sábado, 2 de setembro de 2017

NANDO DA COSTA LIMA - COLUNISTA VIP:

E o bloco dos “caçadô” nunca mais saiu...
Nando da Costa Lima 
Bejalviro estava comemorando os seus 75 anos junto aos parentes no seu sítio no interior de “Sompaulo”. Tinha sobrinhos, irmãos e a#lhados, só não #lhos e netos. É que o an#trião, apesar de já ter sido casado, havia separado. Marinalva aprontou tudo que podia com ele, tanto que até Bejavalviro, que era meio passado, acabou descobrindo. E nesse dia ele resolveu contar porque nunca mais nha pensado em casamento, e olha que tava se sentindo vingado, de alma lavada. É que nha recebido uma carta da ex-mulher dando os parabéns pelos 75 anos e implorando para acabarem
esta caminhada juntos: “O tempo apaga tudo...”. Mas, para Bejalviro, o tempo não apagou nada, e ele fez questão de responder a carta à altura. Antes de enviar, como vingança, leu a missiva para todos os presentes na comemoração do seu aniversário.  Teve até fundo musical... Ele fez questão de caprichar, pois nha muito parente da ex-mulher na festança, e a maioria dos convidados conhecia a história. Quem entregou a carta de Marinalva para Bejalviro foi seu ex-cunhado, a quem ele não via a muito
tempo. Mas Beja nunca esqueceu de ele contar um caso e em vez de falar seu nome, falou “o corno do meu cunhado”. Bejalviro ia chegando na hora... Isso fazia parte do rancor do velho pelo “amô” do passado.
E começou a ler a carta resposta: “Pois é, Marinalva, lá se vão anos e anos, esse tempo deu pra eu botar a cabeça no lugar, saí daí traumatizado com a experiência que tive com você. Foi duro suportar tanta humilhação, mas graças a São Jorge eu sacudi a poeira e consegui me reerguer em Sompaulo. Mas até tirar você da cabeça eu engoli muita cachaça, nem sei como não morri de pinga. A primeira coisa que #z pra começar a me ajustar foi parar de beber e nem pensar em casamento, você me maltratou demais. Eu acho que até hoje tem gente que lembra da sua safadeza, em plena lua de
mel você conseguiu me trair com todos os integrantes do bloco dos ‘caçadô’, aquilo foi um absurdo, e gerou o primeiro dos muitos apelidos que ganhei por sua causa: ‘Corno Caçadô’. Foi o caso mais grave de cornitude que ocorreu por aí, se fosse pra matar os ‘Ricardão’ eu teria que comprar uma metralhadora e um caminhão de bala. Mas é isso, em tudo o tempo dá um jeito. Hoje eu tô aqui, tranquilo, em paz comigo mesmo, e na hora que abri uma cervejinha pra prosear com um vizinho, chega uma carta sua... É que apesar das suas safadezas, eu nunca deixei de pensar em você. Noêmia de Noca me deu logo uma bronca, perguntou se eu tava pensando em virar corno depois de velho, porque segundo ela, você me deu o título de ‘rei dos cornos’. Eu até dei risada, mas no fundo ela tem razão... Você só não foi com meu avô porque na época não tinha viagra. Quando a mulher é muito fogosa, o povo fala que é porque tem ‘fogo no rabo’. Você então devia ter um crematório. Teve gente que me contou que você passou a lixa até em Cafezinho, e a Dulce me garantiu que você chegou a engravidar de Mania, além de ter passado três dias no mato com Vitório Cocão. Resumindo, nem os doidos você deixou escapar. Tem anos que saí daí pra não morrer de vergonha. Agora eu queria saber onde é que você tá com a cabeça pra imaginar que eu poderia cair na sua conversa de que eu fui seu único amor, e de repente voltar logo agora com 75 anos nas ·  costas. Cê tá achando que corno com o passar do tempo acredita em tudo? Se toque, costas. Cê tá achando que corno com o passar do tempo acredita em tudo? Se toque,sua piranha velha, graças a você até hoje eu nunca mais consegui ter relação com mulher nenhuma, nas vezes em que tentei, falhei. Era só pensar em você me traindo e pronto, já era... Só estou respondendo sua carta porque me falaram que você está muito doente, e como espiritualista não podia fazer a desfeita de não responder, e principalmente lhe alertar: quando você parar pra outra, não se esqueça de que o Capeta, mesmo tendo chifre, parece que não gosta de ser traído”. E pra vingança ficar completa, encerrou a narrativa cantando o tema do bloco dos “caçadô”: “Ô, leva eu minha saudade, eu também quero ir”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário