sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

COLABORAÇÃO DE CARLOS ALBÁN GONZÁLEZ:

23 de fev às 08:24
Andrés é genial e dono de uma carreira que dignifica o futebol
Não se assuste. A referência é a Iniesta, um dos melhores jogadores da história

Juca Kfouri

Andrés Iniesta (à esq.) abraça o argentino Lionel Messi para comemorar o gol de empate do Barcelona contra o Chelsea, em Londres Andrés Iniesta (à dir.) comemora com o argentino Lionel Messi o gol de empate do Barcelona contra o Chelsea, em Londres - Andrew Boyers/Action Images via Reuters

Andrés Iniesta, é claro! Qualquer semelhança com quem a rara leitora e o raro leitor possam ter imaginado se restringe ao nome. E só! O que joga a vida inteira e mais um pouco esse espanhol no meio de campo do Barcelona é uma enormidade.

Autor do gol solitário que deu à Espanha o seu único título mundial, em 2010, na África do Sul, contra a Holanda, na prorrogação, Iniesta é o cara certo nas horas incertas.

Formou ao lado de Xavi uma dupla à altura da composta por Pelé e Coutinho, embora pelo meio, não lá na frente. Duro saber entre Iniesta e Xavi quem era o Pelé, quem era o Coutinho.

Mestre Tostão não teria dúvida em apontar Xavi como ainda melhor e embora deteste discordar dele, fico com Iniesta.

Na última terça-feira (20) , o bicampeão da Eurocopa, em 2008/12, deu mais uma prova do quanto é capaz quando a situação aperta.  O Barcelona exercia um domínio de quase 80% de posse de bola na casa do Chelsea.

Mas era o Chelsea quem criava as melhores chances de gol, com duas bolas mandadas nas traves catalãs pelo brasileiro Willian no primeiro tempo e um belíssimo tento feito por ele já quase na metade do segundo tempo.  Desenhava-se nova derrota do Barça para o time londrino, porque os espanhóis rondavam e rondavam a área inimiga, mas pouco conseguiam penetrar, menos ainda chutar, apesar das tentativas bem engendradas, sobretudo, pelo uruguaio Luís Suárez.  A torcida azul cantava enlouquecida no Stamford Bridge, a defesa do Chelsea parecia mesmo inexpugnável, o jogo se aproximava rapidamente dos 15 minutos finais, mas o dinamarquês Christensen cometeu a imprudência de atravessar uma bola em frente à área inglesa.

Iniesta vinha voltando para seu campo quando percebeu que entre ele e a bola havia a mesma distância que entre Azpilicueta e a redonda.

Aos 33 anos, já sem o vigor de antigamente, deu o bote e chegou antes do rival, de 28, na dividida.

Com um toque sutil ganhou a parada mesmo diante do carrinho do capitão do Chelsea, ergueu a cabeça, entrou na área com firmeza e viu Suárez aparentemente mais bem colocado que Messi, que vinha atrás, mas de braço direito levantado, pedindo o passe.

Experiente, brilhante, Iniesta não teve dúvida sobre quem servir e passou para Messi bater seco, de esquerda, sem a menor chance para o excelente goleiro belga Courtois, no primeiro gol do argentino em seu nono jogo contra o Chelsea.

Gol que foi 80% de Iniesta.

Chega a ser um crime contra o futebol que Iniesta não tenha sido e jamais venha a ser escolhido como número 1 do mundo.

Até foi eleito o melhor jogador da Eurocopa de 2012, mas em seu auge sempre viu a disputa se limitar entre o companheiro Messi e o também extraordinário português do Real Madrid, Cristiano Ronaldo.

Nada contra um ou outro, muito ao contrário, aliás. Mas que Iniesta merecia a honraria parece fora de dúvida. Porque dignifica o jogo e é reverenciado pelo futebol.

Semblante sério o tempo todo, quando transforma a genialidade em gol os olhos sorriem mais que os lábios, ao expressarem a satisfação de quem sabe ter feito melhor que os adversários.

Vida longa a Andrés Iniesta!

O autor deste artigo, Juca Kfouri, Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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