VITÓRIA DA CONQUISTA EM
Jeremias Macário
O foco das discussões
dessa vez do “Sarau A Estrada” que está completando oito anos de existência foi
“A Formação de Vitória da Conquista, de povoado à capital do sudoeste”. O
assunto foi de grande importância, pena que sentimos a ausência de companheiros
em nosso evento que poderiam ter muito contribuído para um debate mais
aprofundado.
Mesmo assim, cumprimos
com o nosso dever de seguir nosso formato, de antes das cantorias, violadas e
das declamações de poemas e causos, colocar o tema proposto em questionamento.
Dessa forma, os trabalhos da noite do último sábado, dia 15 de setembro, foram
abertos pelo jornalista e escritor Jeremias Macário que colocou na mesa três
pontos que ainda merecem ser mais estudados, como a data de emancipação da
cidade, uma história que precisa ser reescrita e por que o fundador da vila é
pouco lembrado?
No primeiro ponto,
Macário abordou a questão da data de emancipação, 9 de novembro de 1840 levando
em conta a posse do Conselho Municipal da vila, criada pelo Decreto Imperial em
19 de maio do mesmo ano. Acontece que a vila continuou dependente da comarca de
Caetité e Jacobina, para resolver conflitos jurídicos e políticos. Na verdade,
Conquista só se tornou cidade em 1º de junho de 1891, depois da Proclamação da
República. Passou a se chamar Vitória da Conquista em 1943.
Por que, então,
municípios como Ilhéus e Porto Seguro, bem mais velhos como vilas, celebram
suas emancipações com base na passagem para cidade, com menos anos de
independência?Ilhéus, por exemplo, passou a comemorar a partir de 1881, mas já
era vila em 1534. Porto Seguro completou, em 28 de junho último, 132 anos de
emancipação, se bem que já era vila 1534.
Até pouco tempo,
Caetité seguia esta norma, mas decidiu reunir um grupo de intelectuais e fazer
o mesmo que Conquista para justificar que é bem mais velha como vila.Cachoeira
nasceu às margens do rio Paraguaçu no século XVI. Em 1698, a freguesia alcançou
a categoria de vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira. Somente
em 13 de março de 1837 foi elevada à cidade, data em que comemora sua
emancipação política.
Sobre uma história que
precisa ser reescrita, ele apontou que a caixa preta de Conquista ainda não foi
aberta, e só quem pode fazer isso é a Igreja Católica através do documento da
Propaganda Fide, dos Capuchinhos, em Roma.Por fim, o fundador João Gonçalves da
Costa não recebe de Conquista a merecida homenagem. Com seu nome só existe uma
pequena praça perto da prefeitura, bem escondida.
O rei de Portugal, na
época D. João V, já no final do século XVIII, enviou os bandeirantes para esta
região, para procurar ouro, vigiar e fiscalizar a rota dos minerais para a
corte (evitar o contrabando), ou, simplesmente, para aqui implantar pastagens
de gado e lavouras?
Estes e outros assuntos
foram levantados, mas, a conclusão mais lamentável foi a de que o conquistense
ainda conhece muito pouco sua história. Quem desconhece seu passado, tem
dificuldade com o presente e não sabe construir o futuro. As escolas não
discutem o tema como deveria.
No mais, o Sarau do “Espaço Cultural A
Estrada” contou com as presenças dos músicos e compositores Baducha, Mano di
Souza, Moacir Morcego e a visita, pela primeira vez, da cantora Larrisa que nos
brindou com sua simpatia, delicadeza e belíssima voz. Disse ter adorado o
encontro e agradeceu a todos por ter sido bem recebida. Sentimos a falta de
frequentadores mais assíduos que não justificaram suas ausências.
Tivemos ainda Jeshus
com seus causos, os fotógrafos Zé Silva e D´Almeida, Edna que declamou o poema
“Senhora Conquista” com sua eloquência e grande capacidade decorativa, Evandro
Gomes e sua esposa Rozânia, da Academia de Letras de Vitória da Conquista, a
psicóloga e poetisa Regina, professor Jovino e Tânia, Jackson e sua esposa,
Rosângela e João.
Como se trata de um “Sarau Colaborativo”,
depois dos debates, as canções e as declamações foram também incrementadas e
animadas por um bom bate papo descontraído, temperado ao vinho, uma cerveja
gelada e tira-gostos. Lá pela madrugada, a anfitriã, Vandilza Gonçalves serviu
uma deliciosa dobradinha, feita por ela, com salada orgânica da nossa horta
caseira, que todos se serviram e agradeceram aos deuses do Olimpo, ou da noite
cultural.
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