sábado, 23 de março de 2019

NANDO DA COSTA LIMA - COLUNISTA VIP:


MÃE É MÃE

NANDO DA COSTA LIMA


Meu “fio” João Pelêgoera tão dedicado ao patrão que deixava o burro dormir arreado pra no caso do “coroné“ Eustáquio precisar de alguma coisa. O pobre do bicho ficou uma peladura só! Fazia pena! O “coroné” em passeio pela fazenda passou pela casa de João e quando viu o burro naquele estado, ele que não gostava de malvadeza, ficou tão retado que mandou dois cabras arrear João e deixar um dia amarrado ao sol. Depois disso João Pelêgo nunca mais foi o mesmo, ele que era valentão, amofinou. É claro que o arreio machucou o corpo, lascou o homem pra falar a verdade! Ainda mais com o peste do neto do “coroné” montando de espora e cortando ele na taca toda hora que passava por perto. Mas o que mais doeu é que ele tinha o patrão como um herói, além de ser padrinho do seu filho. Não tinha necessidade daquilo só por causa de um bicho pagão. Se o bicho dormia arreado era pro bem do “coroné”, que era um homem doente e a qualquer momento podia precisar de socorro. É o que dá querer ser prestativo demais! Ainda botaram o apelido de rei dos puxa-saco só porque não levou a mulher pro hospital pra parir, Julinda foi parir andando, também, “era só 3 léguas”. Pior era deixar o “coroné“ Eustáquio sozinho depois de ter comido feijoada à noite. E se ele empanturrasse e passasse mal! Quem é que ia comprar a Jurubeba Leão do Norte pra aliviar a queimação no bucho? Quem mais sabe que João Pelêgo não é de adulação com ninguém sou eu que sou a mãe dele. Puxa-saco! Só esse povo invejoso que acha isso. Injustiça com meu menino!.. Tão servidor que mal recuperou da insolação e já doou um rim pra filha do “coroné”, até se comprometeu de no caso do netinho de seu Eustáquio sofrer do mesmo mal da mãe que pudesse tirar o outro. O próprio “dotô” que fez o transplante distratou o pobre do João sem nem conhecer a gente, falou pras enfermeiras que nunca tinha visto um filho da puta tão puxa saco, sobrou até pra mim que sou uma viúva séria. Enquanto meu finado marido era vivo eu só dei pro “coroné” uma vez, assim mesmo foi por engano, ele falou que tava com vontade de comer uma coisa diferente, quando notei que ele queria era um ensopado de leitoa ou uma buchada de bode eu já tinha tirado a “caçola”. Uiuiui, não gosto nem de lembrar, o “coroné” errou o alvo! Ai minha Santa Getrudes... até hoje, quando vejo uma garrafa de Jurubeba, eu fico toda arrepiada. Fiquei um mês sem poder montar a cavalo. Mas não vai ser eu quem vai explicar isso pra esse povo fuxiquento, já basta a perseguição que eles têm com o meu filho. Se isso cai na boca deles, meu Deus do céu...

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