“E A BÍBLIA TINHA
RAZÃO” (FINAL)
(A INVASÃO ROMANA, O
NASCIMENTO DE CRISTO E A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM)
Jeremias Macário
De volta à nossa narrativa histórica anterior
contada por Keller, Israel viveu um período de tranquilidade, mas por pouco
tempo, pois os romanos, através de Pompeu e suas legiões entraram em Jerusalém
em 63 a.
C., e Judá tornou-se província dos novos donos. Na época, o grego, com suas
cidades na Jordânia (Decápolis), tornou-se língua mais falada na região.
Em 44 a.C. César foi assassinado, ano em que
surgiu um planeta no céu, mesma coisa aconteceu depois do suicídio de Nero, em
66 d.C. Bem antes disso, porém, no ano 40 a.C. Herodes, o tirano e cruel, foi
nomeado rei da Judeia. Ele praticou muitas atrocidades e veio a morrer por
volta do ano 4 a.C. Herodes se achava um messias e ficou muito atordoado e mais
sanguinário ainda quando ouviu boatos do nascimento de um rei que decretaria o
fim do império romano.
O historiador judeu Flávio Josefo que viveu
na época narra todos os acontecimentos, inclusive a destruição total de
Jerusalém, em 70 d. C. Como não existe até hoje uma data precisa sobre o
nascimento de Cristo, os achados dão conta de que o messias tenha vindo ao
mundo entre 6 ou 7 a.C., em meio a uma perseguição feroz de Herodes aos
recém-nascidos.
Baseado em fontes históricas, o escritor
Houston Chamberlain chegou a divulgar (sua interpretação foi rejeitada) que o
pai de Jesus teria sido um ariano guerreiro das legiões romanas chamado de
Panthera. Miriam, sua mãe, teria sido repudiada pelo marido carpinteiro. Não
foram encontradas provas da fuga de Maria, Jesus (mais citado como Nizireu que
nazareno) e José para o Egito.
O certo mesmo é que Cristo veio em meio ao um
turbilhão político e social, de desconfianças de todos os lados, rebeliões e
animosidade entre as diversas tribos. O povo estava em polvorosa com a invasão
dos romanos e as arbitrariedades de Herodes que governava a Judéia.
Quanto ao dia natalino de 25 de dezembro foi,
na verdade, a data escolhida pelo catolicismo que substituiu o grande dia de
festa romano, o chamado dia do nascimento do invicto, decretado pelo imperador
Justiniano, em 354 d.C., após sofrer pressão dos cristãos. Era comemorado o
solstício, o último dia das saturnais quando se celebrava uma semana de
carnaval.
Narram os historiadores que no ano 6 a.C.
ocorreu uma contenda messiânica entre Herodes (pai) e os fariseus que vaticinavam
o fim do rei da Judéia, época da conjunção planetária. Herodes mandou executar
todos os líderes fariseus e, como cruel assassino, exterminou uma multidão,
inclusive seus filhos Antipater, Alexandre e Aristóbulo, dois maridos da irmã
Salomé, a sogra e dois sábios. Nomeou seus filhos Arquelau, Herodes Antipas e
Filipe.
Depois da perseguição e da degola do pregador
João Batistapor Herodes Antipas (ele temia mais rebeliões), com receio, Jesus
foi para Jericó e de lá só saiu tempos depois para Jerusalém, para celebrar a
semana da páscoa. Considerado como farsante e impostor foi preso e levado
primeiro à presença de Anás, sogro de JesebeuCaifás (18 a 37 d.C.), e depois
apresentado ao Sinédrio (Superior Tribunal Judeu).
Levado para Pôncio Pilatos (procurador da
Judéia entre 26 a 36 d. C.) foi condenado por flagrante sacrilégio por ter
declarado ser o messias. O prestígio de Pilatos estava em baixa depois de ter
mandado expor um escudo de ouro do imperador no palácio de Herodes. O povo se
revoltou e Tibério ordenou a retirada do emblema.
Diante de toda aquela confusão, Pilatos lavou
as mãos no pavimento do seu palácio chamado de Gábbatha (Lithostrotos em
grego). O local sobreviveu à destruição de Jerusalém, em 70 d.C. A partir dai
deram início ao ritual comum de despir o corpo de Jesus para aplicar o castigo
de vergastar até a carne prender em talhadas sangrentas.
De encontro à pratica usual, Ele não quis
tomar o vinho e o incenso oferecidos pelas mulheres para aliviar as dores.
Também não foi preciso que quebrassem seus joelhos (crurifragium) quando estava
pregado na cruz. Os pregos foram postos no tendão transversal do antebraço,
mesmo porque se fossem nas mãos haveria uma ruptura por causa do peso do corpo.
Cristo foi executado durante o império de Tibério (entre 14 a 37). Não existe,
no entanto, uma data precisa sobre a morte de Jesus, se em 29, 30, 32 ou
33.
Depois da morte de Jesus surgiram vários
movimentos messiânicos como no tempo do imperador Claudio, de 41 a 54 d.C. As
revoltas tomaram outra dimensão mais agressivas na época de Nero, entre 54 a
68, mas, até então, as legiões estavam contendo os protestos e as divergências
políticas e religiosas.
A ira do povo explodiu mesmo quando o romano
Sabino mandou aumentar os impostos. As legiões foram apedrejadas e o governador
da Síria, Quintílio Varo teve que enviar reforços para abafar os rebeldes
enfurecidos. Nessa época, entre 66/67, 2.000 homens foram crucificados, mas,
mesmo assim, Varo foi derrotado.
Na guerra dos judeus contra os romanos, de 66
a 70, o grupo rebelde “Zelotes” recomendava que cada um levasse um punhal no
manto para atacar os soldados. Roma odiava os israelenses, e a rebelião
estourou quando o procurador Floro ordenou cobrar impostos do Templo. Os
rebeldes tomaram Jerusalém. Roma mandou prender Flávio Josefo, chefe militar da
Galiléia.
O imperador Nero enviou o general Tito Flávio
Vespasiano para resolver a situação, e Flávio Josefo fez um apelo à paz. Contam
os historiadores que diariamente 500 pessoas eram crucificadas, tanto que
faltou madeira nas florestas para fazer as cruzes. “A morte fazia uma colheita
terrível”. Muita gente roía sapatos, couro e comia feno velho para não morrer
de fome. Por todo lado se tropeçava em cadáveres. Uma mãe nobre de nome Maria
devorou seu filho recém-nascido.
Em meio a todo aquele turbilhão, estourou
uma guerra civil em Roma. Com a crise, e depois de suas tantas perversidades,
Nero suicidou-se em 68. Três imperadores
caíram até a aclamação do general Tito Vespasiano como novo imperador do povo.
A guerra na Judéia continuou dizimando a
população. O Castelo Antônia e o Templo foram arrasados. Tito até mandou poupar
o santuário, mas nem seus soldados obedeceram. Em agosto de 70 toda cidade foi
destruída com 97 mil prisioneiros e 115 mil cadáveres foram encontrados, só
numa porta do Templo. Não ficou pedra sobre pedra. Em 71 foi realizado o
desfile triunfal das tropas romanas. No reinado de Adriano (117-138), Israel e
Palestina tornaram-se numa nova colônia próspera e rica com casas de banhos e
templos dedicados a Venus e Júpter.
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