Os domingos sem futebol
Carlos Albán González - jornalista
Jeremias, no seu abalizado comentário sobre a ausência de
iniciativas culturais e de entretenimento em Vitória da Conquista,
principalmente nos finais de semana, peço sua permissão para ocupar este espaço
a fim de emitir minha opinião. Na verdade, concordo plenamente com as suas críticas.
Enquanto o poder público se omite, os empresários do ramo promovem shows com
intérpretes do axé, do sertanejo e do pagode, como se o conquistense não aprecie
uma cultura de boa qualidade.
Por uma questão de justiça devo destacar o retorno à
atividade do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, que, nos últimos meses,
tem trazido a esta cidade companhias de teatro e de dança clássica, orquestras
sinfônicas e cantores de renome no cenário artístico nacional. Falta à direção
da casa de espetáculos divulgar, com antecipação, sua programação, pelos meios
de comunicação ou pelas redes sociais.
Residindo há quatro anos em Vitória da Conquista continuo
recebendo, por e-mail, o programa de eventos culturais de duas instituições
sediadas em Salvador com raízes espanholas: o Instituto Cervantes, subordinado
ao Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, e a Associação Cultural Hispano-Galega
Caballeros de Santiago, fundada em 22 de novembro de 1960 por um grupo de
imigrantes provenientes da Galícia.
Caro colega, na condição de profundo admirador do esporte,
incluo entre os seus queixumes a ausência de competições nos campos, quadras,
pistas e piscinas. O futebol, praticado em qualquer vilarejo do país, passa por
uma crise administrativa e técnica, revelada no abandono de seu principal palco
e na ausência dos gramados do seu time de maior destaque.
Na tabela do Campeonato Baiano de 2019, divulgada pela
Federação Bahiana de Futebol (FBF), constam as palavras “a definir”, aludindo
aos quatro jogos que o Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista tem
programado para realizar diante de sua torcida, todos em domingos, sendo que dois
deles, contra Bahia e Jequié, são apontados como os de maior presença de
público.
Mais antigo do que seu coirmão, o Conquista F. C. ressurgiu em
2018, disputando a 2ª divisão do futebol baiano. Terminou em quarto lugar entre
seis concorrentes. As peças do uniforme azul e branco voltaram para o armário e
não serão exibidas este ano.
Depois de se submeter a três vistorias por parte da FBF o
Estádio Lomanto Júnior ainda não está em condições de receber os jogos do “Baianão”
– eu chamaria de “Baianinho”, pelo reduzido período de disputa. Na última
inspeção, dia 12 deste mês, o assessor da FBF Jorge Inácio Diniz condenou um
esgoto aberto atrás dos vestiários, o sistema de iluminação e a falta de local
de trabalho para a imprensa escrita.
Pelo menos, o gramado de um milhão de reais, o “bermuda tifway”,
que estava sendo “assaltado” por ervas daninhas, já pode ser utilizado. O andamento
dos trabalhos de recuperação do “Lomantão” não tem podido ser acompanhado pela
imprensa, diariamente barrada nos portões do estádio. A prefeitura garante que
no dia 3 de fevereiro, data do primeiro jogo do Conquista em casa, “tudo estará
perfeito”, afirma o prefeito Herzem Gusmão.
Sepultadas as esperanças do Sub-20 do Conquista na Copa São
Paulo de Futebol Júnior, desclassificado na primeira fase, com duas derrotas e
um empate, a direção do clube alviverde está voltada para o time profissional,
com estreia no Campeonato Baiano no próximo dia 24, diante do Vitória, em
Salvador.
Fora das competições de âmbito nacional (Copa do Brasil, Copa
do Nordeste e Brasileiro), o Conquista terá que fazer uma boa campanha no
Baianão, visando sua presença nos torneios de 2020. O time alviverde fará um
máximo de 13, se chegar às finais, e um mínimo de nove partidas. Suas atividades
em 2019 serão encerradas em 17 de março ou 21 de abril. O quê será feito até
janeiro de 2020 é uma incógnita. Já o
torcedor terá a certeza de que passará muitos domingos sem o futebol.
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