INFERNO – DAN BROWN
AUTOR DE O CÓDIGO DA VINCI
Jeremias Macário
Coloque um casal de coelhos em alguma ilha
deserta e não interfira em sua procriação. Em alguns anos eles irão destruir o
ecossistema e, então, não sobreviverão por muito tempo. Assim pode acontecer
com a superpopulação humana que pode entrar num colapso global e se
autodestruir se não houver um controle.
O matemático inglês
Thomas Robert Malthus, no século XIX, fez vários alertas sobre a questão
demográfica. Em seu livro “Ensaio sobre o Princípio da População”, Malthus
alertou que “O poder da população é tão superior à capacidade da Terra de
produzir meios de subsistência para o homem que a morte prematura chegará, de
uma forma ou de outra, à raça humana”.
Depois da Peste Negra no século XIV que
dizimou um terço da população da Europa, veio a Renascença. “Para alcançar o
Paraíso, o homem deve atravessar o Inferno”. Depois das duas grandes guerras, a
humanidade viveu um período de renovação e prosperidade, assim aconteceu depois
de outras catástrofes. A superpopulação, hoje de mais de sete bilhões de
habitantes, é um perigo que precisa ser contido através de métodos
anticoncepcionais.
Essas questões de superpopulação, que podem
levar a humanidade ao um fim trágico, estão no livro “Inferno”, de Dan Brown,
autor de O Código da Vinci, que recorreu à obra “A Divina Comédia”, de Dante
Alighieri, para retratar os pecados dos homens na terra e o inferno a que
estamos sujeitos, de acordo com as maldades de cada um. Bem que os políticos
deveriam reservar um tempo entre suas práticas de propinas para ler “Inferno”.
No prólogo do livro, Dan faz uma analogia da
sombra que vive perseguida e foi forçada a viver no purgatório, agindo debaixo
da terra qual um monstro ctônico. Já no epílogo diz que o poema de Dante
Alighieri falava menos sobre as agonias do inferno e mais sobre a capacidade do
espírito humano de suporta qualquer provação.
Destaca o autor que os lugares mais sombrios
do inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise
moral. “Em situações de perigo, não existe pecado maior do que a omissão”. No
inferno atual do caos político e ético brasileiro, muitos, simplesmente,
preferem o silêncio, deixando os maus prosperarem com suas artimanhas e
armações satânicas.
Em “Inferno”, onde é posta a linha de
pensamento do personagem cientista Zobrist, quando defende que os médicos
deveriam deixar de atuar porque aumentar a expectativa de vida humana só estava
piorando o problema da superpopulação e, então, cria um vírus que torna grande
parte da humanidade estéril, limitando o contingente populacional, Dan Brown faz
uma descrição fiel da cidade italiana de Florença. Lembra os tempos da Renascença de Michelangelo, na
obra de Davi, O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli e Anunciação, de
Leonardo da Vinci.
Num diálogo ríspido com a diretora da
Organização Mundial da Saúde – OMS, o cientista entende que a superpopulação é
uma questão de saúde pública. Para ele, “quando submetidos ao estresse da
superpopulação, aqueles que nunca cogitaram roubar se tornarão ladrões para
alimentar suas famílias”.
No capítulo 14, o autor, através do seu
personagem Longdon, começa a discorrer sobre a obra de Botticelli em “La Mappa
dell´Inferno” onde o artista, inspirado em Dante, usa uma deprimente paleta de
tons de vermelho, sépia e marrom.
De acordo com o escritor, composto por Dante
no início do século XIV, o inferno redefiniu a percepção medieval da danação.
“Antes dele, a ideia do mundo inferior nunca havia fascinado as massas de forma
tão arrebatadora”. A obra transmitiu uma visão aterrorizante e visceral do
inferno.
O escritor Dan Brown faz um relato sobre os nove
círculos do inferno, ou valas malditas destinadas a cada tipo de fraude. Na
visão dantesca inspirada por Botticelli, uma das valas estava reservada ao
político corrupto submerso em um lago de piche fervente. Numa de suas
representações, está lá um ladrão condenado a ser picado por cobras por toda
eternidade. No último círculo do inferno mora o próprio Satanás.
No seu relato horrendo de “Inferno”, a
partir do seu personagem principal, o professor Longdon, o autor descreve as nove
valas nas quais devem passar os fraudulentos culpados de más ações deliberadas,
os sedutores açoitados por demônios, os aduladores à deriva num mar de
excrementos, os clérigos oportunistas enterrados de cabeça para baixo, os
políticos atolados de piche fervente, os conselheiros traidores consumidos pelo
fogo e os semeadores de discórdia destroçados por demônios.
Depois de narrar os horrores do inferno, com
base nas obras de Dante e de Botticelli, o livro de Dan Brown passa a ser uma
corrida incessante por Florença, Veneza e Turquia para se descobrir as
simbologias de um misterioso vídeo deixado pelo cientista Zobrist que defende o
extermínio de parte da população, ou a interrupção do crescimento dela, para
que a outra parte possa sobreviver no espaço terrestre em condições favoráveis
de vida.
Veja o que diz trechos do vídeo na voz da
sombra: O inferno de Dante não é ficção...é uma profecia! A humanidade quando
não controlada, funciona como uma praga, um câncer... Os vícios da humanidade
agem de forma ativa e eficaz no controle da população.
Nenhum comentário:
Postar um comentário