A Polícia Federal entregou nesta segunda-feira (9) ao Ministério Público Federal (MPF) o relatório final da Operação Tendão de Aquiles, que investigou e incriminou Joesley e Wesley Batista por uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado por meio das empresas JBS e FB Participações.
Os irmãos já foram indiciados e estão presos desde setembro
pela acusação. Segundo a PF, eles se beneficiaram de informações
relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado com a
Procuradoria-Geral da República (PGR) para obter lucro no mercado
financeiro.
A JBS confirmou que comprou dólares no mercado futuro horas antes da
divulgação da notícia de que seus executivos fizeram delação premiada. O
dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que resultou em
ganhos milionários à empresa.
Os Batista teriam praticado, então, o chamado “insider trading”, que é o
uso de informações privilegiadas para lucrar com operações no mercado
financeiro. A venda das ações da JBS em abril também evitou um prejuízo de R$ 138 milhões aos irmãos, já que o valor das ações da empresa despencou depois da revelação de que os empresários eram investigados pela polícia.
"Eles tinham informações bombásticas, com potencial de impacto
relevante no mercado (...) Eles tinham a expectativa de que, no futuro,
essas informações viriam a público. Antes que viessem, se posicionaram
no mercado financeiro e, com base nessas informações impactantes,
aferiram lucro", explicou o delegado da PF Edson Garutti.
Conforme afirmou o delegado, Joesley e Wesley Batista tiveram "suas
responsabilidades estritamente aferidas" no inquérito entregue ao MPF
nesta segunda-feira. Caberá ao órgão, agora, apresentar a denúncia,
solicitar o seu arquivamento ou reencaminhar a investigação para a
realização de novas diligências.
Os dois irmãos foram indiciados pelos crimes de manipulação de mercado e
pelo uso indevido de informação privilegiada com abuso de poder de
controle e administração. Wesley, porém, responderá sozinho à denúncia
da compra de dólares, já que, segundo a polícia, não há indícios da
participação de Joesley nessa negociação.
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