A ESTUPIDEZ DA HUMANIDADE
Jeremias Macário
Segundo o historiador
grego Tucídides (460 a.C.), a humanidade está destinada a não aprender nada da
história e a repetir sempre, em todas as gerações, os mesmos erros, as mesmas
injustiças e bestialidades.
Desde os primórdios dos
tempos que o homem foi um bárbaro em constante luta para estrangular o outro e
consolidar suas conquistas, não importando os fins.Os relatos históricos das
cavernas às guerras dos sumérios aos babilônios da Mesopotâmia, com seus generais
carniceiros e cruéis, e as tragédias gregas aos dias atuais que muitos,
inconscientemente, os chamam de era da civilização, estão banhados de estupidez
do sangue humano.
A história está repleta
de cenas de horror e de massacres, como as invasões romanas (destruição de
Jerusalém no ano 70 d. C.), dos persas, das cruzadas, dos otomanos;a extinção
dos índios nas Américas pelo colonialismo europeu; e as matanças de milhões nas
duas guerras mundiais pelo nazismo de Hitler e o comunismo de Stalin, mas
imputamos a tudo isso a coisas do passado. Ledo engano, enquanto houver
fronteiras, lá está a estupidez da humanidade degolando cabeças earrancando
seus escalpos.
A barbárie continua presente em pleno século
XXI, nos tempos que denominamos de “modernos”, só porque, como copiadores,
avançamos na tecnologia e na ilusão do “progresso” exclusivista.As atrocidades
na Síria, no Iraque, no Iêmen, em Mianmar; os conflitos e a fome nos países
africanos que dizimam milhões de crianças e adultos; e os dramas angustiantes
dos refugiados estão bem ai batendo em nossas caras, gritando que somos
medíocres, imbecis e estúpidos.
Somente na África, oito milhões foram
desterrados e escravizados pelo colonialismo. Sob domínio inglês, em Bengala,
na Índia, 10 milhões de pessoas morreram de fome, em 1770. Em 1943, no mesmo
local indiano, mais três milhões faleceram de fome. Na época, Churchill
respondia que a fome se devia aos muitos filhos que tinham. “Se estão morrendo
de fome, por que ainda não morreu Gandhi?” O regime stalinista trucidou 25
milhões de pessoas.
Com a invasão de refugiados famintos, fugindo
desesperados por causa das guerras sanguinárias do terror, o capitalismo
colonialista ocidental está colhendo o que plantou nos séculos passados, e mais
recente com a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e a guerra civil na Síria
que desestabilizaram o Oriente Médio. Como não cuida do seu planeta, o homem
manda foguetes ao espaço ao custo de bilhões de dólares à procura de outro para
também destruí-lo.
Em 2016 chegaram pelo mar
na Europa, quase 170 mil refugiados, e em 2017 foram cerca de 360 mil.
Italianos e outros povos da região que foram recebidos de braços abertos no
Brasil e países das Américas, com todos os privilégios que não tinham os
nativos, agora expulsam, cruelmente, levas e levas de barcos cheios de farrapos
de gente da Líbia e outras nações vizinhas.
Os EUA de Trump, a Inglaterra e outros
colonialistas imperialistas que tanto invadiram territórios, implantando
ditaduras, explorando, desagregando as pessoas e destruindo tudo pela frente,
agora cospem no prato que comeram. Expulsam os imigrantes como restos das
sobras que não servem mais.
Quando os ânimos estão acirrados nas disputas
de bens ou discursos, e um quer baixar o tom, sempre se diz: “Vamos falar como pessoas
civilizadas”. Mesmo que haja uma resposta positiva para uma trégua, ainda não
alcançamos esta era, se bem que muitos achem que são mesmos civilizados, só
porque navegam em redes sociais através de seus celulares, tabletes e computadores,
falando as piores besteiras e barbaridades para aparecer; exibindo suas
frustrações e disseminando o ódio e a intolerância.
Se é uma coisa que
ainda não somos é civilizados, e os milhares de fatos estão ai para comprovar.
Não passamos de aproveitadores egoístas e oportunistas onde cada um só pensa em
si, em ser “famoso” e ter dinheiro e poder a qualquer custo, mesmo que tenha
que matar e beber o sangue, se possível for.
O próprio sistema
capitalista selvagem e predador que temos aqui no Brasil, que engole os mais
fracos, por si só, já é uma estupidez e uma barbárie. Nada de civilizados,
humanos e modernos!Para que mais estupidez que as profundas desigualdades
sociais? Deixamos nossas marcas e assinaturas de bárbaros nas favelas e
casebres desumanos, cheios de ratos e esgotos fedorentos.
Ainda aplaudimos nos
ringues as lutas livres de pancadarias na cabeça, chutes e porradas por todo o
corpo, com métodos selvagens que lembram os gladiadores nas arenas romanas da
antiguidade.
Ainda se matam com paus, facas e tiros nos
estádios de futebol por causa de um time, cujos jogadores analfabetos e
semianalfabetos ganham milhõespor ano, quando um doutor, ou professor, não
passa dos 30 a 50 mil reais.
Ainda nos encantamos com a Fórmula 1 de luxo
queimando combustíveis com seus roncos e emporcalhando o meio ambiente.
Ainda adoramos, de corpo e alma, o deus do
consumismo, comprando porcarias sem utilidades, enquanto quase um milhão de
habitantes vive em total miséria na terra.
A estupidez humana e as barbaridades estão ai
escancaradas. Só não vê quem não quer e se faz de cego, surdo e mudo. Uma
tecnologia na mão não faz o homem civilizado, se ainda existe em seu redor
milhões de famintos de barriga vazia, milhões de analfabetos e milhares
morrendo todos os anos nos corredores dos hospitais por falta de um atendimento
médico digno. Por este último motivo são 153 mil mortes. Isto não é uma
estupidez?
Nenhum comentário:
Postar um comentário