sábado, 13 de maio de 2017

COLUNISTA VIP:

NO PAÍS DAS INCERTEZAS E INTOLERÂNCIAS
Jeremias Macário
Engana-se quem pensa ou diz que o Brasil é outro a partir da Operação Lava Jato e que vamos ter um futuro melhor. Na verdade, estamos numa encruzilhada de incertezas e intolerâncias, sem horizontes, numa situação pior do que antes. Enquanto a Justiça caminha a passos de tartaruga, nas diarreias das palavras e intrigas domésticas, o rancor e o ódio entre as pessoas divididas se acirram.
 Até quando vamos ficar nesse “reme-reme” mole e marrento de Atibaias, Triplex, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, superfaturamento, recebimento de propinas e demais crimes contra o patrimônio público, sem uma expectativa final no julgamento dos processos e prisão definitiva dos ladrões da nação?Até quando vai perdurar esta cena de baixo nível de barraqueiros entre delatores e acusados? O Brasil virou um ringue de socos onde o juiz perdeu o controle.
  Com o andar da carruagem, quase parando, a grande maioria dos delitos será proscrita como na operação “Mãos Limpas” da Itália, em 1992, o que significa que os culpados serão perdoados e tudo será esquecido. Enquanto a intolerância vira terror na sociedade, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo batem boca e lançam suas maldades contra o povo através de protelações e reformas demoníacas parecidas com o Inferno de Dante.
  Como passar o país a limpo com essa operação do fim do mundo, sem a devida agilização das investigações e conclusão dos processos, punindo os criminosos? Nestes 517 anos de tantas turbulências, desacertos, desencontros, perdas morais e éticas, o Brasil tem pressa porque já estamos vivendo uma convulsão social, e cada um agora só pensa em lutar pelo seu espaço. Há muito tempo que o pensar coletivo nesta terra foi banido.
  O “Mensalão” durou mais de sete anos para ser julgado. Os presos já estão soltos e as multas foram pagas com propinas arrecadadas do “Petrolão” e outras maracutais extraídas de estatais. Da Lava Jato, os delatores foram soltos e vivem como nababos em suas mansões. Na semana passada abriu-se mais uma porteira para os outros condenados.
  Quando o Tribunal Superior Eleitoral (STE) vai dar o veredicto definitivo da ação de abuso de poder econômico (uso de caixa 2 e dinheiro ilícito) da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014? Quando terminar o mandato em 2018, ou nunca? O quadro geral está todo embolado e intrincado, com um meio de campo batendo cabeça. O time Brasil está perdendo por mais de sete a zero. Quem serão os candidatos das próximas eleições presidenciais? Estes que estão ai no lamaçal e outros que almejam uma ditadura?
  Nas manifestações elitizadas por categorias, ideologias e interesses próprios, o que se evidencia é a irracionalidade partidária individualista de cada um. Enquanto isso, os julgamentos se arrastam por anos e não se tem uma noção do fim, para alívio e recomeço de um país com cara nova. O que importa no momento é um derrubar o outro na discussão, no grito e, se possível, na bomba ou no tiro mesmo.
  Quando os mais de 200 delatados no esquema da Odebrecht entre governadores, ministros e políticos serão julgados? Vai demorar anos nos embates e recursos. Se for para atarraxar a população, o Congresso Nacional retrógrado é ágil para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, mas a reforma política como o povo quer é estraçalhada e só sai o que é do interesse deles.
  Não tem jeito para o Brasil se este sistema errado que está aí, que protege  políticos e poderosos do poder, não for radicalmente modificado. O resto é ilusão, baboseira e conversa pra boi dormir. Engano de quem estiver achando que o país está mudando para melhor. A solução do Brasil está na conscientização política, fora dessa partidarização imbecil e odiosa que não pode nem ser classificada de ideológica.
Enquanto o legislativo, principalmente, continuar intocável em suas benesses e mordomias, como as polpudas verbas de indenização e outros privilégios, as incertezas, as injustiças e as desigualdades sociais vão nos engolir como sapos fazem na joga com os mosquitos e pequenos insetos.

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