terça-feira, 29 de maio de 2018

JEREMIAS MACÁRIO - COLUNISTA VIP:



UMA OPORTUNIDADE PERDIDA PELO
POVO PARA MUDAR  A CARA DO BRASIL
Jeremias Macário   
Todos almejam mudanças para o Brasil, mas, sem sacrifícios, sem greves, paralisações, protestos e manifestações que perturbam e prejudicam vidas. Ninguém quer abrir mão do seu sagrado direito de ir e vir. E como fica o direito de greve do outro? Para ter este direito constitucional tão propalado, todos têm o dever de lutar por ele, cedendo algo de si, com sacrifícios, como apoiar os justos movimentos. 
   Grupos de trabalhadores e muita gente entendeu isso, mas grande parte não. É aquele velho hábito de se beneficiar sem participar. No lugar de apoiar, consumidores, donos de postos de combustíveis e comerciantes procuraram exercitar suas habilidades individuais e egoístas através dos aumentos avarentos de preços e compras em demasia para estocar produtos, como gasolina e alimentos.
  Ao invés de unir, passaram a brigar entre si, cada um defendendo, exclusivamente, seu lado, isto é, seus interesses, como se não fizessem parte de uma só nação. O movimento poderia ter sido o início do estouro de uma boiada, para mandar um recado direto de que é o povo quem manda.
No lugar de lamentações, queixas e de transtornos, o povo, os sindicatos, os estudantes e demais classes econômicas perderam a oportunidade de tomar as ruas, praças e avenidas e se juntar às causas dos caminhoneiros que são, ou eram de todos nós brasileiros.

 Preferimos ficar, mais uma vez, no comodismo e enganarmos a nós mesmos, Preferimos a enrolação e a demagogia do governo que, cinicamente, disse estar ao lado do povo como protetor para que não fosse prejudicado. Não sabemos quando outro cavalo selado vai passar em nossa porta para a conquista da mudança. 
Essa de estar ao lado do povo, é uma tremenda mentira. Esta corja de aproveitadores oligarcas e reacionários, incluindo parte da mídia burguesa tendenciosa, é tão insensível aos reclamos dos mais desfavorecidos e afetados que demonstrou mais preocupação com a paralisação dos aeroportos do que com a área da saúde, no caso dos hospitais (falta de oxigênios, matérias diversos e medicamentos) vital para a vida humana. Foi a impressão que ficou.
CHAMA OS GENERAIS PARA RESOLVER
  Agora, minha gente, toda vez que cai um esqueleto do trem fantasma nas curvas, toda vez que o mordomo de Drácula e seus vampiros se sentem ameaçados, imediatamente chama os generais com seus exércitos para socorrê-los da incompetência. O governo usa as forças armadas como panacéia  para todos os males.
  Estoura uma crise (caso da intervenção militar no Rio de Janeiro), chama o exército para com sua força bruta acabar com reivindicações justas e o direito sagrado da greve. Parece coisa de coronel das antigas que na hora dos apertos e ameaças botava seus capangas e jagunços para trucidar, espancar e até matar os mais fracos e continuar subjugando com mão de ferro. Isso é covardia e falta de competência para gerir crises por eles criadas.
  É até ridículo ver soldados armadas de bombas, metralhadoras, fuzis e cachorros entrando nas caçambas e tanques como se fossem todos para uma guerra contra um inimigo externo. Aqueles moços devem perguntar para si mesmos: Vamos lutar contra caminhoneiros desarmados em greve? Não fomos preparados para isso. Vamos agora dirigir carretas pelas estradas? Vamos ser caminhoneiros?
Esse governo morto, todo vez que estoura um problema, tenta resolvê-lo na base da força bruta chamando as forças armadas. Desde a ditadura civil militar de 1964, que só terminou mesmo em 1990, nunca vi tanto general falando e dando entrevistas na mídia. A impressão é que são os generais quem governa.
  Como não tiveram competência para evitar uma greve deste porte, com tanto impacto, ficam agora procurando culpados e condenando as empresas de transporte por locaute. Se houve participação, isso só fez reforçar o movimento decorrente dos aumentos diários e absurdos dos combustíveis. Culpado mesmo é o governo que menospreza a reação da população quando adota uma política massacrante dessa natureza.
  O que esse governo e essa gente sabem mais fazer é agir ardilosamente de má fé quando tentaram nocautear os grevistas logo depois da reunião maluca no Palácio do Planalto. Primeiro colocou pessoas lá que não representavam a categoria. Segundo, mentiu vergonhosamente quando anunciou que o acordo havia sido fechado com todos. Na verdade, o representante da classe disse que antes de suspender o movimento teria que conversar com os caminhoneiros. Portanto, nada ficou definido no encontro.
  O acordo paliativo só visou o diesel, deixando de lado o álcool e a gasolina que vão continuar subindo de preços todos os dias. Até quando isso será suportável? Não é abusar demais da nossa paciência? Mais uma vez, engana o povo quando, demagogicamente, diz estar do lado dele. O pior é que a maioria ignorante acredita nisso.
  Não se surpreenda se o percentual de redução dado para o diesel, com o corte da CIDE, Pis e Confins, não for repassado para a gasolina. Depois da roubalheira da Petrobrás, o presidente desmantelador da empresa impôs uma política absurda dos aumentos diários de acordo com a cotação internacional do barril de petróleo e do dólar. Disse que baixava quando lá baixasse, mas nunca cai. Mais uma vez, fomos vítimas do canto do vigário. Mais um estelionato que nos passaram.
  Um economista monetarista entrevistado pela Rede Globo tendenciosa disse que os caminhoneiros têm que dar sua parcela de sacrifícios diante da crise fiscal por que passa o país, como já vem fazendo o povo. Falou de déficit público, de PIB, índices inflacionários, juros e outros dados econômicos, mas nada sobre cortes dos marajás do executivo, do judiciário e do legislativo. Estes sim, nunca são afetados em suas mordomias e privilégios.

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