quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

TEREZA DE BENEDICTIS - COMUNICAÇÃO DE FALECIMENTO


TEREZA DE BENEDICTIS - *14/12/1931 + 13/12/2017
Foto de Ricardo De Benedictis. Ricardo De Benedictis
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Caros amigos:
É com imenso pesar que comunico a todos o FALECIMENTO, por causas naturais, da minha irmã, poetisa TEREZA DE BENEDICTIS, cujo evento ocorreu na tarde desta quarta-feira, em hospital de Botafogo – Rio de Janeiro para onde havia sido transferida por UTI Aérea em setembro último. Ela hoje faria aniversário de nascimento, mas os desígnios da vida jamais estão ao nosso alcance.
Tereza era a de número dois, entre os dez filhos de Massimo Antonio De Benedictis e Nadir Chagas De Benedictis, nasceu em Morrinhos – Poções – Bahia e faleceu no Rio de Janeiro.
Estudou em Poções, no Rio de Janeiro e em Salvador. Voltando a Poções nas férias, conheceu Ângelo Carlos Campos Neto com quem casou-se e teve os filhos: Ângelo Carlos, Maria Ângela, Nice, Rita de Cássia, Jacqueline e Marcello. Os quatro primeiros residem no Rio de Janeiro. Jacqueline, em Porto Seguro e Marcello, em Salvador. Todos os seus filhos e filhas têm curso superior e alguns chegaram a atuar em revistas e TV, como é o caso de Ângelo Carlos. Nice trabalhou por muitos anos na Rede Globo de TV e chegou a dirigir o TELECINE, Rita trabalha na Globo, na área administrativa e Maria Ângela é economista, Jacqueline trabalhou em publicidade, foi apresentadora da TV Santa Cruz, é empresária no ramo de imóveis em Porto Seguro, enquanto Marcello trabalha em cinema e vídeo, na área de sonoplastia e iluminação.
Tereza era poetisa e cantora de gabarito, tocava violão, tinha excelente e acurado gosto musical e ai de quem desafinasse perto dela. Gostava muito de teatro e era admiradora das artes. Promovia saraus em sua residência em Salvador, desde que foi morar na rua 8 de Dezembro, na Graça, depois no Morro Ipiranga e no Costa Azul.
No Rio, morou em Copacabana, inicialmente, Ipanema e Leblon a posteriori, depois na Rua das Acácias – na Gávea, quando foi vizinha de Luiz Carlos Prestes e amiga da esposa do grande líder da Coluna Prestes. Tenho muita história a contar sobre Tereza De Benedictis e seu pendor artístico. Gostava de cantar e andou a compor versos de boa cepa, alguns dos quais publiquei nas várias antologias que editei, juntamente a autores contemporâneos de todo o Brasil.
Em breve farei alguns relatos sobre fatos que marcaram nosso convívio, lembrar dos artistas que frequentavam sua casa e outros fatos relevantes para que a sua memória não seja esquecida.
Adeus, minha querida irmã. Você foi sempre uma estrela brilhante e fazia a diferença entre nós, seus irmãos que tanto a admiramos e amamos.
Até breve.
Os poemas abaixo são da sua autoria e tive o prazer de publicá-los em nossas antologias. Em breve estaremos publicando alguns outros, na medida que conseguirmos catalogá-los.

POEMAS DE TEREZA DE BENEDICTIS

ORGULHO-ME DE VOCÊ
"Se todos fossem iguais a você
que maravilha viver..."
Inspirei-me no poeta
que tão bem soube dizer...
A sua bendita presença
os seus passos em linha reta
sua forma, seu caráter,
uma existência completa...
Eu me orgulho de ter
bem dentro do coração
o meu irmão, meu amigo,
um ser humano perfeito...
Na minha vida, um presente
que tanto amo e respeito...
Por isso mesmo, repito
com grande admiração
as palavras que o poeta
foi tão feliz em dizer:
Que maravilha seria
se todos fossem um dia,
um pouco do que é você...


SERIA MAIS FÁCIL VIVER
O teu semblante
sereno, perfeito,
completo,
emocionante.
A tua bondade,
fluindo,
gratificante
no meu coração...
A tua lealdade
contagiante,
sincera
de um homem
digno, dono,
senhor
da minha contemplação...
E a tua alegria
triste e ansiosa
na transformação
de um mundo
impiedoso...
Se todos te imitassem,
como seria fácil
entender...
E na ternura de teus atos,
exatos, sensatos,
seria mais fácil
viver...

LÁGRIMA
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
Lágrima!
Paras de cair...
Não vês que é tarde?
Por que
Teimas em jorrar
Não vês que ardes?
Os olhos negros
Transparentes!!!
Lágrima
Por que teimas?
Se feres a tua dona
E tuas prendas.
Caindo desse jeito,
Nesse rastro.
Lágrimas,
Dês lugar ao riso
para que todos,
estejam bem
Não transpareças
Das saudades
ou esperanças.
Não vês?
Ficou tudo na lembrança
Paras de queimar
Meu rosto
Para que mostras ao mundo
O meu desgaste
Quanto interessa
Se infeliz sou eu?
Não caias desse jeito
E nessa hora
Dês lugar, ao riso
E vás embora.

MINHA ESPERANÇA
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
É em você, meu filho
Que estou pensando agora
E por você,
Só por você
Que minha guerra.
Tem razão de ser...
Nesse meu mundo
Obscuro
Escuro
Me descubro em você
Abro a minha porta
Deixando entrar
A claridade de um sol bonito
Que me traz você
Só você...
E nos seus beijos
Puros
Inocentes
Que me encontro
No desencontro
Dessa realidade.
É por você meu filho
Que luto e deixo
O sol entrar
E aquecer a minha vida
Tão destruída
Mas por você, meu filho
Que amo tanto
Afasto o desencanto
E me reencontro
Nessa ternura
E nesse bem enorme
Que você me faz

SÓ NA MULTIDÃO
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
Palavras. Só palavras
Que o vento leva
E o vento voa
E me encanto
Enquanto
Espero à toa...
Sinto um arrepio
Nesse corpo frio
Sedento...
Do que me escapa,
Enquanto os meus olhos
Transmitem calor
De fogo e horror,
Nessa maldita esperança
De nada esperar.
Compreender ou tentar
Me encontrar
E para que?
Se estou só...
Com essa multidão
Que não me identifico
Com essa solidão
Que me persegue
E sacrifica
E para que?
Se estou só
Sem nada sentir
Obrigada a fingir
Felicidade
E nesse palco
Representar
E nos aplausos
Me afirmar,
Desafirmando....
Agradar,
Me degradando...

AOS MEUS FILHOS
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
As vezes olhando as flores
Dos campos da minha vida
Encontro meus seis amores
As vezes olhando as flores
As vezes olhando os olhos
Da minha vida tão triste
Me vejo enxugando os olhos
Do pranto das minhas dores
E nessa tristeza que existe
Bem lá no fundo da alma
Que me faz ser tão sofrida
E me faz perder a calma
Mas quando olho nos olhos
Tão lindos dos meus amores
Procuro ficar erguida
E arrumo os meus corredores
E nos tapetes bonitos
Que fiz passar minha vida
Insisto em meus seis amores
E neles tão envolvida
Me permaneço nas flores

TRISTEZA
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
E essa chuva agora
Molhando as ruas
Entristecendo coisas
Minhas e suas.
E essa angústia agora
Me embaçando o peito
Chovendo desse jeito
E as compensações...
Me escapam incontinenti
E tantas emoções,
Há tanto tempo ausentes
E os nossos corações...
Saindo pelas bocas
Dos lobos esfomeados
Ferozes repelentes
Dilacerando corpos
Deixando as mentes ocas
E essa chuva agora.
No meu amor contido
Me acordando os sonhos
Malvados mal dormidos
E as gotas dessa chuva
Molhando-se no meu pranto
E o grito desse vento
Me sufocando enquanto
A minha vida inteira
Teima em acabar-se
Nas folhas desse tempo
Sem tempo e sem razão
Na lâmina afiada
Da sua ingratidão...
CAOS
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
É difícil descrever o que se passa
Se nem mesmo a própria pessoa
Sabe que cor tem:
O sol quando nasce,
O cheiro da terra,
Ou o pó nos móveis,
Velhos e pobres
Podres e novos
Seria difícil descrever a agonia
Fosse por covardia
Ou coragem contida.
Mil versos dariam
E mensagens discretas
Ou paisagens indiretas
Nesse planeta de feras
De onde se enxerga o caos.
Percebe-se a ignorância
Dos menos favorecidos
Seja por discrição ou medo
Como posso saber eu.
O que se passa?
Se nem mesmo você
Sabe de sua loucura
E eu, da minha amargura
Se esse labirinto descreve
Todo um estado de coisas
É como morar no inferno
E se sentir lá no céu
Se nem mesmo gente
Percebe gente.
Como nos atingiriam os animais?
Como posso saber como estamos,
Se não sei pra onde vamos...
E por que? Pra onde ir?
Somos algo em extinção
Não somos nada, então
Nem mesmo uma flor
Ou migalhas de pão...
SEUS OLHOS
Do livro "Poetas da Bahia e Minas - 1981" - Benedictis Editores Ltda.
São duas contas brilhantes
São dois botões atraentes
São dois pedaços de vida
Na vida de dois amantes
É cheiro forte de terra
E um abraço apertado
E o frio gostoso da serra
Nas duas contas brilhantes
Iluminando seus traços
Enriquecendo meus versos
Encandeando os mormaços
Formados nos insucessos
São duas contas brilhantes
Aclareando as estradas
Dois botões cintilantes
Ungüento no meu fracasso
São duas portas abertas
Nas duas vidas presentes
Que satisfazem e despertam
Os pensamentos da gente
No sofrimento dos outros
Carentes, desesperados
São duas contas dementes
Em dois destinos traçados...
8 comentários
Comentários
Ricardo De Benedictis
Ricardo De Benedictis É muito trista ter que noticiar o passamento da minha querida irmã, Tereza De Benedictis. Descanse em paz, Teka!
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Lígia Alcântara
Lígia Alcântara Deus conforte seu coração e de toda a família amigo!
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Ricardo De Benedictis
Ricardo De Benedictis Minha querida irmã Tereza De Benedictis. Não há palavras que definam tudo que vivemos ao longo dos anos, desde os tempos de criança, sempre próximos, a ponto de me transferir para o Rio de Janeiro para morar em sua casa com seu marido e seus filhos e f...Ver mais
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Valnely Amaral Rodrigues
Valnely Amaral Rodrigues Meus sinceros sentimentos que Deus conforte o coração de toda família.
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Vaneide Fagundes
Vaneide Fagundes Que triste Ricardo! Nossos sentimentos e que Deus conforte o coração de toda familia.
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Leu Pires
Leu Pires Meus sentimentos !!
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Ester de Benedictis
Ester de Benedictis Meus sentimentos Ricardo .so vi agora não tinha olhado o cel

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