Relação entre Odebrecht e governos petistas era movida a propina, diz Palocci
ANA LUIZA ALBUQUERQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (6), o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que a relação entre a empreiteira Odebrecht e os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff era movida a propina.
"Bastante movida a vantagens dirigidas a empresa, a propinas pagas pela Odebrecht a agentes públicos, em forma de doação de campanha, benefícios pessoais, caixa 1, caixa 2", disse.
O ex-ministro foi ouvido na ação em que Lula é acusado de ter recebido da Odebrecht um terreno de R$ 12,4 milhões, destinado a ser a nova sede do Instituto Lula (negócio que acabou não se concretizando), e um apartamento de R$ 540 mil em São Bernardo do Campo (SP), vizinho ao que o petista mora com a família.
Segundo Palocci, os fatos narrados na denúncia são verdadeiros e dizem respeito apenas "a um capítulo de um livro um pouco maior" do relacionamento da empresa com os governos petistas.
O ex-ministro ressaltou que a Odebrecht, em particular, tinha uma "relação fluida com o governo em todos os aspectos", desde a realização de projetos até a participação em campanhas. "Que se dava de todas as maneiras. A maior parte com caixa 1, mas o caixa 1 muitas vezes originário de contratos ilícitos."
Segundo Palocci, a Petrobras foi um importante palco para esses contratos. "Os da Petrobras quase todos geraram crédito. Na área de serviços, abastecimento e internacional eram bastante conhecidos."
O ex-ministro afirma que foi por meio dessas diretorias que se estabeleceu um "intenso financiamento partidário". "Essas diretorias foram nomeadas e ao longo do tempo se desenvolveu através delas... Na de serviços o PT, na internacional o PMDB, na de abastecimento o PP... Uma relação de intenso financiamento partidário, de políticos, pessoas, empresas."
Palocci deixa claro que Lula sabia da corrupção na Petrobras e pensou em "tomar providências" porque "a coisa estava repercutindo de forma muito negativa". O ex-ministro conta que Lula o chamou no Palácio do Alvorada em 2007, quando reeleito, para conversar sobre o assunto.
Na ocasião, Lula teria dito que ficou sabendo "que na área de serviços e abastecimento estava havendo muita corrupção". "Eu falei: 'É verdade'. Ele falou: 'E que que é isso?' Eu falei: 'É aquilo que foi destinado para esses diretores, operar para o PT em um caso e para o PP no outro'. E ele falou: 'Você acha que isso está adequado?' Eu falei: 'Não, acho que isso está muito exagerado'".
Segundo Palocci, a descoberta do pré-sal enterrou a pretensão do ex-presidente de frear o esquema. "O pré-sal pôs o governo numa atitude frenética em relação a Petrobras e esses assuntos de ilícitos de diretores ficaram para terceiro plano. As coisas continuaram correndo do jeito que era."
FINANCIAMENTO DE CAMPANHA
O ex-ministro afirmou que pediu à empreiteira recursos para campanhas em algumas ocasiões. "Praticamente só atuava em campanhas presidenciais e para campanhas minhas."
Ele disse ao juiz Sergio Moro que antes de chegar para o depoimento conferiu no site do TSE se havia recebido doações legais da Odebrecht em 2006, quando concorreu a deputado federal. "Não tinha. Se não tinha doação legal, lhe garanto que teve doação ilegal, porque a Odebrecht não deixaria de doar para uma campanha minha."
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (6), o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que a relação entre a empreiteira Odebrecht e os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff era movida a propina.
"Bastante movida a vantagens dirigidas a empresa, a propinas pagas pela Odebrecht a agentes públicos, em forma de doação de campanha, benefícios pessoais, caixa 1, caixa 2", disse.
O ex-ministro foi ouvido na ação em que Lula é acusado de ter recebido da Odebrecht um terreno de R$ 12,4 milhões, destinado a ser a nova sede do Instituto Lula (negócio que acabou não se concretizando), e um apartamento de R$ 540 mil em São Bernardo do Campo (SP), vizinho ao que o petista mora com a família.
Segundo Palocci, os fatos narrados na denúncia são verdadeiros e dizem respeito apenas "a um capítulo de um livro um pouco maior" do relacionamento da empresa com os governos petistas.
O ex-ministro ressaltou que a Odebrecht, em particular, tinha uma "relação fluida com o governo em todos os aspectos", desde a realização de projetos até a participação em campanhas. "Que se dava de todas as maneiras. A maior parte com caixa 1, mas o caixa 1 muitas vezes originário de contratos ilícitos."
Segundo Palocci, a Petrobras foi um importante palco para esses contratos. "Os da Petrobras quase todos geraram crédito. Na área de serviços, abastecimento e internacional eram bastante conhecidos."
O ex-ministro afirma que foi por meio dessas diretorias que se estabeleceu um "intenso financiamento partidário". "Essas diretorias foram nomeadas e ao longo do tempo se desenvolveu através delas... Na de serviços o PT, na internacional o PMDB, na de abastecimento o PP... Uma relação de intenso financiamento partidário, de políticos, pessoas, empresas."
Palocci deixa claro que Lula sabia da corrupção na Petrobras e pensou em "tomar providências" porque "a coisa estava repercutindo de forma muito negativa". O ex-ministro conta que Lula o chamou no Palácio do Alvorada em 2007, quando reeleito, para conversar sobre o assunto.
Na ocasião, Lula teria dito que ficou sabendo "que na área de serviços e abastecimento estava havendo muita corrupção". "Eu falei: 'É verdade'. Ele falou: 'E que que é isso?' Eu falei: 'É aquilo que foi destinado para esses diretores, operar para o PT em um caso e para o PP no outro'. E ele falou: 'Você acha que isso está adequado?' Eu falei: 'Não, acho que isso está muito exagerado'".
Segundo Palocci, a descoberta do pré-sal enterrou a pretensão do ex-presidente de frear o esquema. "O pré-sal pôs o governo numa atitude frenética em relação a Petrobras e esses assuntos de ilícitos de diretores ficaram para terceiro plano. As coisas continuaram correndo do jeito que era."
FINANCIAMENTO DE CAMPANHA
O ex-ministro afirmou que pediu à empreiteira recursos para campanhas em algumas ocasiões. "Praticamente só atuava em campanhas presidenciais e para campanhas minhas."
Ele disse ao juiz Sergio Moro que antes de chegar para o depoimento conferiu no site do TSE se havia recebido doações legais da Odebrecht em 2006, quando concorreu a deputado federal. "Não tinha. Se não tinha doação legal, lhe garanto que teve doação ilegal, porque a Odebrecht não deixaria de doar para uma campanha minha."
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