A MENTIRA DO SALÁRIO MÍNIMO NO
BRASIL DO TRABALHADOR ESCRAVO
Jeremias Macário
Como tantas outras no
Brasil, a lei do salário mínimo padrão obrigatório, como parâmetro para que
todo trabalhador tenha esse mísero ganho no final de cada mês, é uma deslavada mentira.
A mídia anuncia que aumentou o número de carteiras assinadas no pais, mas não
diz que milhares e milhares de empresas burlam o decreto e não pagam o valor
real. É o conto do vigário da carteira que foi institucionalizado.
Aqui mesmo em Vitória da Conquista,
principalmente médias e pequenas empresas, conheço várias que assinam a
carteira, mas por fora só pagam a metade do mínimo, quando muito, 700 reais. É
só fiscalizar, mas isso não existe porque a reforma trabalhista escravizou o
pobre trabalhador, e ainda veio o capitão-presidente e acabou com o Ministério
do Trabalho.
A CHAMADA “RACHADINHA”
A prática de assinar a carteira (não recolhem
o FGTS e outros benefícios) e combinar com o empregado pagar outro valor bem
abaixo do fixado está ficando comum. Diante da necessidade, e sabendo que uma
enorme fila lá fora aceita estas mesmas condições humilhantes, o candidato não
tem outra saída. É a chamada “rachadinha” trabalhista.Não adiante ter
capacidade e preparo.
Isso ocorre em todas as profissões, inclusive
de professores. A maioria das escolinhas particulares de Conquista assina a
carteira do professor, mas avisa logo que só paga 500 ou 700 reaismensais por
três ou quatro turnos de aulas por semana. Para ostentar e intimidar o
pretendente a aceitar a oferta, o diretor, ou diretora, exibe um monte de
currículos em sua mesa.
É muito vergonhoso e
triste um professor no Brasil ter que se sujeitar a esse tipo de exploração
desprezível, mas outras categorias também estão incluídas nesse pacote de
escravidão. As empresas fazem isso porque sabem que não são incomodadas por
fiscais do governo. Por outro lado, a mídia só faz mostrar a estatística do
IBGE, mas não investiga o outro lado da verdade. Não divulga o outro lado macabro
da moeda.
CONTO DO VIGÁRIO
É praticamente trabalhar de graça quem recebe
500 ou 700 reais por mês. Depois que a pessoa tira o dinheiro do transporte (a
empresa não paga), no caso de Conquista, se for só um ônibus por dia, o
funcionário fica com cerca de 400 a 600 reais, isso se não fizer um lanche na
rua. Muitos trabalham com fome para ganhar uns trocados no final do mês.
Nenhum órgão, sindicato ou entidade do
trabalhador investiga, fiscaliza e denuncia esta tremenda irregularidade do
mercado. Fazem vistas grossas. Todos preferem acreditar na mentira e no conto
do vigário do salário mínimo. Aliás, o
brasileiro está sendo massacrado pelas fake news e pelas mentiras
publicitárias, sem reagir e sem se indignar. Uma claque de lunáticos e
fanáticos invadiu nosso território.
Dias desses fiquei horrorizado quando ouvi
de uma psicóloga da área de recursos humanos afirmar que o empregado capaz e
dedicado tem o poder de barganhar aumento salarial. Ela está totalmente por fora
da atual realidade brasileira. Está sonhando! Estamos sim, num regime de
escravidão, onde milhões se sujeitam a ganhar menos de um salário mínimo para
não passar fome e, mesmo assim, passando.
OS TERCEIRIZADORES
VIGARISTAS
Com a reforma trabalhista e o fim do
Ministério do Trabalho, o Brasil virou terra de ninguém onde os coronéis de
chibata e arma na mão ditam as ordens. O operário em geral segue de cabeça
baixa, recebendo as migalhas, com exceção de algumas classes mais fortes e privilegiadas,
como petroleiros, químicos, metalúrgicos, bancários e outras.
Está aí para constatar
os fatos a praga da terceirização. Aproveitadores e oportunistas montam firmas
sem dinheiro, e até mesmo irregulares, verdadeiras arapucas, para explorar
mão-de-obra barata e escrava. Ganham licitações e contratos do poder público e
do setor privado na base das tramoias. Depois deitam e rolam descumprindo as
“leis”. Atrasam os salários, não pagam décimo terceiro, não recolhem o FGTS e
outros benefícios. Os “responsáveis”nunca são punidos.
Muitos abrem um escritório fajuto, sem
nenhuma estrutura, pegam a grana do contratante terceirizador e se mandam com o
dinheiro do trabalhador. Geralmente não dá em nada, e o empregado fica a ver
navios, passando fome e outras necessidades. Estamos no Brasil faroeste das
vigarices e das mentiras, como a do salário mínimo da carteira assinada.
Neste país das castas,
só os funcionários públicos diretos do executivo, legislativo e judiciário são
os privilegiados, muitos com ganhos de até 100 mil reais mensais. Nunca falta
dinheiro e não há atrasos no pagamento desses “servidores” dos três poderes,
que jamais sofrem cortes de verbas. Eles continuam mamando nas tetas do povo,
que come o “pão que o diabo amassou”, com a redução de recursos na educação, na
saúde e nos programas sociais em geral, e ainda são vítimas da mentira do
salário mínimo.