PF deflagra nova fase da Lava-Jato tendo ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine como alvo
Reuters -
Charles Sholl/Futura Press
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal prendeu
nesta quinta-feira o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, em nova
fase da operação Lava Jato, por suspeita de ter recebido junto com
parceiros pagamento irregular de 3 milhões de reais da empreiteira
Odebrecht já durante o curso da maior investigação de combate à
corrupção da história do país.
Bendine foi presidente-executivo da Petrobras de
fevereiro de 2015 a maio de 2016, tendo sido indicado para o cargo pela
então presidente Dilma Rousseff após a deflagração da Lava Jato. Antes
de assumir a petroleira, Bendine fora presidente do Banco do Brasil.
De acordo com as investigações, Bendine já havia
solicitado pagamento de propina no valor de 17 milhões de reais à
Odebrecht na época em que estava à frente do banco para viabilizar a
rolagem de dívida de um financiamento da empreiteira, mas o pagamento
não foi efetuado, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
No entanto, às vésperas de assumir a Petrobras,
Bendine e seus operadores voltaram a pedir pagamento de propina da
empreiteira, que acabou pagando 3 milhões de reais de forma irregular em
troca de benefícios dentro da estatal de petróleo, inclusive em relação
às consequências da Lava Jato, de acordo com os investigadores.
"A colaboração premiada dos executivos da Odebrecht
foi o ponto de partida das investigações. A partir daí, a investigação
se aprofundou e revelou estreitos vínculos entre os investigados e
permitiu colher provas de corroboração dos ilícitos narrados", disse o
MPF em comunicado.
A operação desta quinta-feira, 42ª fase da Lava Jato,
recebeu o nome de "Cobra", em referência ao codinome dado a Bendine nas
planilhas de pagamentos ilegais da Odebrecht, de acordo com a Polícia
Federal.
Um e-mail enviado ao escritório de advogados que defende Bendine não foi respondido de imediato na manhã desta quinta.
Em junho, quando o juiz federal Sérgio Moro
autorizou abertura de inquérito para investigar Bendine, o escritório
Bottini & Tamasauskas Advogados negou que o ex-presidente da
Petrobras tenha cometido as supostas irregularidades.
Procurada nesta quinta-feira, a Petrobras não
respondeu imediatamente a pedido de comentário sobre a prisão de
Bendine. No início de maio, quando surgiram as primeiras informações
sobre suspeita de propina paga pela Odebrecht a Bendine, o
diretor-executivo de Governança e Conformidade da Petrobras, João Elek,
afirmou a jornalistas que as irregularidades apontadas foram
investigadas internamente e nada havia sido comprovado.
Desde que fechou acordos de delação premiada e
leniência com as autoridades brasileiras, a Odebrecht tem afirmado que
reconheceu seus erros, pediu desculpas públicas e está comprometida a
combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas. Também
afirma entender que é responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos
específicos feitos por seus executivos e ex-executivos.
(Por Pedro Fonseca; Reportagem adicional de Marta Nogueira)
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