"Ele era o alicerce da família, o nosso rei do samba', diz neta de Riachão
A alegria característica do cantor e compositor Riachão dá lugar à tristeza dos fãs e admiradores, que lamentam a morte do sambista, nesta segunda-feira, 30, aos 98 anos.Em quase um século de contribuições para o samba e a cultura da Bahia, o artista deixa um legado que perpassa gerações, desde os antigos 'bambas' até os foliões mais novos, que mantinham o ritual de acenar para ele durante a passagem da Mudança do Garcia, pelo circuito que leva seu nome e onde está o famoso sobrado da família.
E se a comoção se espalha entre as pessoas que conheciam a obra do sambista, é forte principalmente entre aqueles que conviviam diariamente com ele. Segundo a neta de Riachão, Carla Domênica, de 43 anos, ficam os ensinamentos e a trajetória do avô.
“Todos nós sentimos muito, porque ele era o alicerce da família, o nosso rei do samba, a nossa alegria. A certeza é que ele vai em paz e levar muita alegria onde estiver. Os ensinamentos, as palavras .. tudo isso vai ficar com a gente. O mito não morre. Continua vivo dentro de nós”, ressalta ela.
Homenagens
Diferentes personalidades baianas também lamentaram a morte de Riachão. O diretor teatral e presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, exaltou a alegria do artista.
"Sem dúvida, vamos lamentar a perda desse ser iluminado, artista único, autor de mais de 500 composições, dentre as quais clássicos como Cada Macaco no seu Galho e Vá Morar com o Diabo. Vamos lembrar, também, de uma trajetória longa, que sempre celebrou a alegria e o bom humor. Essa figura genuinamente baiana, trazia em seu DNA a percepção rítmica e autoral do nosso modo de ser e conviver e transformou-se num dos maiores cronistas de nosso tempo. Viva a esse ser especial, ser humano incrível, que alegrou e continuará a alegrar, com seu legado, a todos nós!", afirma Guerreiro.
O prefeito ACM Neto também destacou a influência do sambista para a música brasileira. "“Riachão sempre foi uma grande referência da cultura popular e, com sua alegria e irreverência presentes nas letras e no ritmo do samba, influenciou importantes nomes da MPB, como Gilberto Gil, Cássia Eller e Jackson do Pandeiro. Que Deus conforte os familiares e amigos de Riachão neste momento de profunda dor”, enfatizou.
O Secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, também lembou a trajetória do artista.
O samba brasileiro hoje chora. Riachão era história viva. Era a essência do nosso samba, da nossa identidade brasileira e tão importante para a música. Lamentamos imensamente sua morte", afirmou Tinoco.
Já a Secretaria Estadual da Cultura manifestou solidadriedade ao samba brasileiro e aos familiares de Riachão, lembrando a história músical dele, que começou a cantar aos 9 anos.
As homenagens também chegaram ao futebol. O Esporte Clube Bahia resgatou a camisa com o nome do sambista, criada em novembro de 2018, dentro das comemorações pela Consicência Negra.
"A diretoria do Esporte Clube Bahia manifesta solidariedade aos amigos e familiares de Clementino Rodrigues, o nosso querido Riachão", destacou o clube em nota.