Guedes ameaça sair, mas continua
Saiu do Planalto para se reunir com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes partidários para tentar amarrar com o Legislativo os principais pontos da pauta econômica em 2020, como as reformas tributária e administrativa. Considerado o grande trunfo de Bolsonaro com o mercado, o ministro se vê encurralado pela repercussão de suas próprias declarações e pelos cálculos políticos e eleitorais do presidente. Para Bolsonaro, perdê-lo agora seria desastroso para a continuidade de seu governo.
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"Difícil segurar"
Desde que assumiu o comando da Economia, com status de superministro, Paulo Guedes já ameaçou diversas vezes entregar o cargo. Sem nunca ter ocupado uma função pública, e com conhecido pavio curto, Guedes dá sinais de que sua insatisfação está atingindo o ponto máximo. Nos últimos meses, o ministro tem se aborrecido com o presidente Jair Bolsonaro e o núcleo bolsonarista."Está difícil segurar", disse uma fonte próxima ao ministro ao Congresso em Foco. O ministro tem comentado com pessoas próximas que, se resolver deixar o governo, pretende expor os seus verdadeiros motivos. O principal motivo hoje da irritação está na reforma administrativa. Guedes pretende fazer mudanças profundas nas regras para o funcionalismo público. Mas Bolsonaro tem dito, inclusive publicamente, que não pretende mexer com os atuais servidores, o que desagrada ao ministro.
Posto Ipiranga
> Guedes se desculpa por ter comparado servidores a parasitas
Interlocutor eventual da equipe econômica, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que presidiu a comissão especial da reforma da Previdência na Câmara, diz que os conflitos entre o presidente e o ministro da Economia eram previsíveis. "Por mais que eu discorde do Guedes algumas vezes, ele é um homem que tem coerência, é um liberal. Já o Bolsonaro sempre foi e jamais deixará de ser um populista que compra as piores causas corporativistas. É difícil uma convivência pacífica".
Para receber o ministro da Economia no fim da tarde desta terça, o presidente dispensou empresários e outros convidados que participariam do lançamento do programa Brasil Mais, do próprio Ministério da Economia, sem maiores explicações, irritando os presentes.
Antes da reunião entre eles, Jair Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre uma possível insatisfação do ministro, rumor que circulou em Brasília nesta terça. “Se o Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais, como todos nós temos, e ele sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que [por] possíveis pequenos deslizes”, disse Bolsonaro. “Eu já cometi muitos [deslizes] no passado. O Paulo não pediu para sair. Aliás, eu tenho certeza de que, assim como um dos poucos que eu conheci antes das eleições, ele vai ficar conosco até o nosso último dia”, acrescentou.
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