sábado, 29 de dezembro de 2018

NANDODA COSTA LIMA - COLUNISTA VIP:


Enigma
Nando da Costa Lima
Teve até casamento desfeito e várias separações só por causa dos laços familiares...
A briga entre os Silva da Silva e os Pranchão era a vergonha da cidade, tudo por causa de política. Eles já foram do mesmo partido, mas depois da história do banquete... Foi aquele banquete que separou as duas famílias que se suportaram por vários anos. Tem gente que fala que o lugar só não desenvolveu por causa da teimosia dos dois lados. Um conseguia uma verba, o outro ia lá e derrubava, era aquela velha politicagem de pé de moita.
O coroné Marculino Pranchão, em passeio por Conquista, escutou pelo serviço de alto-falantes do Milagroso que Getúlio ia passar pela região... O coroné voltou pro seu vilarejo no mesmo dia, se o “Home” (presidente) passasse por ali, com certeza passaria por sua casa. É aí que entra o banquete, preparado por um cozinheiro de Salvador. Só o bode que o coroné resolveu assar inteiro no rolete, e fez questão de ele mesmo assar. Queria caprichar, não era todo dia que aparecia um presidente. Deputado não, estes sempre quando apareciam era só matar uma dúzia de galinhas pra comitiva, tava tudo resolvido. 
O banquete foi preparado com capricho, só que o presidente não passou nem por Conquista. Marculino ficou retado e mandou enterrar o bode inteiro, uma iguaria preparada para um presidente não podia ser consumida por gente comum. Foi aí que a oposição caiu matando: “Se enterrou o bode inteiro, é porque o bicho tava envenenado”. Desse dia em diante os Pranchão não tiveram sossego, e o bode virou uma lenda. Os contra falaram que nem andu nasceu onde o banquete foi enterrado. Já outros dizem que viram um bodão de dois metros e com olhos vermelhos... Só quem via essa aparição era os Silva da Silva e os bêbados da cidade. Foram essas crendices que fizeram o coroné enfartar mais de uma vez, nunca tinha passado tanta raiva na vida. Não podia botar o pé na rua, onde entrava via gente comentando sobre o bode. O velho ficou tão encabulado com o fato que acabou morrendo como “envenenador de banquete”, pra você ver até onde vai a ignorância. Até hoje, ninguém aceita um convite para comer na casa de algum Pranchão, e em tempo de “política de bate-boca”, a rivalidade supera tudo. É só ter uma eleição que os Silva da Silva aparecem com o couro de um bode em cima do palanque, e antes de todo comício o locutor conta a história do bode recheado com veneno...
A família Pranchão garante que os dois quilos de veneno pra rato que o coroné comprou na véspera de assar o bode foram usados na chácara que rodeava a casa dele, tava empestiada de ratos.
Na realidade, até hoje ninguém conseguiu provar se o bode tava ou não recheado com veneno... A dúvida cresceu ainda mais depois que um historiador descobriu e revelou que na casa do coroné Marculino Pranchão, nunca teve chácara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário