Para presidente eleito, novas tecnologias permitiram relação direta entre eleitor e representantes. No discurso, Bolsonaro elogiou Justiça Eleitoral e disse que governará para todos.
g1 - Guilherme Mazui e Rosanne D'Agostino, G1 — Brasília
Jair Bolsonaro discursa em cerimônia de diplomação no TSE
O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (10), em discurso na cerimônia de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o poder popular "não precisa mais de intermediação".
A campanha eleitoral de Bolsonaro se apoiou principalmente nas redes sociais. Ele teve de interromper a campanha de rua devido ao atentado que sofreu e, no horário eleitoral da TV, tinha somente 8 segundos a cada bloco de 12 minutos.
Pelas redes sociais, ele fez discursos, pronunciamentos e manifestações
tanto em mensagens como por meio de vídeos e transmissões ao vivo.
"O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição", afirmou.
Ao chegar para a cerimônia, o presidente eleito, que é capitão da
reserva do Exército, cumprimentou os presentes com uma continência e foi
ovacionado por parte da plateia.
Durante o discurso (leia a íntegra ao final desta reportagem), disse que governará para todos, sem distinção, e não somente para os que votaram nele. Agradeceu pelos mais de 57 milhões de votos recebidos no segundo turno das eleições e pediu a "confiança" dos que optaram por outros candidatos.
Na opinião do presidente eleito, as diferenças são "inerentes" em
sociedades múltiplas e complexas como a brasileira, mas há "ideais" que
aproximam os brasileiros.
"A partir de 1º de janeiro serei o presidente de todos, dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião", declarou.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, recebe da presidente do Tribunal
Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, o diploma que o habilita a
assumir a Presidência — Foto: Evaristo Sá/AFP
Justiça Eleitoral
Em outro trecho do discurso, Bolsonaro elogiou a atuação do TSE na
eleição e disse que a vitória dele nas urnas é o "reconhecimento" de que
o povo escolheu os governantes "em eleições livres e justas".
Durante a campanha, porém, o presidente eleito questionou mais de uma vez a credibilidade das urnas eletrônicas e chegou a dizer que só reconheceria o resultado da eleição se ele fosse o vencedor da corrida presidencial
Em uma transmissão pelas redes sociais durante o processo eleitoral, ele falou até mesmo em "fraude" nas eleições.
Bolsonaro ressaltou que o Brasil é "uma das maiores democracias do
mundo". Segundo ele, os brasileiros votaram de forma "pacífica e
ordeira", expressando o desejo por mudanças.
O presidente eleito disse que país deve se orgulhar pela eleição e que
seu compromisso com a "soberania do voto popular é inquebrantável".
"Nós brasileiros devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de
profundas incertezas em várias partes do globo somos um exemplo de que a
transformação pelo voto popular é possível", afirmou.
Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia de diplomação no TSE — Foto: Rafael Carvalho, Governo de Transição
Nação mais justa
Bolsonaro afirmou ainda que a "construção de uma nação mais justa e
desenvolvida" exige a "ruptura com práticas que historicamente
retardaram o nosso progresso".
"Não mais a corrupção. Não mais a violência. Não mais as mentiras. Não
mais a manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a
interesses alheios. Não mais mediocridade, complacente em detrimento do
nosso desenvolvimento.", declarou.
"Sempre no marco da Constituição Federal, nosso dever é transformar esses anseios em realidade", disse.
"Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente que faça valer a pena
os impostos pagos pelos contribuintes. Nossa obrigação é garantir que os
brasileiros regressem aos seus lares em segurança após um dia de
trabalho. Nosso dever é oferecer condições para que o empreendedor crie
empregos e gere renda ao trabalhador", acrescentou.
Ministra Rosa Weber, presidente do TSE, durante a diplomação de Bolsonaro — Foto: Reprodução/NBR
Rosa Weber
Após diplomar Bolsonaro, a presidente do TSE, Rosa Weber, afirmou que a
democracia não se resume ao voto porque é preciso o "exercício
constante de diálogo e tolerância, a compreensão das diferença".
Segundo a ministra, esse "exercício" inclui o respeito às minorias, "em
especial àquelas estigmatizadas pela situação de vulnerabilidade em que
injustamente se acham expostas".
"A democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento humano", afirmou.
Rosa Weber citou a questão dos refugiados, "vítimas infelizes da
terrível crise humanitária", afirmando que o Brasil está vinculado a
compromissos assumidos há décadas no plano internacional.
Dirigindo-se ao presidente eleito, afirmou que a supremacia da Constituição deve ser o "norte" do próximo governo.
Diplomação
A entrega do diploma oficializou o resultado das urnas. É o última etapa do processo eleitoral e condição formal para a posse, marcada para 1º de janeiro.
A chapa de Bolsonaro recebeu 57,7 milhões de votos na eleição deste ano, derrotando no segundo turno a chapa de Fernando Haddad (PT).
A solenidade desta segunda-feira no plenário do TSE, em Brasília,
reuniu parentes de Bolsonaro, autoridades e futuros ministros do
governo. Os mandatos de Bolsonaro e de Mourão vão até 31 de dezembro de
2022.
No último dia 4, o TSE aprovou com ressalvas as contas da campanha de Bolsonaro. O julgamento era necessário para a diplomação da chapa.
Conforme a prestação, entregue pelos advogados da chapa, a campanha arrecadou R$ 4,3 milhões e gastou R$ 2,8 milhões.
Relator das contas da campanha, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que, segundo a área técnica do tribunal, grande parte das "inconsistências" na prestação de contas foi sanada após a defesa de Bolsonaro retificar a prestação.
Íntegra do discurso
Leia abaixo a íntegra do discurso do presidente eleito Jair Bolsonaro na cerimônia de diplomação no TSE.
Agradeço
também a todos que acreditaram e estiveram comigo desde o início da
minha trajetória, nos momentos felizes, mas, sobretudo, nos momentos
difíceis. Essa vitória é de todos nós.
Agradeço
mais especialmente aos mais de 57 milhões de brasileiros que me
honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a sua confiança
para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país.
A
partir de 1º de janeiro, serei o presidente de 210 milhões de
brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem
social, raça, sexo, cor, idade ou religião.
Com
humildade, coragem e perseverança, e temos fé em Deus para iluminar
minhas decisões, me dedicarei dia e noite pelo objetivo que nos une: a
construção de um Brasil próspero, justo, seguro e que ocupe o lugar que
lhe cabe entre as grandes nações do mundo. Esse é o nosso norte, esse é o
nosso compromisso.
Senhoras
e senhores, somos uma das maiores democracias do mundo. Cento e vinte
milhões de brasileiros compareceram às urnas de forma pacífica e
ordeira. Respondemos ao dever cívico do voto e com serenidade e
responsabilidade.
Nós
brasileiros devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de
profundas incertezas em várias partes do globo, somos um exemplo de que a
transformação por parte do voto popular é possível.
Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável.
Senhoras
e senhores, os desejos de mudanças foram expressos de forma clara nas
eleições. A população quer paz e prosperidade, sem abdicar dos valores
que caracterizam o povo brasileiro.
Nossa
gente é trabalhadora, constituída por homens e mulheres, por mães e
pais que criam seus filhos com suor e dedicação. Temos todos a esperança
de uma vida digna. Gente que não mede esforços pelo sustento de seus
familiares. Gente que precisa de um governo que garanta condições
adequadas para desenvolver seu potencial com liberdade e criatividade.
A
construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer uma ruptura
com práticas que, historicamente, retardaram o nosso progresso.
Não
mais a corrupção. Não mais a violência. Não mais as mentiras. Não mais a
manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a
interesses alheios. Não mais mediocridade, complacente em detrimento ao
nosso desenvolvimento.
Todos
nós conhecemos a pauta histórica de reivindicações da população
brasileira: segurança pública e combate ao crime, igualdade de
oportunidade com respeito ao mérito e ao esforço individual.
Todos
sabemos disso, mas ainda não conseguimos oferecer à população o que lhe
cabe, com dever de Estado. Sempre no marco da Constituição Federal,
nosso dever é transformar esses anseios em realidade. Nossa obrigação é
oferecer um Estado eficiente que faça valer a pena os impostos pagos
pelos contribuintes.
Nossa
obrigação é garantir que os brasileiros regressem aos seus lares em
segurança após um dia de trabalho. Nosso dever é oferecer condições para
que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador.
Tenho
plena consciência dos desafios que se colocam diante de nós. Sem
subestimá-los, trabalharei com afinco para que daqui a quatro anos
possamos olhar para trás com orgulho pelo caminho trilhado em benefício
do nosso amado Brasil.
Senhoras
e senhores, vivenciamos um novo tempo. As eleições de outubro revelaram
uma realidade distinta das práticas do passado.
O
poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias
permitiram uma relação direta entre eleitor e seus representantes. Nesse
novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito
aos altos ideais que balizam nossa Constituição.
Diferenças
são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa, mas
jamais devemos nos afastar do ideiais que nos unem: o amor à pátria e o
compromisso com a construção de um presente de paz e de futuro mais
próspero.
Senhora
ministra Rosa Weber, senhores ministros do TSE, senhoras e senhores,
que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo
eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil.
Com
o apoio e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser
brasileiro. Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e
pela força do nosso hino. Porque temos certeza de que esse país tem como
destino a prosperidade e a paz.
O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe o nosso país e a todos nós brasileiros.
Meu muito obrigado a todos.
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