quarta-feira, 19 de abril de 2017

COLUNISTA VIP:

Ode (A) Brecht

Valdir Barbosa

Nunca temi encarar desafios, mesmo porque, sempre tive costas largas e alma replicada na baianidade. Nascido em Salvador sou filho de pernambucanos, terra, assim como esta, de tantas mulheres e homens forjados na tempera do caráter, descendente único da verdade alvissareira.
Não penei agruras, não apontei com dedos amputados, parceiros incultos, ou não, sobre os quais, regimes ditos de exceção fizeram sumir mártires, assim os considero, posto confiaram nos ideais proclamados em discursos inflamados de hipócritas, suportados nos sonhos críveis de antanho, hoje, definitivamente sepultados nas desonras incríveis de tantos mentirosos, capazes de continuar montados, cinicamente, na mula manca da iniquidade.

Nasci das entranhas de uma pernambucana linda acasalada, por amor, com sertanejo integro fugidos ambos da terra onde nasceram, a bordo de velha “rural”, no leito doce do bem querer, capaz de lhes conduzir ao eldorado intitulado trabalho, sob o qual prosperaram.
Nestas asas de quem viemos, eu e irmãos, seus rebentos, sempre beneficiados com exemplos de respeito por praticar o correto, aportamos na soterópolis tão abençoada. Terra de Menininha, de Stella, de Irmã Dulce, do monte onde reside OXALÁ, do promontório em que estão OMULU e OBALUAÊ, dentre outras tantas energias benfazejas.
Pus-me silente, nos derradeiros meses, diante das revelações nada surpreendentes, para mim, oficial de inteligência, expositoras de um sistema corruptor e corrupto, infelizmente brotadas no seio deste rincão amado. Confesso, não me ocorre determinar, ou definir, quais dos dois lados ignóbeis são mais nefastos para a nação tão sofrida. Tome-se como base, ditos dos “despersonagens” confessando e discutindo “leros”, negando óbvios e inferindo, sem pudor, “desargumentos”, na metáfora de quem nasceu primeiro: o ovo, ou a galinha?
Repreendem-me amigos sugerindo cale minha voz, posto, palavras vindas das certezas que tenho, em seu pensar concluem ser possível, ao me fazer silente, não perder mais do que perdi – confesso sempre ganhei, mesmo deixem de ver assim os mais céticos – na esteira de meus destemores.
Desisto de fazê-lo, afinal, a história não perdoa quem silencia diante de despautérios, destarte, afirmo inimaginável saber que pretendem os rapinantes da Pátria, mediante acordos espúrios, sobreviver ao mar de lama criado por si mesmos. Na pobre Mariana, por culpa de muitos destes vendilhões de templos chafurdaram inocentes, todavia, agora o que se vê são aziagos, sejam quais forem seus partidos, quebrados em mil cacos, no imponderável despautério de perpetuar um poder sem limites.
Reporto Bertolt e faço ode a Brecht: “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente ignorante, mas, aquele que a conhece e diz que é mentira é um criminoso”.
Salvador, 17 de abril de 2017.

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