Os atores
Nando da Costa Lima
Todo
ser humano tem um pouco de ator. Todos nós, em determinados momentos da vida,
temos que representar... Independente de profissão e credo. Advogados, médicos,
peões, cientistas, todos usam um pouco da dramaturgia para desempenhar melhor o
seu papel. Mas quero falar dos atores de verdade, os profissionais, os
apaixonados por teatro, cinema, televisão, circo. Eles são incríveis, mesmo
quando ainda não famosos. Acho que de tanto emprestarem o corpo a personagens
distintos, eles se tornam pessoas mais compreensivas, mais liberais. E é lógico
que, por ofício, são necessariamente cultos (ou nem sempre). O ator dá tudo de
si para agradar seu público, é claro que quando são elogiados ou ovacionados,
parece que transcendem. Tenho para mim que eles usam os aplausos e elogios como
um alimento pra alma... Por isso eu os acho diferentes. O ator também tem
aquele lado “médium”, é quando ele incorpora um personagem! E não importa que
seja anônimo, quando ele assume pra sociedade que é ator, automaticamente passa
a ser ator, mesmo que a maioria das pessoas acrescente um “pequeno” termo
pejorativo: “Aquele ator doido...”, ou “Aquele doido metido a ator”.
Infelizmente, tem esses detalhes. Talvez por isso a grande maioria dos atores passa
o ofício de pai pra filho, ou mãe pra filha. Porque o único pai que aceita de
“primeira” um filho ator é um pai ator... O resto pode até aceitar, mas fica
com uma pulga atrás da orelha. E também, numa família de atores, o simples
convívio leva os filhos a se interessarem pela carreira dos pais. A maioria dá
segmento!
Aqui
no Planalto da Conquista, quando se fala em artes cênicas, logo vem Gildásio
Leite na mente de várias gerações. Um ator conquistense que trabalhou com os
melhores cineastas brasileiros, como Glauber Rocha, Walter Salles, Tuna
Espinheira. É lógico que por essas redondezas devem ter grandes atores, mas pra
minha geração, Gildásio marcou, talvez pela atuação nos filmes de Glauber
Rocha. Sem falar do lado carismático do ator.Gildásio é um daqueles caras que
já nasce predestinado a ser artista.
Talvez
seja uma das profissões mais difíceis que se tem notícia, pra você chegar lá o
caminho é muito árduo, a grande maioria dos atores é boa. Como eu já disse, só
de assumir o estado de ator, o cara já deve ser considerado. Ele tem que ser
muito corajoso pra falar que vai se dedicar em tempo integral. Hoje até que não,
apesar de ainda existir muito preconceito. Nos anos 60, o cidadão assumir que
era ator era uma roleta russa: ou ele ficava famoso e caia nas graças do povo
ou não se destacava e passava o resto da vida como aquele ator meio doido... A
sociedade adora rótulos, mesmo sabendo que rotular o ser humano é extremamente
anti-social.
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