta Jerbialdo Campos que relata uma tromba d’água que caiu na cidade de Dário Meira, localizada na região sul/sudoeste da Bahia, entre Boa Nova e Itagibá.

Segundo tais informações, a prefeitura vem dando apoio a centenas de desabrigados que encontram-se abrigados em escolas, recebendo alimentação, uma vez que houve rompimento de barragem e a situação da cidade é calamitosa.

A população chama a atenção das autoridades estaduais para que venham socorrer Dário Meira, uma vez que a Prefeitura não vai ter condições de fazê-lo sem tal ajuda, quiçá do governo federal.

Muitas famílias estão desabrigadas e até o momento não há informações precisas dos prejuízos causados pela enchente, com ênfase para o socorro às vidas humanas em risco.

São centenas de crianças, jovens, adultos e idosos em situação calamitosa.

Que as autoridades estaduais possam atender com a devida urgência o estado emergencial em que se encontra a cidade de Dário Meira e sua população.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

CARLOS ALBÁN GONZÁLEZ - COLUNISTA VIP:

Politização da saúde       
Carlos Albán González - jornalista 
Prefeito, o senhor, por pouco, não cometeu suicídio político, caso fosse mantida a abertura do comércio esta semana. O repúdio da população de Vitória da Conquista ao seu ato se manifestaria nas eleições marcadas para outubro próximo. O clamor popular impediu o seu gesto trágico e impensado, sob pressão da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), um dos suportes de sua carreira política. Deve também ter pesado  na sua disposição de revogar o decreto anterior o cenário caótico que se instalou no Centro da cidade, na manhã/tarde de segunda-feira, com pessoas aglomeradas e o trânsito congestionado, causado pelo fechamento da avenida Lauro de Freitas.
Pesquisa Datafolha mostra que apenas 24% dos brasileiros são contrários ao isolamento social, a principal medida para frear o avanço do Covid-19, defendida pela Organização Mundial de Saúde e pelas mais conceituadas autoridades médicas e científicas do mundo. Mas, entre aqueles que acham que salvar a economia é mais importante do que salvar uma vida humana está o presidente Jair Bolsonaro, o mentor religioso e político do prefeito Herzem Gusmão Pereira.
Antes de Bolsonaro, o prefeito adotou como padrinhos políticos os irmãos Jeddel e Lúcio Vieira Lima, condenados pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Somente Jeddel cumpre pena em regime fechado. O erro na escolha não abriu os olhos nem a mente de Herzem, que transferiu seu devotamento para o ex-presidente Michel Temer, acusado pelo Ministério Público – chegou a passar uma noite na cadeia - de formação de quadrilha.
O momento cruciante que o país atravessa deve servir para promover a união de todos, principalmente dos governantes. Mas, o que estamos assistindo, em Brasília e em Vitória da Conquista, é o ódio aflorando contra os adversários. Estão politizando a saúde. Bolsonaro acusa os governadores Wilson Witzel (Rio) e João Dória (São Paulo) de estarem obstruindo seu projeto político, ao se posicionarem a favor do isolamento social; Herzem imputa ao governo do estado a falta de ajuda para combater o novo coronavírus. Ambos têm um mesmo ideal: um segundo mandato.   
Não se pode negar que Herzem Gusmão teve 85% dos votos dos eleitores das classes A e B, revoltadas, com razão, com os escândalos financeiros praticados por membros do PT. Mas isso não é motivo para ele governar apenas para os ricos, esquecendo-se da periferia.
Há uns quatro meses a prefeitura devolveu aos empresários do comércio as vagas de estacionamento no Centro, deixando de renovar o contrato com a Estacionamento Digital, em prejuízo de centenas de clientes que tinham créditos na empresa, e não receberam seu dinheiro de volta. Há dois anos, a pedido do CDL, o carnaval conquistense saiu das ruas, sob o argumento de que os foliões faziam xixi nas portas das lojas. Há poucos dias, os toldos dos pontos de ônibus do Terminal da Lauro de Freitas foram demolidos e a avenida foi fechada à passagem de veículos, prejudicando as pessoas que usam o transporte coletivo.
O conquistense já observou que as autoridades municipais estão subestimando a força letal do Covid-19, que, até hoje (dia 9), já contaminou 15 pessoas e com mais de 60 aguardando a coleta de material para teste, devido a falta de kits. A prefeitura não se preparou convenientemente para a chegada do vírus, chegando, inclusive, a recusar recursos liberados pelo estado, da mesma forma que se opôs à implantação da Policlínica. Não se viu aumento do número de leitos em UTI, montagem de hospital de campanha, aluguel de hospitais da rede privada, aquisição de respiradores pulmonares, máscaras, luvas e desinfetantes; não monitorou passageiros nos terminais rodoviário e aéreo, e não existe um plano específico de conscientização e ajuda médico-hospitalar para as populações da periferia e zona rural.
Prefeito, o seu mito foi denunciado ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda – uma acusação inicial foi feita à Procuradoria Geral da República que, simplesmente, arquivadou – pela Associação Brasileira de Juristas. Segundo a entidade, Bolsonaro teria cometido os crimes contra a humanidade e de epidemia, incentivando ações que aumentam o risco de proliferação do novo coronavírus.