Uma “Boa”
para o Bode
Carlos
Albán González
A
modificação na formação das chaves da Copa do Brasil de 2018 tirou do Esporte
Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista o pesadelo de ter que enfrentar um
dos clubes da elite do futebol brasileiro. O sorteio apontou o Boa Esporte, de
Minas Gerais, como o adversário do representante baiano na primeira fase do
chamado “o mais democrático dos campeonatos”, pois dá oportunidade a qualquer
um dos 91 concorrentes de 66 cidades de disputar a Taça Libertadores e o
Mundial de Clubes. Para chegar lá, como mandante, no caso, o Conquista, não
poderá nem empatar o primeiro jogo, programado para 31 de janeiro.
A Copa do
Brasil, que se estenderá até a segunda quinzena de outubro, dará ao campeão o
prêmio recorde de R$ 50 milhões; ao vice, R$ 20 milhões; aos semifinalistas, R$
8 milhões; e R$ 4 milhões para quem disputar as quartas-de-final.
Fundado
em 2005, o ECPP Vitória da Conquista vai disputar a Copa do Brasil pela quinta
vez. Sua melhor campanha foi em 2016, quando passou para a segunda fase depois
de eliminar o Náutico em dois empates (0 a 0 em casa e 1 a 1 na Arena
Pernambuco), sendo, posteriormente, desclassificado pelo Santa Cruz (derrota
por 2 a 0). Sua
estreia na Copa do Brasil ocorreu em 2013, eliminado (duas derrotas) pelo Sport
do Recife. Em 2015 foi goleado, por 4 a 1, pelo Palmeiras, no “Lomantão”, onde
também se deu sua queda em 2017, num empate com o Coritiba.
O ECPP Vitória
da Conquista terá uma agenda mais cheia em 2018. Além da Copa do Brasil, jogará
o Campeonato Baiano, de 21 de janeiro, data em que completa 13 anos, a 8 de
abril, e o Campeonato Brasileiro da série “D”, marcado pela CBF para o período
de 22 de abril a 5 de agosto. No torneio regional estreará contra o Atlântico,
em Salvador (Barradão), e se apresentará diante de sua torcida, contra o
Vitória, no dia 24 de janeiro, às 21h45. No Brasileirão, cujo chaveamento ainda
não foi divulgado, o representante do sudoeste baiano integrará, com mais três
clubes da região (Bahia, Sergipe e Alagoas), um dos 17 grupos.
Volta inesperada ª
Depois de
20 anos afastado das atividades profissionais, dedicando-se apenas às
categorias de base e ao futebol feminino, o Conquista Esporte Clube anunciou,
no final do ano passado, através de um dos seus dirigentes, Eduardo Andrade
Correia, conhecido como Mesquita, a formação de um elenco para disputar o
Campeonato Baiano da 2ª Divisão. Os desportistas conquistenses se surpreenderam
com a notícia. O “cartola” garante que o clube está com as contas em dia e sem
pendências tributárias.
A
repentina inclusão do Conquista, campeão da série “B” em 1994, entre os seis
times que vão disputar o acesso, e a exclusão do tradicional Ipiranga, não foram
explicadas pelo conquistense Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Bahiana
de Futebol (FBF).
O torneio
terá a participação do Conquista, Galícia, Colo-Colo (Ilhéus), Atlético de
Alagoinhas, Atlético de Teixeira de Freitas e Cajazeiras (Salvador). Cada time jogará um
mínimo de dez partidas e um máximo de 12 entre os dias 3 de março e 13 de maio.
Apenas o campeão terá acesso à série “A”. Anotem a tabela de jogos da equipe
azul e branca, com mando de campo no Estádio Lomanto Júnior: Dia 3/3 – Teixeira
de Freitas (fora); 10/3 – 17 hs. – Cajazeiras (em casa); 18/3 – 16 hs. –
Galícia (em casa); 24/3 – Colo-Colo (fora); 1/4 – 16 hs – Alagoinhas (em casa);
7/4 – Alagoinhas (fora); 15/4 – 16 hs - Colo-Colo (em casa); 21/4 – Galícia
(fora); 28/4 – Cajazeiras (fora); 5/5 – 17 hs. - Teixeira de Freitas (em casa)
Caça-Rato
reforça time
No dia 31
de novembro passado, o presidente Ederlane Amorim reuniu a imprensa, sócios e
torcedores do ECPP Vitória da Conquista, para apresentar o elenco e comissão
técnica que vão trabalhar “para que 2018 venha a ser um marco na história do
clube”. O encontro se deu na sede da Associação Atlética Banco do Brasil
(AABB). Na reapresentação do elenco esta semana para início dos trabalhos, a
novidade será o atacante Caça-Rato, 31 anos, que em 2013 se destacou no Santa
Cruz do Recife. O folclórico jogador estava disputando pelo América
pernambucano a série “D” do “Brasileirão”, após ter passado por uma dezena de
clubes, incluindo um da Croácia.
Assediado
pelos torcedores, o brasiliense Washington Stecanela Cerqueira, 42 anos, que
assumiu a direção técnica do Conquista, garantiu que não estava se aventurando
na carreira de treinador, pois havia se preparado, realizando cursos, para
assumir novas funções, após ter se destacado como artilheiro, marcando 411 gols
em 17 anos, atuando pela Seleção Brasileira, Fluminense, Caxias, Atlético do
Paraná, Internacional, Grêmio, Ponte Preta e no exterior (Japão e Turquia).
Seu
apelido de Coração Valente veio em função de ter jogado por oito anos com uma
lesão cardíaca, que poderia ter lhe causado um enfarte. Em 2002, com 27 anos,
quando atuava pelo Fenerbahce, da Turquia, exames médicos diagnosticaram
obstrução numa das artérias da região cardíaca. Aconselhado a encerrar a
carreira, submeteu-se a uma angioplastia, regressou ao Brasil em 2004 para contestar
os que lhe davam como aposentado. Naquele ano, defendendo o Atlético
Paranaense, Washington marcou 34 gols no Campeonato Brasileiro, um recorde
reconhecido pelo Guinness Book. Desde então passou a comemorar seus gols
batendo com a mão no lado esquerdo do peito. Encerrou sua carreira em 31 de
janeiro de 2011, aos 35 anos, na condição de ídolo da torcida do Fluminense.
Nesse
mesmo encontro na sede da AABB foi lançada a campanha objetivando o aumento do
quadro social do clube. O diretor José Roberto Silva prometeu que os sócios-torcedores
terão acesso gratuito ao estádio, contrariando o que reza o Estatuto do
Campeonato Baiano de 2018, no seu artigo 54: “Os sócios dos clubes participantes
das competições pagarão ingressos em todas as partidas, cujo valor mínimo
equivale a 50% do preço da arquibancada inteira”.
Patrocínios
Ao
contrário dos anos anteriores, quando lhe faltou a ajuda do poder público e do
empresariado do município, o Vitória da Conquista vai iniciar 2018 com um
reforço em sua conta bancária. Parece que o exemplo da Chapecoense, tantas
vezes citado por esse comentarista, sensibilizou as instituições locais, que
passaram a acreditar que o esporte é um importante fator de promoção de uma
cidade. Além de Chapecó, exemplos têm sido dados pelas administrações e a
cadeia produtiva de dezenas de municípios do Sul e Sudeste do país.
Diretores
e torcedores do ECPP Vitória da Conquista foram surpreendidos há poucos dias
com a entrega de valiosos presentes natalinos. Num encontro marcado para o
Auditório Professora Maria Conceição Meira Barros, no campus da Faculdade Independente
do Nordeste (Fainor), com a finalidade de apresentar os novos uniformes do
time, a instituição de ensino, na pessoa do coordenador de Marketing, Iagno
Borges Andrade, anunciou a renovação do patrocínio ao clube, além da realização
de promoções conjuntas, como sorteios de camisas e ingressos entre os
torcedores. Alunos da Fainor e do Colégio Opção terão descontos especiais caso
ingressem no quadro social. Presentes ao encontro, representantes da indústria
ZAB, fabricante de material de limpeza, também se associaram à campanha de
ajuda ao Conquista.
“Salve
a Serra do Piripiri”. Este apelo está impresso nas novas camisas do ECPP Vitória
da Conquista, a pedido da prefeitura local, em troca de uma ajuda mensal, por
um semestre, de R$ 20 mil. A notícia foi dada pelo secretário de Mobilidade
Urbana, Esmeraldino Correia Santos, que também esteve no campus da Fainor. A
quantia é irrisória, comparada com a doação de um terreno, avaliado em R$ 1,2
milhão, à Assembleia de Deus, onde será construído um templo pentecostal. A
proposta do prefeito Herzem Gusmão será ainda discutida pelos vereadores, que,
provavelmente, não a aprovarão, em atenção à maioria da população, e,
considerando a situação econômica do município.
Ao
contrário das atividades religiosas, que estão isentas do recolhimento de
tributos, o esporte profissional é uma fonte de recursos para o município, que
fica com 5% sobre a renda bruta – o Imposto Sobre Serviços (ISS) – de um
espetáculo público de qualquer natureza. Em 2017, a prefeitura arrecadou R$
12.983,73, nas sete partidas realizadas no “Lomantão”, um valor bem abaixo do
esperado, em virtude da má fase técnica do time conquistense, que levou o seu
torcedor a se afastar do estádio. Substituindo os jogadores, no segundo
semestre do ano, fungos “bateram bola” no gramado, que passou por um processo
de recuperação, com custo para o município.
Descaso
com a imprensa
Nos
jogos do ECPP Vitória da Conquista, que assisti no “Lomantão”, pela Copa do
Brasil, ouvi reclamações de repórteres de jornais paulistas, pernambucanos e
paranaenses, contra a falta de instalações para imprensa escrita, pois não
dispunham nem de uma rústica bancada de madeira para que pudessem usar seus
notebooks. Foram obrigados a trabalhar nas arquibancadas descobertas, sob chuva
(na partida do Palmeiras), no meio do público.
Intervi,
junto com os colegas, o direito de acesso ao setor coberto de arquibancadas. Negado,
de forma grosseira, por um porteiro, alegando que o local é destinado aos
sócios do clube conquistense. Surpresos, os jornalistas questionaram: em que
lugar do mundo o estádio municipal, que pertence ao povo, é ocupado por meia
dúzia de privilegiados, que já gozam de abatimento de 50% nos ingressos?
Por
que não aumentar a arrecadação dos jogos, vendendo entradas numeradas para as
cadeiras? Tenho certeza de que os torcedores com maior poder aquisitivo
trocariam a dureza do cimento das arquibancadas por um lugar confortável,
reservando-se algumas cadeiras para os jornalistas, que vão ao estádio trabalhar
e não se divertir. Com a palavra a Coordenadoria de Esportes da Secretaria de
Cultura.
Conheça
a “Coruja” mineira
Boa
Esporte, nome fora do comum para um clube de futebol, adotou como mascote a
coruja. Incluído tecnicamente numa faixa
intermediária no futebol de Minas Gerais, representa a próspera Varginha, cidade localizada na região do
Triângulo Mineiro, sul do estado. Seu estádio, o “Dilton Melo” (Melão), tem
capacidade para 15.471 espectadores.
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