NO PAÍS DAS INCERTEZAS E INTOLERÂNCIAS
Jeremias Macário
Engana-se quem pensa ou
diz que o Brasil é outro a partir da Operação Lava Jato e que vamos ter um
futuro melhor. Na verdade, estamos numa encruzilhada de incertezas e
intolerâncias, sem horizontes, numa situação pior do que antes. Enquanto a
Justiça caminha a passos de tartaruga, nas diarreias das palavras e intrigas
domésticas, o rancor e o ódio entre as pessoas divididas se acirram.
Até quando vamos ficar nesse “reme-reme” mole e
marrento de Atibaias, Triplex, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro,
superfaturamento, recebimento de propinas e demais crimes contra o patrimônio
público, sem uma expectativa final no julgamento dos processos e prisão
definitiva dos ladrões da nação?Até quando vai perdurar esta cena de baixo
nível de barraqueiros entre delatores e acusados? O Brasil virou um ringue de
socos onde o juiz perdeu o controle.
Com o andar da carruagem, quase parando, a
grande maioria dos delitos será proscrita como na operação “Mãos Limpas” da
Itália, em 1992, o que significa que os culpados serão perdoados e tudo será
esquecido. Enquanto a intolerância vira terror na sociedade, o Judiciário, o
Legislativo e o Executivo batem boca e lançam suas maldades contra o povo
através de protelações e reformas demoníacas parecidas com o Inferno de Dante.
Como passar o país a limpo com essa operação do
fim do mundo, sem a devida agilização das investigações e conclusão dos
processos, punindo os criminosos? Nestes 517 anos de tantas turbulências,
desacertos, desencontros, perdas morais e éticas, o Brasil tem pressa porque já
estamos vivendo uma convulsão social, e cada um agora só pensa em lutar pelo
seu espaço. Há muito tempo que o pensar coletivo nesta terra foi banido.
O “Mensalão” durou mais de sete anos para ser
julgado. Os presos já estão soltos e as multas foram pagas com propinas
arrecadadas do “Petrolão” e outras maracutais extraídas de estatais. Da Lava
Jato, os delatores foram soltos e vivem como nababos em suas mansões. Na semana
passada abriu-se mais uma porteira para os outros condenados.
Quando o Tribunal Superior Eleitoral (STE)
vai dar o veredicto definitivo da ação de abuso de poder econômico (uso de
caixa 2 e dinheiro ilícito) da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014? Quando
terminar o mandato em 2018, ou nunca? O quadro geral está todo embolado e
intrincado, com um meio de campo batendo cabeça. O time Brasil está perdendo
por mais de sete a zero. Quem serão os candidatos das próximas eleições
presidenciais? Estes que estão ai no lamaçal e outros que almejam uma ditadura?
Nas manifestações elitizadas por categorias,
ideologias e interesses próprios, o que se evidencia é a irracionalidade partidária
individualista de cada um. Enquanto isso, os julgamentos se arrastam por anos e
não se tem uma noção do fim, para alívio e recomeço de um país com cara nova. O
que importa no momento é um derrubar o outro na discussão, no grito e, se
possível, na bomba ou no tiro mesmo.
Quando os mais de 200 delatados no esquema da
Odebrecht entre governadores, ministros e políticos serão julgados? Vai demorar
anos nos embates e recursos. Se for para atarraxar a população, o Congresso
Nacional retrógrado é ágil para aprovar as reformas trabalhista e
previdenciária, mas a reforma política como o povo quer é estraçalhada e só sai
o que é do interesse deles.
Não tem jeito para o Brasil se este sistema
errado que está aí, que protege
políticos e poderosos do poder, não for radicalmente modificado. O resto
é ilusão, baboseira e conversa pra boi dormir. Engano de quem estiver achando que
o país está mudando para melhor. A solução do Brasil está na conscientização
política, fora dessa partidarização imbecil e odiosa que não pode nem ser classificada
de ideológica.
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