Ajuda dos filhos e apoio nas lesões
Rosa contava com a ajuda do filho mais velho para levar Rebeca de bicicleta ou a pé para os treinos, quando não tinha dinheiro para a condução.
"Quando eles viram que ela tinha esse talento, eles [os irmãos de Rebeca] se dedicaram. Quando ela achava que era hora de parar porque não tinha dinheiro para condução, o irmão falava: 'eu levo ela a pé'. A distância era de duas horas caminhando", disse Rosa em entrevista à Rádio Bandeirantes logo após o pódio da filha.
Rebeca começou a se destacar desde cedo e teve Daiane do Santos como inspiração. Ela chegou a conhecer pessoalmente a estrela da ginástica brasileira ainda em 2009, conforme vídeo gravado pela Prefeitura Municipal de Guarulhos, que ganhou as redes sociais nesta quinta-feira.
"Às vezes eu não estava conseguindo fazer alguma coisa e elas estavam me ensinando", diz na reportagem uma pequena Rebeca, provavelmente aos 10 anos, após conhecer Daiane e Laís Souza, que treinaram em Guarulhos naquele ano devido a uma reforma no Clube Pinheiros.
Ao lado de Rebeca no começo da carreira, dona Rosa também estava lá quando a intensa rotina de treinos levou a atleta a sofrer lesões. Rebeca teve de operar o joelho três vezes entre 2015 e 2019 e, em uma dessas cirurgias, pensou em desistir.
"Eu falava: 'Você não pode desistir sem tentar. Só acabou para você depois que você se recuperar e treinar. Vai conhecer seu corpo novamente'", contou Rosa no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo.
A saúde mental dos atletas de alto desempenho está em debate, após a ginasta americana Simone Biles desistir da final olímpica por equipes e a tenista japonesa Naomi Osaka se retirar do Aberto da França.
Rosa considera que atuava como uma "psicóloga", quando Rebeca passava por momentos difíceis.
"Sempre incentivei meus filhos a por os problemas para fora. A expor o que sentiam. E com a Rebeca não foi diferente", disse ao UOL.
"Eu argumentava com ela: a cobrança faz parte dos treinos. É como se o Chico [o treinador de Rebeca] fosse um professor que cobra seus alunos. E ela se tranquilizava, porque fora dos ginásios, o Chico representava a figura do pai que ela não teve em seu dia-a-dia."
O Brasil inteiro vibrou com o triunfo de Rebeca ao som de Baile de Favela, mas, para dona Rosa, a vitória teve um gosto ainda mais especial.
"Estou muito orgulhosa, feliz demais. Durante a competição não consegui pensar em nada, mas quando veio a medalha passou um filme. Eu me lembrei da Rebeca aos 3 anos dando estrelinha sem mão. Vieram à mente também os obstáculos que tivemos que enfrentar e que conseguimos", disse a Fátima Bernardes nesta quinta-feira.
"Ainda bem que ela seguiu os meus conselhos e trouxe a medalha. É uma prata com sabor de ouro."