“MINHA TIA TOCA VIOLINO”
Ricardo De Benedict is
Estávamos em Salvador, no final dos anos 1970, em um
bar de Brotas que ficava na esquina da rua Frederico Costa, com um grupo de
amigos que ali se reunia para bebericar algumas cervejas, aos sábados.
Entre eles, Ernesto Marques (professor), Carlos Uzel
(bancário), Horacio Matos Neto (deputado), José Leão (dentista), Jorge Chaloube
(comerciante), Gaguinho (segurança), entre outros.
Entre um gole e outro, falávamos de assuntos os mais
variados e jogávamos ‘pauzinhos’, com 3 palitos de fósforo para cada
participante, ficando o último colocado na aposta com o ônus da cerveja bebida
pelo grupo. Na relação descrita, a conta chega a 6, contando comigo, uma vez
que o Gaguinho não bebia nem apostava. Comia muito e bebia coca-cola, cujo lanche
era rateado pelo grupo.
Numa manhã de sábado, enquanto esperávamos a feijoada
de dona Alice, mãe de Ernesto, jogávamos animados quando, de repente, chegou um
cidadão e nos interrompeu, perguntando:
- Desculpem amigos... É que eu estou procurando dona Mariquinha, que
mora nesta rua e o número da casa não existe. Já subi e desci a rua, mas não
acho o endereço, algum dos senhores poderia informar onde ela mora? Ficamos
todos paralisados por segundos, tempo em que, Uzel se adiantou e perguntou ao
cidadão: - Por favor, amigo, o senhor pode repetir o nome da pessoa que
procura? E o senhor repetiu: - dona Mariquinha, môço. Imediatamente, Uzel
adiantou-se até a porta do bar, seguido pelo cidadão e disparou, apontando para
o outro lado da rua: - Vê aquela casa na
esquina, com uma janela aberta? O homem balançou a cabeça, afirmativamente. E
Uzel arrematou:
- Pois bem, ali
mora a dona Mariquinha. Ela é minha tia e toca violino!
O homem agradeceu e foi embora...
O relato que faço, tem a ver com a intenção do
presidente Bolsonaro de indicar seu filho Eduardo, para a Embaixada do Brasil
nos Estados Unidos. Instado pela mídia a explicar-se quanto a sua competência
técnica para assumir cargo tão relevante, ele disse algumas pérolas. Entre
elas, que havia enfrentado muito frio no Canadá, que conhece bem os Estados
Unidos e, por último, que fritou muitos amburgueres por lá. Tais frases remetem
à piada de um fato verdadeiro que relatei para os amigos, apenas no sentido de
que, os Bolsonaro têm uma ‘tia nos States, que também toca violino’. Ora bolas.
Pra que melhor credencial?
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