segunda-feira, 23 de abril de 2018

CARLOS ALBÁN GONZÁLEZ - COLUNISTA VIP:


Segunda tem futebol no “Lomantão”
Carlos Albán González 


Estrear num torneio nacional numa segunda-feira, às 20 horas, sob uma temperatura em torno dos 15 graus, segundo previsão do Climatempo, e com pouca divulgação, significa ausência de público. Esse, provavelmente, será o ambiente que o Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista vai se deparar na noite do próximo dia 23, no Estádio Lomanto Júnior, começo de sua participação no Campeonato Brasileiro da série D, diante do Treze de Campina Grande (Paraíba).
Se houvesse bom senso por parte da Federação Bahiana de Futebol (CBF), o seu presidente, filho desta terra, Ednaldo Rodrigues, leal em todos os momentos – e já se vão 16 anos - aos “cartolas” da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de Ricardo Teixeira a Marco Polo Del Nero, esse jogo seria antecipado para o dia 21, feriado nacional, ou para o domingo, dia 22, com a promoção de uma rodada dupla, envolvendo Conquista x Colo-Colo, pela segunda divisão do Campeonato Baiano.
Vale lembrar que, nos últimos quatro anos, Ednaldo foi escolhido em duas oportunidades para chefiar a comitiva da Seleção Brasileira em excursões ao exterior. Um agrado para quem tem revelado uma indestrutível fidelidade aos seus chefes. 

Num passado recente a própria FBF submeteu o ECPP a uma situação absurda. Programou para Quarta-Feira de Cinzas, à noite, uma partida válida pelo Campeonato Baiano deste ano. Pelas bilheterias do “Lomantão” passaram 381 devotados torcedores, deixando uma renda de R$ 3.575. Deduzidas as despesas restou para o clube alviverde um prejuízo de R$ 6.189.
Pagar pra jogar não é “privilégio” do Vitória da Conquista. O seu coirmão, o Conquista F.C., nos três jogos que disputou em casa pela 2ª divisão contabilizou um prejuízo de R$ 14.806. Buscando uma vaga no grupo de elite do futebol baiano em 2019 o Azulino recebe neste domingo o Colo-Colo de Ilhéus.
Não se ouviu ou se leu uma palavra de protesto. Pelo contrário. Na reunião do último dia 3 num hotel em Salvador o futebol conquistense participou com três votos (da liga e dos clubes profissionais) da manobra continuísta patrocinada por Ednaldo, que desistiu de permanecer até 2023 à frente da federação, apresentando como seu sucessor a um surpreso colégio eleitoral – compareceram 117 dos 145 membros – o até então desconhecido Ricardo Lima. Como ninguém questionou, Lima foi aclamado por todos os presentes.
Lição de democracia, seriedade e modernismo, além de agradecimentos a Deus, marcaram os discursos emocionados do velho e do novo “cartolas”.
Depois da eliminação precoce na Copa do Brasil, quando deixou de ganhar R$ 1 milhão, e quase é rebaixado para a 2ª divisão do futebol baiano, o Vitória da Conquista tem sua última oportunidade este ano de alcançar uma posição melhor no cenário nacional, lembrando que a Chapecoense, campeã sul-americana, também começou por baixo. Imprescindíveis serão o apoio dos desportistas locais, comparecendo aos jogos no “Lomantão”, e dos patrocinadores - a ajuda de R$ 20 mil mensais prometida pela prefeitura caiu no esquecimento.
Dividido em seis etapas o “Brasileirão” da série D começa neste final de semana e termina em 5 de agosto. Nessa fase preliminar os 68 clubes vão disputar seis jogos. Os adversários dos baianos são o Treze de Campina Grande (Paraíba), o Itabaiana da cidade sergipana do mesmo nome e o Santa Rita, de Boca da Mata (Alagoas). Classificam-se para a etapa seguinte os primeiros colocados nos 17 grupos e os 15 melhores segundos colocados. Os quatro semifinalistas (quinta fase) têm vaga garantida na série C de 2019.
A tabela dos primeiros jogos e adversários do Vitória da Conquista é a seguinte: dia 23 de abril, Treze, em casa; dia 29, Itabaiana, fora; dia 6 de maio, Santa Rita, em casa; dia 13, Santa Rita (fora); dia 20, Itabaiana, em casa; dia 27, Treze (fora). A CBF fornece 25 passagens aéreas para distâncias acima dos 700 quilômetros, além de hospedagem e alimentação.
Eleições “democráticas”
O Nadinho, das peladas nos terrenos baldios de Conquista à presidência da liga de futebol da cidade, recebeu, de mão beijada, em 2001, a direção da FBF, e de lá nunca mais saiu. Seu gabinete sempre esteve aberto para seus leais eleitores, recebidos com mimos depois de longas viagens, acompanhados de prefeitos e vereadores de seus municípios.
Ednaldo, aos 63 anos, não ia largar, por se sentir entediado, um cargo que mantém há quase 20 anos. Numa reunião de portas fechadas, sem a presença da imprensa, a Assembleia Geral da CBD aprovou a criação de mais quatro cargos de vice-presidente da diretoria. Um deles, a partir de abril, foi oferecido e aceito pelo baiano de Conquista, que vai trocar Salvador pela Cidade Maravilhosa, com uma ótima remuneração.
Banido do futebol pela FIFA e acusado de corrupção pelo FBI, Del Nero passou por cima dos obstáculos, colocando na presidência da confederação seu herdeiro político, Rogério Caboclo. Contou com o apoio unânime das 27 federações estaduais, que somaram 81 votos; de 17 clubes da série A, que juntos deram 34 votos; e dos 20 clubes da série B (20 votos). O presidente do Corinthians, Andrés Sánchez, que votou em branco, foi o único a protestar; o Flamengo se absteve e o Atlético (PR) não compareceu.
Na semana que antecedeu a reunião de Assembleia, os presidentes Reinaldo Bastos, da Federação Paulista, e Rubens Lopes, da Fluminense, tentaram viabilizar um candidato de oposição – o último pleito com dois aspirantes ao comando da CBF ocorreu em 1986 -, mas não conseguiram a adesão de mais seis federações, como determina os estatutos da entidade.
Para sufocar qualquer movimento de rebeldia Del Nero distribuiu R$ 75 mil reais para cada uma das 27 federações e R$ 20mil para os seus presidentes.
Discreto em suas atitudes, o advogado paulista Rogério Caboclo, 45 anos, é um desconhecido do torcedor, mas não da “cartolagem”. Pelas mãos de Del Nero ganhou em 2001 seu primeiro cargo na Federação Paulista. Em 2012 foi trabalhar no Comitê Organizador da Copa de 2014, e dois anos depois assumiu a Diretoria de Gestão da CBF, responsável pela liberação de verbas.
Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, Caboclo começou a aumentar seu patrimônio a partir do seu ingresso na FPF. Na época, seus bens declarados eram de R$ 570 mil. Dezessete anos depois acumulam R$ 8,6 milhões, 14 vezes mais do que a quantia original. A elevação patrimonial ficou mais evidente depois que Caboclo foi trabalhar na organização do Mundial. Após a vitória ele prometeu transparência na sua gestão.
Hoje Caboclo mora no Rio de Janeiro, em um luxuoso apartamento na Barra da Tijuca, o qual a reportagem não encontrou entre seus bens pessoais.
CARROS DE LUXO
Os bens de Caboclo não ficam restritos a imóveis. Desde que entrou na diretoria da CBF, Rogério Caboclo adquiriu dois carros de luxo.

O primeiro foi uma Mercedes CLS400 ano 2015, que à época custava cerca de R$ 360 mil. Atualmente, o veículo vale R$ 259 mil. O segundo é uma BMW X4 XDrive35I, ano de fabricação 2016, que custou cerca de R$ 320 mil.

Em 2002, Caboclo tinha em seu nome uma Mercedes Classe A (modelo mais popular da montadora alemã) e um Ford Focus, que na época valiam juntos R$ 70 mil.

Apesar dos automóveis de luxo, segundo fontes ouvidas pela Folha, Caboclo costuma se locomover de helicóptero. 
OUTRO LADO
Por meio da assessoria de imprensa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo afirmou que seu patrimônio é compatível com seus rendimentos.
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O futuro presidente da CBF recebe atualmente salário de R$ 120 mil como diretor executivo de gestão da entidade. Seu último salário na FPF, onde trabalhou entre 2001 e 2015, foi de R$ 35 mil —quando ocupava o cargo de diretor financeiro da federação.
Rogério Caboclo se tornou membro do comitê organizador do Mundial de 2014 em 2012. Chegou ao órgão por indicação de Marco Polo Del Nero junto com o ex-presidente da CBF José Maria Marin —hoje preso nos Estados Unidos por corrupção. Entrou na CBF após a Copa do Mundo.
Antes de entrar na Federação Paulista de Futebol, Rogério Caboclo tinha em seu nome quatro propriedades imobiliárias, todas heranças de família, compartilhadas com seus pais e irmãos.
Duas delas pertenciam a ele desde 1988, uma outra foi registrada em seu nome em 1991 e a última em 1994.
Seu primeiro imóvel adquirido individualmente foi um apartamento comprado em 2001 —mesmo ano em que ingressou na FPF— por R$ 185,1 mil, em Indianópolis, na zona sul da capital. 
será julgado pela Câmara de Arbitragem do Comitê de Ética da Fifa, comandada pelo grego Vassilios Skouris.
Em dezembro, Del Nero já havia sido banido preventivamente por 90 dias pelo órgão da Fifa.  

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