O QUARTETO LAXANTE E ARQUIVADOR
Jeremias Macário
“No inferno os lugares mais quentes são reservados
àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise” – Dante Alighieri,
escritor italiano.
Toda nação clama por honestidade, o fim da
corrupção e das mordomias, menos desperdício do dinheiro público e mais
investimentos na educação, na saúde e na segurança. O povo acorrentado num
pelourinho chamado Brasil está cansado de ser chicoteado. A democracia sangra neste
tempo de caos e fizeram do voto uma arapuca com enganoso alpiste onde os mesmos
serão eleitos.
Em contrapartida, o
legislativo, o judiciário e o executivo fazem deboche com “projetos venenos”
dos agrotóxicos, “pautas bombas” de mais gastos, votações de mais cabides de
empregos nas estatais e o laxante do solta políticos e empresários bandidos - ladrões,
sob o comando de um quarteto arquivador
de processos que tudo faz para anular a Operação da Lava Jato.
De forma escancarada, sem nenhum pudor, com
seus truques jurídicos de araque, os ministros do Supremo Tribunal Federal
Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio de Mello e Lewandowski se juntaram
para libertar presos criminosos investigados e condenados pelo Ministério
Público, Polícia Federal e toda força tarefa da Lava Jato, alimentando o verme da
impunidade que tem colocado o país de joelhos.
O arroto das sentenças de solturas coincidiu
com a euforia da Copa do Mundo, justamente quando a seleção brasileira ainda
estava ganhando, e os atos espúrios abriram brechas para que um desembargador suspeito
cometesse o desatino de mandar libertar o ex-presidente Lula, passando por cima
de um colegiado superior. Simplesmente, o magistrado aproveitou a cancela
aberta para fazer passar o dono da boiada.
Nós queremos um Brasil melhor, mais justo e
sem castas privilegiadas que ganham 150 a 200 mil reais por mês, enquanto o
pobre padece para receber mil reais num regime trabalhista escravagista, e o
aposentado abrevia sua morte com um benefício miserável. Eles da elite nobre
burguesa cupim insistem no contrário para permanecerem no bem bom, depenando o
país que é motivo de chacota lá fora no exterior.
Escorados em suas benesses, vivendo em
mansões e palácios, eles têm mil recursos nas brechas das leis, arquitetadas
pelos mesmos para se livrarem dos roubos e crimes praticados contra a nação. Os
próprios executores dessas leis beneficiam aos seus e gozam de altas mordomias
e distinções como o auxílio-moradia com gastos de um bilhão de reais até o
final deste ano.
São altamente perigosos
e matam milhares de crianças, jovens e idosos por ano nas filas e corredores de
hospitais por falta de assistência médica e através da violência bruta nas
grandes cidades, originária da ignorância e da miséria que prosperaram no Brasil
porque eles meteram a mão nas verbas da educação. No lugar, mandam tanques,
fuzis e metralhadoras de extermínio sumário.
Os renegados súditos esfarrapados da vala
comum dificilmente têm apenas um recurso de apelação para se defender dos
carcarás. A maioria mofa nas cadeias, prisões e masmorras medievais subumanas.
O furto de um pão e a tragada de uma maconha são atos condenados a duras
penalidades, muitas das quais sem antes serem julgadas. No nosso país, a lei
nunca foi igual para todos.
E assim segue o Brasil vendendo e leiloando
suas estatais a preços de banana, com suas profundas desigualdades sociais,
quase todos vivendo nas injustiças, mas, mesmo assim, uns odiando e
discriminando os outros nas divisões de raças, gênero, cor da pele, na ideologia
e nas preferências partidárias. Estapeiam-se, vergonhosamente, nas redes
sociais com xingamentos e palavrões.
Só eles se unem para
manter os mesmos métodos maquiavélicos de supremacia e poder, com um Congresso
de marajás (muitos larápios e até presos) de 513 deputados, 81 senadores e
milhares nas assembleias e câmaras municipais. Fecham o cerco em si quando
pressentem alguma ameaça de fora que indique cortes do seu bando ou denúncias
de suas armações.
É este o Brasil de cinco séculos de
concentração de renda entre eles. Agora mesmo, um relatório da Consultoria
Capgemini indicou que o número de milionários no país cresceu 4,25%, passando
de 165 mil pessoas para 172 mil em 2017. Só no ano passado, o Brasil ganhou
mais sete mil milionários. O grupo somou mais de quatro trilhões de dólares, um
aumento de mais de 8% em relação a 2016. Gramsci chamou de sintomas mórbidos
quando o velho não morre e o novo não nasce. Eles se perpetuam.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas também
mostrou que a desigualdade social cresceu no primeiro trimestre deste ano em
comparação com o mesmo período do ano passado. Os 20% mais ricos tiveram
aumento de 10,8%. Uma ONG britânica revelou que cinco bilionários brasileiros
concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população do
país.
Os desiguais
socialmente vivem brigando e às turras, enquanto eles em classe somam forças
para explorar e extorquir cada vez mais. Assim age o quarteto laxante arquivador
em conjunto com os devassos do Congresso Nacional e sua turma de empreiteiros
assaltantes. Esnobam dessa gente que sempre foi criada à base de rações que
sobram da mesa deles. A ordem é não ensinar para não ter voz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário