A morte nossa de cada dia
BIG BEN
O humano, ao ser indagado a respeito de
como gostaria de morrer, quase sempre tem a mesma resposta: "morrer
dormindo". Não é para ser o estraga prazeres não, mas se você mora no
Brasil, a probabilidade de "morrer dormindo", num lindo dia de domingo, é
quase zero. No país de "infinitas violências", a bandidagem está livre,
leve e solta. Todo dia é um "bom dia" para morrer! Neste território
anárquico, a morte cabe em qualquer canto da cidade. O sol,
recentemente, tem pensado duas vezes antes de nascer por essas bandas
tupiniquins.
No país tropical abençoado por Deus e bonito por
natureza, vive-se "mais ou menos", mas morre-se como "nunca"! Que tal
morrer com um balaço na cabeça em decorrência de um assalto à mão
armada? Que tal morrer vítima de "bala perdida" durante mais um
confronto entre marginais e policiais? Que tal morrer metralhado ao
entrar por engano em uma favela do Rio de Janeiro? Que tal morrer com
uma boa pedrada na cabeça durante tentativa de assalto na rodovia dos
Imigrantes? Que tal morrer espancado por grupo com barras de ferro em
brigas de torcidas organizadas? Que tal morrer enquanto se pedala na
ciclovia, esfaqueado por um bandido em tentativa de roubo de bicicleta?
Que tal morrer atropelado por uma BMW dirigida por um filhinho de papai
embriagado, que voa baixo pelas ruas da Cidade Maravilhosa? Que tal
morrer queimado em ataques a ônibus promovidos por facções criminosas?
Que tal morrer atingido por um rojão disparado por um black bloc,
durante a onda de protestos que sacudiu o Brasil? Morrer assim... Que
tal?
A imagem do Cristo Redentor, com os braços abertos sobre a
Guanabara, passa a falsa sensação de um povo extremamente acolhedor,
pacífico e ordeiro. Grande engodo! No Brasil existem as piores formas de
"bater as botas"! A fogueira da Santa Inquisição é "fichinha" quando
comparada ao "microondas" da bandidagem. Aqui, de norte a sul, de leste a
oeste, "todo dia é dia de pancadão": Tá tudo dominado! Os bandidos
mandam, obedece quem tem juízo! Como deuses do Olimpo, com o poder de
vida e morte sobre milhões de mortais, desfilam pela passarela da
impunidade, envergando as suas bandeiras de ódio, destruição e morte,
protegidos e amparados pelos braços acolhedores da justiça. Você prefere
uma morte rápida, com pouco sofrimento, ou uma morte lenta com
requintes de extrema violência? A escolha nem sempre fica a critério do
freguês! Por onde anda a pacificidade brasileira tão cantada em verso e
prosa?
No país dos arrastões, menores de idade não podem
trabalhar. Mas, em compensação, podem votar, assaltar, sequestrar,
traficar, roubar, estuprar, barbarizar a vida dos indefesos cidadãos de
bem e, claro, matar. Parece que eles não estão nem aí para o clássico
conselho de Paulo Maluf: "estupra mas não mata"! A legião dos meninos
órfãos, cujos pais foram executados por estes menores de idade, mas
grandes na maldade, continua esperando os tais e metidos direitos
humanos baterem à sua porta.
Até quando veremos homens de boa
vontade serem condenados à sentença de morte por bandidos? Até quando
veremos pais chorarem os filhos mortos por bandidos que sabem de cor e
salteado todos os seus direitos? Até quando veremos, impávidos, a
execução de nossos entes queridos e amigos por bandidos que não pensam
duas vezes antes de matar? Até quando veremos a injustiça reinar
soberana diante de nossos olhos?
E se você ainda em seu íntimo,
sonha em "morrer dormindo", embalado pelo doce som da voz de Deus, já
passou da hora de você deixar o Brasil. Deixe-o, sem pestanejar, e
procure um lugar onde você possa, pelo menos, "morrer em paz". Boa
Morte!
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