OS GRANDES RECESSOS DAS CASTAS
Jeremias Macário
O trabalhador comum labuta o ano todo como burro de
cangalha e muitos nem têm férias, principalmente depois da reforma escravagista
onde o cara depende do patrão para lhe liberar por uns dias, e outros são
obrigados a ficar em atividade, sem bater o ponto, para driblar a fiscalização
de um Ministério que nem mais existe. Estamos vivendo numa “Sociedade Caranguejo”
onde o povo prefere andar pra trás e apoiar os retrocessos sociais.
Enquanto isso,
somos obrigados a conviver e alimentar as castas parlamentar e judiciária que
têm três meses de férias durante o ano, chamadas pelo pomposo nome de recessos,
porque eles “merecem” por serem os privilegiados gênios superiores aos mortais,
mas dizem que são “ossos do ofício”. Nada disso existia no mundo antigo
greco-romano e nem nos países mais civilizados de hoje. Acrescente a tudo isso
os “feriadões” de semana e os carnavais dos bacanais.
Se estou
enganado e equivocado que me digam, mas nunca ouvi e vi um político sério apresentar
um projeto-de-lei para acabar com esses recessos de meio e final de ano e se
igualar ao povo trabalhador que dá duro para ganhar o pão suado de cada dia. Quem
fizer isso pode ser execrado do grupo. Isso não é nenhuma espécie de socialismo
ou comunismo, mas simplesmente dar o exemplo de cidadania e respeito ao povo
que paga caros tributos para sustentar as mordomias.
Sem falar nos outros tantos privilégios e
penduricalhos destas castas brasileiras, incluindo o executivo, acabar com os
recessos (existem os dos tempos eleitorais) seria apenas um ponto mínimo de
partida moral dessas classes, para recuperar junto à população um pouco de
credibilidade que anda tão perdida ao longo dos últimos anos. Como pode uma
nação crescer e se desenvolver social e economicamente quando existe tanta
diferenciação entre categorias? Como lutar todos por uma mesma causa, diante de
tantas injustiças e excrecências? Nosso país está podre e fede, meus amigos!
DUAS SESSÕES
Pela
“liberdade da economia”, agora o capitão-presidente formaliza que o patrão pode
requisitar os serviços do seu empregado aos sábados e aos domingos, tendo ele
direito apenas a uma folga do domingo no mês. Mais uma chibata no lombo do
trabalhador nesse universo de mais de 13 milhões de desempregados. Quem haverá
de reagir, se lá fora tem uma multidão querendo tomar o seu lugar? Estamos
retornando aos tempos do mourão e das correntes. É muito triste o que vem
ocorrendo em termos de absurdos!
Além dos recessos e feriadões, o Congresso Nacional (513
deputado e 81 senadores) esvaia Brasília a partir da quinta-feira, sob o
pretexto banal de que tem as bases para visitar e dar “assistência”, quando cada
um já tem mais de 20 cabos eleitorais espalhados em seus estados e municípios à
sua disposição. O mesmo acontece nas assembleias legislativas e nas 5.570
câmaras de vereadores, com suas regalias de um monte de “funcionários” para zelar
pelas suas plataformas e regar seus lotes todos os dias.
Aqui mesmo em
Vitória da Conquista são 21vereadores com apenas duas sessões por semana só no
turno da manhã, com seus gabinetes e verbas para receber seus eleitores. Muitos
deles são profissionais liberais que passam, mais tempo cuidando de seus
negócios em seus escritórios do que na Câmara que realiza duas sessões, a
maioria para aprovar indicações, títulos e moções de aplausos, com poucos
projetos em benefício da comunidade e quase nenhuma fiscalização do poder
executivo, sua principal função que e esbarrou somente na teoria.
Nos outros municípios brasileiros, o quadro não difere
do de Conquista, apenas estou colocando como exemplo por estar próximo a nós
cidadãos, que pagamos o maior e o mais caro “pelotão” de parlamentares do
mundo, num Brasil abarrotado de misérias, com a mais profunda desigualdade
social e gente catando comida nos caminhões de lixões.
O judiciário é
outra castaque vive bem distante do povo brasileiro, governado agora por
militares sob o comando dos capitães coronéis e generais, como assim pediu nas
ruas boa parte da “Sociedade Caranguejo” que se iludiu que os privilégios iriam
se acabar, mas só está vendo regressão através
das ideias velhas e arcaicas, contrárias à evolução.
Agora o moço, que antes prometeu levar em conta a
meritocracia para ocupação de cargos no seu governo, quer nomear seu filho para
ser embaixador nos Estados Unidos porque ele fala inglês e é amigo do filho do
maluco do Trump. O que seus adeptos seguidores dizem disso?
O Brasil sofre
e está sendo visto lá fora no exterior como um país símbolo do atraso. Colocaram
nas cabeças das pessoas, a maioria uma massa ignorante, de que a reforma da
previdência, uma Torre de Babel, onde ninguém entende, é a salvação quando tudo
é ledo engano. Para sua aprovação estão sendo utilizados os mesmos truques e métodos
do troca-troca parlamentar como numa bolsa de leilões.
Já ouviu coisa
mais chata do que a narrativa da votação da reforma na Câmara feita pela mídia
televisada? Uma repórter passa o tempo todo falando dos trâmites, dos cálculos,
das condições, pontos ganhos, pontos perdidos, deduções e você fica ali sem
nada entender, nem os especialistas no assunto que vão ter que estudar cada
trecho.Nem os mais instruídos, quanto mais o resto da população. Parece
narração de esporte norte-americano. Não consigo compreender essa diferenciação
entre homem e mulher, se é sempre o homem que morre primeiro, e se fala tanto
em igualdade de gênero!
Só sei que o corporativismo separa as categorias
privilegiadas dos trabalhadores comuns que vão pagar o peso e o preço alto da
mercadoria empacotada. Ela é tão intricada e cheia de nós que nem os maias
esclarecidos conseguem decifrar seu enigma, mas uma coisa é certa que ela vai
devorar a maioria que representa a menor renda, enquanto a minoria abastada (a
classe dominante) é a dona de quase toda riqueza do país. Esta vai continuar
intocável.
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