Bolsonaro tenta reforçar imagem de 'autêntico' com declarações à imprensa
RESUMO DA NOTÍCIA:Em nova postura, Bolsonaro passou a falar com a imprensa todas as manhãs. O objetivo seria resgatar a imagem de espontâneo que tinha quando era deputado
A
espontaneidade pode ser a característica de Jair Bolsonaro (PSL) que
mais agrada seus eleitores fiéis, mas existe uma boa dose de cálculo
político por trás das ações que o mantêm como protagonista dos noticiários e das piadas na Internet. Ao menos é o que dizem alguns dos seus principais auxiliares em conversas reservadas com repórteres do jornal O Globo.
As
conversas com a imprensa ao sair do Palácio do Alvorada todas as manhãs
são um exemplo disso. A lógica lembra o ditado "falem bem ou falem mal,
mas falem de mim".
O
presidente admite a assessores que mesmo suas declarações mais
polêmicas são melhores para sua imagem do que as vezes que ficou em
silêncio, o que era mais comum no início do governo. Agora, decidiu
tomar as rédeas da comunicação oficial e reforçar a imagem de
"autêntico" pela qual era conhecido quando deputado.
"O
repórter agora sou eu", disse em uma coletiva de imprensa em Anápolis
(GO), no início de agosto. "Vocês podem não usar, mas eu coloco nas
minhas redes sociais."
É
verdade: ele começa as conversas matinais com a imprensa respondendo
perguntas dos repórteres, mas também usa o espaço para transmitir seus
recados. Todas as declarações são gravadas por seus assessores e, ao
longo do dia, viram conteúdo para suas redes sociais.
Um
dos objetivos do capitão reformado é evitar que coadjuvantes do
governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão, roubem-lhe a cena. Para
continuar nos holofotes, Bolsonaro tem dado vazão a ímpetos
aventureiros, escapando da agenda oficial.
No
domingo (11), pegou uma moto no Clube da Aeronáutica e foi até o Lago
Sul, onde andou de jet-ski. Ainda de moto, foi até a Torre de TV, onde
funciona uma feira de artesanato, e tomou caldo de cana. Assim, reforçou
a narrativa de que é um político diferente de seus adversários, avalia
um auxiliar.
Nem
Fábio Wajngarten, Secretário de Comunicação, nem o porta-voz do
governo, Otávio do Rêgo Barros, têm qualquer controle sobre a relação do
chefe do Executivo com imprensa, ou sobre a forma como ele administra
suas redes sociais. Jair Bolsonaro tem deixado claro que não quer ser
tutelado nesse sentido: convenceu até o filho Carlos Bolsonaro, vereador
do Rio pelo PSL, a diminuir postagens no Twitter que levem polêmicas
para seu governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário