sábado, 12 de agosto de 2017

COLUNISTA VIP:

      COMO GADO EM CURRAL

 Jeremias Macário 
 “Uma sociedade em que os trabalhadores são tratados como máquinas... não pode ser concebida como uma civilização” – Mahatma Gandhi.

  Fazer o quê, né? Seja o que Deus quiser. É assim que reage nosso povo cansado e            sofrido, tão explorado e massacrado, diante dos sacrifícios criminosos impostos pelos governantes, luxuosamente acomodados em suas suntuosas mesas de oferendas de inocentes aos seus deuses do capital.

  Não adianta nada denunciar e dar entrevista, seu moço! Temo pela minha vida. Não existe mais esperança de punição dos culpados. É o que mais se ouve de vítimas de crimes e assassinatos praticados por policiais e executores de morte contra cidadãos.

  No cotidiano, como gado em curral, eles burocratizam mais e mais nossas vidas, inventando recadastramentos eleitorais biométricos, documentos novos de identidade, habilitação de motoristas, provas de vida, renovações de papéis no SUS e INSS, entre outras tantas trancas, sob alegação de tornar o sistema cruel mais moderno, seguro e mais fácil.

  Como os governos e os políticos “representantes” roubam nosso dinheiro, por sadismo mesmo, essa corja passa o tempo todo criando mudanças burocráticas e empurra o povo para um curral apertado, sem nenhuma estrutura física e humana. Os serviços são precários, sem espaço e de péssima acomodação, formando longas filas de sofrimentos, choros e lamentações.

   Ao negarem recursos para montar ou ampliar uma estrutura digna de atendimento, eles transformam a vida do cidadão num verdadeiro inferno de Dante. Acreditando no que dizem, de que a medida é para melhorar, e com medo das ameaças de punição se não comparecerem ao local de registro para renovar o documento e provar de que ainda vivem, idosos, doentes, mulheres grávidas e até crianças se amontoam como bichos em grades, lutando desesperadamente para serem atendidos.

  Contra o povo estão praticando atos de vandalismo, violência e crimes hediondos numa sociedade esgarçada de mortos-vivos. O mais espantoso e revoltante é que nos matadouros destas filas só se vê pobres submissos aos caprichos dessa gente. Nada de engravatados da elite burguesa que há mais de 500 anos suga nosso sangue como vampiros.

  Vendo todo este terror do outro lado, o Ministério Público e a Justiça, privilegiados e abonados com suas benesses, calam-se e nada fazem para intervir e exigir que os governos proporcionem condições humanas e dignas de atendimento, suspendendo todos os procedimentos, enquanto não houver tratamento justo e respeitoso.

   Na maioria dos casos, a mídia só mostra o horror, e pouco cobra dos responsáveis pelo atentado macabro. Faz a parte do seu papel pela metade. Enquanto isso, o povo toma seu cálice amargo de sangue em longas esperas nas filas intermináveis.

  O Brasil é um dos países do mundo com o mais alto índice de desigualdade humana e ainda dá o luxo de atanazar a população com burocracias idiotas. Desconheço estatísticas, mas imagino que seja também um dos países do mundo que mais tem e modifica documentos. Sempre estão convocando o povo para atualizar papéis e a se ajustar a processos inventados por eles, para justificar o injustificável.

    Recursos no Brasil existem de sobra para investir na estrutura dessas mudanças desnecessárias, mas todo dinheiro, como se sabe, é desviado, roubado e aplicado nas mordomias das castas privilegiadas do executivo, do legislativo e do judiciário. São tão cínicos que nenhum detector de verdade do planeta consegue reconhecer suas mentiras.

  Quando um cara como o governador do Rio de Janeiro abre um edital para alugar uma aeronave particular de luxo ao valor de 2,5 milhões de reais por mês num estado falido onde os servidores passam fome com os atrasos salariais, este sujeito está sim incitando a violência das massas.

 É violência e vandalismo também aprovar numa comissão da Câmara um fundo de 3,6 bilhões de reais para alimentar campanhas eleitorais de corruptos investigados pela Operação Lava Jato que insistem se manter no poder. Por ironia esta verba é denominada de Fundo Especial de Financiamento da Democracia. Poderia ser chamado de Furto Especial.

  É violência e agressão à população o rombo de mais de 12 bilhões de reais que o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDES, patrimônios públicos, tiveram com empréstimos concedidos a empresas propineiras como a JBS. ?Não estão computados aqui as sonegações e as dívidas não cobradas do INSS e os benefícios dados descaradamente a indústrias, que depois são repartidos entre eles.

  Enquanto isso, o povo é tocado como gado em curral e depois ferrado e carimbado com ferro, para receber números, datas e provas de existência. Essa gente irracional e fascista está nos transformando em ratos e bichos. Até quando? Encurralado, este povo pode virar fera feroz e fazer um estrago danado.

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