segunda-feira, 2 de outubro de 2017

JEREMIAS MACÁRIO - COLUNISTA VIP:



A ARTE DA “BORRA DE CAFÉ”
Jeremias Macário   
Com aproveitamento dos “coadores” (de pano) ou os chamados hoje de filtros de café (papel), uma alternativa também de reciclagem de materiais usados no dia a dia da cozinha baiana e brasileira, nasce em Vitória da Conquista, no bairro Jardim Guanabara, a arte da “Borra de Café” pela professora Vandilza Silva Gonçalves que há uns três ou quatro anos vem lidando com esta técnica. 
  A primeira etapa é juntar bastantes “coadores” e depois secá-los e limpá-los com cuidado. Com toda paciência e cuidado com o manuseio, Vandilza apara as pontas dos filtros que ficam prontos para o processo de colagem. Tudo parece muito simples, mas não é tanto assim quando o objeto artístico fica pronto para ser visto e apreciado por sua beleza encantadora.
   O formato dos desenhos, com características indígenas e de outros povos do passado, transmite um colorido especial mágico impossível de alguém, à primeira vista, detectar o material utilizado em sua confecção. A arte também tem sido uma forma de contribuir com o meio ambiente reduzindo a quantidade de lixo jogado na natureza.
    Depois de muito trabalho e dedicação de Vandilza, sua arte agora se tornou realidade e está impressa e visível nas paredes da frente e laterais do Espaço Cultural A Estrada, em garrafas e garrafões, pequenas poltronas, jarros, quadros, numa grande torre artesanal e até num baú de madeira.
  Tudo começou com colagens em garrafas, mas o trabalho nas horas vagas, feito como uma terapia espiritual, se agigantou e passou para outros objetos maiores no Espaço Cultural onde também realizamos nosso Sarau entre amigos artistas há sete anos.
  No início, o maior problema era encontrar a matéria-prima suficiente, no caso os filtros de café, mas aí entrou em ação dona Socorro, esposa do professor Itamar Aguiar, que se prontificou a fornecer os “coadores” da sua própria casa, isto depois de degustarmos um delicioso café feito por ela. O próprio Itamar foi quem deu nome à arte da “Borra de Café”.
  De acordo com Vandilza, a questão não está só na colagem dos filtros, mas no acabamento final da obra com desenhos retangulares malfacetados e a pintura em cores variadas que imprimem um realce diferenciado e dão outra vida à peça, seja de barro, madeira, vidro ou em paredes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário