Jornal atrasa salários e suspende 60 profissionais por reclamação
A direção do jornal A Tarde resolveu suspender os jornalistas que paralisaram as atividades
O jornal A Tarde, da Bahia, resolveu suspender 60 jornalistas que paralisaram as atividades no impresso nesta semana. Os profissionais adotaram a medida após os atrasos de salário e benefícios
A
situação do jornal A Tarde, da Bahia, não é boa. Nesta semana, a
redação resolveu parar as atividades em repúdio aos frequentes atrasos
de pagamento e benefícios. No acumulado, os comunicadores estão sem
receber o valor de janeiro, o 13° de 2016 e 2017, 32 meses de FGTS e
quatro meses de tíquete refeição. Além disso, o salário de fevereiro
vence na quarta-feira, 7.
A reportagem do
Portal Comunique-se apurou que os jornalistas resolveram paralisar as
atividades na terça-feira, 27, até que a diretoria respondesse sobre os
atrasos. Acontece que na quarta-feira, 28, além de não conversar com a
redação, a direção do impresso usou de fundamentação legal para aplicar
medida disciplinar no time. No documento entregue aos profissionais, a
direção do A Tarde suspendeu
os jornalistas por três dias pela greve sem “comunicação prévia”. O
veículo afirma que a medida administrativa “visa somente a manutenção da
disciplina, da boa ordem e da eficiência no trabalho”, sendo que fica
ciente de que em caso de reincidência o profissional poderá ser
novamente suspenso ou ter o contrato de trabalho encerrado.
Em
contato com a reportagem do Portal Comunique-se, a diretora do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Estado da Bahia
(Sinjorba), Marjorie da Silva Moura, explicou que alguns profissionais
chegaram a receber o comunicado de suspensão pelo WhatsApp. “A decisão
da categoria foi paralisar até que o jornal pagasse os valores
atrasados, o que foi prometido para ontem, mas não aconteceu até o
momento. Não tem diálogo com a direção do A Tarde”, comenta. Marjorie
conta que está na sede do impresso na manhã desta quinta-feira, 1º de
março, junto com os jornalistas e o advogado da entidade para tentar
resolver a situação.
“Diante do atual
quadro, o Sinjorba vai comunicar a situação vexatória dos jornalistas de
A Tarde e do Massa ao Juízo de Conciliação de Segunda Instância, que
administra o setor de acordo global do qual A Tarde é signatário para
pagamento de processos trabalhistas no do Tribunal Regional do Trabalho,
para que sejam adotadas às medidas cabíveis”, diz a entidade.
Profissionais demitidos sem rescisão
O
atraso em pagamentos e benefícios no A Tarde não é o único problema da
empresa de comunicação, que realiza grandes cortes desde 2016. Com isso,
muitos dos profissionais desligados ainda não receberam os valores de
rescisão. A diretora do sindicato explica que existe processo na
justiça, chamado de acordo global, para resolver a questão. “O que
acontece é que são muitos demitidos. Existe uma planilha de pagamento,
sendo que as ações mais novas entram na fila. Então, tem jornalista
demitido em março de 2017 que ainda não recebeu nada, por exemplo”,
lamenta.
A reportagem do Portal Comunique-se tentou contato com a direção da empresa de comunicação, mas não teve retorno até o momento.
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