O grupo J&F, controlador da JBS, fechou acordo de leniência e vai
pagar multa de R$ 10,3 bilhões em 25 anos, segundo o Ministério Público
Federal (MPF). O acordo foi fechado na noite de terça-feira (30). O
documento será assinado nos próximos dias, após a conclusão das
discussões de cláusulas.
O acordo inclui os fatos apurados nas operações Greenfield, Sepsis, Cui
Bono, Bullish e Carne Fraca. Do total a ser pago, R$ 8 bilhões serão
destinados a Funcef (25%), Petros (25%), BNDES (25%), União (12,5%),
FGTS (6,25%) e Caixa Econômica Federal (6,25%). O restante da multa, R$
2,3 bilhões, será pago por meio de projetos sociais, especialmente nas
áreas de educação, saúde e prevenção da corrupção.
O valor de R$ 10,3 bilhões será corrigido pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), e a projeção é que chegue a R$ 20 bilhões em 25
anos. Os pagamentos serão feitos exclusivamente pela holding
controladora e devem começar em dezembro deste ano.
O total estipulado na negociação representa 5,62% do faturamento livre
de impostos registrado pelas empresas do grupo em 2016. Em termos
absolutos, o valor é o maior decorrente de acordos de leniência já
firmados no Brasil e no mundo, afirmou o MPF.
O valor que será pago pela J&F representa mais que a soma do que
será pago por Odebrecht (R$3,28 bilhões), Brasken (R$ 3,1 billhões),
Andrade Gutierrez (R$ 1 bilhão) e Camargo Corrêa (R$ 700 milhões). Todo o
valor da multa paga pela J&F ficará no Brasil.
O G1 procurou a J&F e aguarda posicionamento da empresa.
Delações
A JBS está no centro de uma forte crise política após as delações da empresa atingirem o governo de Michel Temer.
Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, disseram em delação à
Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram o presidente Michel
Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e
ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois
que ele foi preso na operação Lava Jato.
Joesley também entregou ao MPF gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato.
Negociações
As conversas para a realização do acordo de leniência foram iniciadas em fevereiro, mas pararam em maio porque a empresa não concordou em pagar uma multa de R$ 11,169 bilhões em 10 anos, proposta pelo MPF, e se propuseram a pagar R$ 1,4 bilhão - valor que não foi aceito.
As negociações foram retomadas no dia 22 de maio com proposta do MPF de R$ 10,99 bilhões. Houve impasse e a empresa trocou o escritório de advocacia que negociava o acordo e passou a ser representada pelo o escritório Bottini & Tamasauskas Advogados.
Leniência e colaboração premiada
Nos acordos de leniência, as empresas e as pessoas envolvidas assumem a
participação em um determinado crime e se comprometem a colaborar com
as investigações. Elas concordam em pagar multas em troca de redução de
punições.
O acordo vale para a empresa como pessoa jurídica e não contempla os
executivos investigados, que precisam fazer acordo de colaboração
premiada
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