Abraham Weintraub é o novo ministro da Educação
Ele atuava como secretário-executivo da Casa Civil, cargo apontado como "número 2" da pasta de Onyx Lorenzoni. Weintraub assume o MEC após a gestão anterior, de Vélez, ser marcada por controvérsias e recuos.
G1
O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante evento do
governo de transição, em dezembro de 2018 — Foto: Divulgação/Casa Civil
O economista Abraham Weintraub é o novo ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro. Ele foi anunciado nesta segunda (8) após a demissão de Ricardo Vélez Rodríguez. Weintraub era secretário-executivo da Casa Civil, cargo considerado o "número 2" da pasta de Onyx Lorenzoni.
De acordo com o colunista do G1 Valdo Cruz, a nomeação de Weintraub funciona como uma solução de meio termo para apaziguar os ânimos de militares e do escritor Olavo de Carvalho,
que disputavam nos bastidores quem iria fazer o sucessor de Ricardo
Vélez Rodríguez, segundo assessores diretos do presidente Jair Bolsonaro
(leia mais abaixo).
Uma das maiores críticas a Vélez era sua falta de capacidade de
gerenciar o ministério, pasta sobre a qual ele nunca teve total
autonomia.
Julia Duiailibi comenta que demissão de Vélez Rodriguez já era esperada
Weintraub substitui Vélez após pouco mais de 3 meses de uma gestão marcada por diversas controvérsias e recuos.
Houve ao menos 14 trocas em cargos importantes na pasta, editais
publicados com incongruências, e que depois foram anulados, além de
frases polêmicas de Vélez, que levaram a críticas.
Ameaças
O ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni conheceu Abraham e o irmão
Arthur Weintraub em um seminário internacional sobre Previdência
realizado em 2017 no Congresso Nacional. Nesta mesma ocasião, apresentou
os dois ao presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, ainda deputado, Onyx Lorenzoni fez uma requisição de audiência
pública para analisar denúncias de agressões, ameaças e perseguições
relatadas pelos irmãos Weintraub.
De acordo com o documento, o motivo seria a participação deles no
evento "(...) uma vez que a abordagem do tema, as propostas apresentadas
e as demandas técnicas surgidas após o evento partiram de um campo
político diverso daquele que, majoritariamente, domina o meio
universitário, particularmente nas instituições federais de ensino",
escreveu Lorenzoni.
Arthur Weintraub também teria sido hostilizado pela direção da
universidade ao tentar apresentar um convênio entre a Unifesp e a
Universidade de Milão após a participação no evento e foi alvo de
procedimentos administrativos ao qual não teve acesso ao teor da
denúncia.
De acordo com o requerimento, os centros acadêmicos dos cursos de
Economia e Relações Internacionais do campus Osasco da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) publicaram uma nota de repúdio contra os
irmãos. O documento diz, ainda, que os Weintraub foram atacados em rede
social e teriam sofrido ameaças de morte.
O requerimento diz, também, que a Unifesp não tomou providências contra os estudantes.
“A postura da Unifesp frente aos seus dois docentes no episódio
relatado, no entanto, mostrou-se compatível com o processo de
perseguição que vem sendo imposto aos mesmos, em razão de seus
posicionamentos políticos, ideológicos e do trabalho científico que
desenvolvem, pela própria instituição”, diz o texto.
"A doutrinação político-partidária nas universidades públicas as tem
transformado, de espaço plural de educação, formação, ciência, estudo,
pesquisa e integração social; em verdadeiros guetos ideológicos,
dominados por arautos de verdades únicas, obscurantismo e negação de
processos históricos que, valendo-se de um desvirtuado conceito de
autonomia universitária, pretendem impor suas ideias e concepções e
mundo sem o cotejo do contraditório", escreveu Onyx no requerimento.
Frases
Em 2010, Weintraub publicou um artigo de opinião com o título "2025: o
apogeu brasileiro" no jornal Valor Econômico. “(...) Enfim, ao redor do
ano 2025 o Brasil viverá seu apogeu. Não seremos a fagulha do
renascimento libertário econômico ou político, tampouco um vetor
obscurantista. Nessa idade de incertezas, o Brasil, moreno faceiro, é um
país inteligente o bastante para não ser radical. Historicamente,
nossos movimentos são suaves. Há uma deterioração mundial, mas aqui ela é
marota, quase imperceptível. Além disso, tendemos a entrar tarde em
qualquer ciclo, sendo que a inércia do antigo capitalismo ocidental
ainda nos gera uma dinâmica positiva”, escreveu.
Currículo
Abraham Weintraub é formado em ciências econômicas pela Universidade de
São Paulo (1994). Apesar de ter sido apresentado como "doutor" pelo
presidente Jair Bolsonaro, ele é mestre em administração na área de
finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e professor da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Na iniciativa privada, trabalhou no
Banco Votorantim por 18 anos, onde foi economista-chefe e diretor, e foi
sócio na Quest Investimentos.
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