A absoluta imprevisibilidade tomou conta da política brasileira.
Ninguém, em sã consciência, pode traçar um quadro do processo sucessório
de 2018.
A instabilidade é tão grande que sequer sabemos como poderá estar o
País na semana que vêm ou após uma nova série de delações premiadas.
É muito difícil estabelecer um cenário de desenlace da crise política mais grave – e longa – da história republicana. Nada indica uma solução a curto prazo.
Por outro lado, o seu prolongamento impede a recuperação econômica,
isso depois do terrível triênio (2014-2016). Paradoxalmente, o governo
obteve importantes vitórias no Congresso Nacional, aprovando medidas
consideradas impopulares com relativa facilidade.
O momento de “nem paz, nem guerra” mantém o País em compasso permanente de espera.
A cada semana somos apresentados a mais uma faceta do projeto criminoso
petista de poder. Os vídeos dos depoimentos são estarrecedores. Tanto
delatores como delatados, em momento algum, pediram desculpas pelos
crimes cometidos. Tentam buscar alguma justificativa histórica – como se
fosse possível – para o maior desvio de recursos públicos da história
da humanidade.
O Brasil corre o risco de entrar em 2018 – um ano eleitoral – com o
espetáculo das delações apresentando novos fatos e personagens, como em
um interminável filme. A aceleração dos julgamentos da Lava Jato,
especialmente, poderá ser o ponto de inflexão. E o marco poderá
ser a condenação de Lula, acusado de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, no primeiro processo (há mais quatro, até o momento).
A relativa paralisia política do primeiro quadrimestre
deverá ser interrompida já no início de maio, no dia 3, quando do
depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro. A temperatura política vai
subir. Manifestações vão ocorrer na área próxima ao tribunal e
não devem ser descartados possíveis confrontos entre os manifestantes e
entre esses e as forças de segurança. A tática petista será a
de, internamente, na audiência, desqualificar os procedimentos adotados
pelo juiz Moro, e, externamente, buscar um embate, sempre à procura de
um cadáver. A aproximação do PT com partidos mais à sua esquerda, como
a Causa Operária, é um claro sinal de que pretende enfrentar o
Estado democrático de Direito. O ano político de 2017, finalmente,
começou.
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