NÃO AOS VÂNDALOS!
Ricardo De Benedictis
O dia 8 de janeiro fica marcado no
Brasil como um grave atentado à Democracia. É verdade. E esta verdade nos
incomoda quando convivemos numa época em que uma pessoa ou outra é capaz de
tomar atitudes arbitrárias e não é punida. Quem sabe, o Senado não seja um dos
principais culpados por tanta transgressão à nossa Constituição?
Nos posicionamos contrários aos
vandalismos e achamos que os envolvidos devam ser processados e se provada sua
culpa, punidos, na forma da Lei.
Vamos aos fatos:
Há dias vinha esperando que algo
acontecesse em Brasília com a formação de centenas, para não dizer, milhares de
pessoas acampadas na porta do Quartel General do Exército, enquanto através das
redes sociais havia informações, desinformações e contra-informações à rodo.
Alguma coisa deveria sair de mais de
um mês de esforço concentrado por tais pessoas em todo o Brasil, mas que toma
vulto no DF, onde se concentram os poderes da República. E até então, 8 de
janeiro de 2023, aquele entra e sai de manifestantes se mantinha inalterado.
Acontece que neste final de semana
chegou uma leva de dezenas de ônibus oriundos de vários estados e com destino a
capital federal. E neste domingo à tarde, quase como um ensaio de escola de
samba, centenas de pessoas seguiram para a esplanada e para a praça dos Três
Poderes, centro nevrálgico do Poder. Coincidentemente, os prédios do Palácio do
Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo encontravam-se quase vazios, dado
o domingo, e totalmente ou parcialmente desguarnecidos. E isso deu a senha para
alguns extremistas de direita, outros tantos infiltrados de esquerda e vândalos,
realizassem a invasão dos prédios em questão, destruindo e trazendo enormes
prejuízos ao país, seja do ponto de vista patrimonial, histórico-cultural, e
até do ponto de vista moral, bem como da violação da integridade de casas que
deveriam ser inexpugnáveis, pois representam os Poderes Constitucionalmente
elencados em nossa Carta Magna.
A quem atribuir a responsabilidade?
Ao governador e ao secretário da segurança pública do Distrito Federal, à
Polícia Militar de Brasília, aos órgãos de segurança interna das casas
invadidas? Afinal, aos domingos é normal que a segurança destes locais seja
desprezada?
A História vai dizer, hoje ou amanhã,
quem foram os responsáveis ou os irresponsáveis.
Lula disse em Araraquara que nunca
havia acontecido isso no Brasil. Não é verdade. Em 2014 houve algo semelhante
quando os ‘Sem terra’ invadiram os prédios públicos e o chefe da casa civil de
Dilma, Gilberto Carvalho, atribuiu ao elemento surpresa, e tantas outras vezes
em que invadiram os salões do Congresso Nacional e o governo de então colocou
panos quentes sobre os culpados. Ninguém foi preso, ninguém foi sentenciado. E
os quebra-quebra em São Paulo, Rio de Janeiro, etc entre 2014 e 2017, já
esqueceram? Onde estão os culpados? E o cinegrafista da TV Band Santiago Ilídio
Andrade, de 49 anos que foi morto com um rojão na cabeça, pelas costas,
enquanto gravava a ação dos blackblocks no Rio, em 10 de fevereiro de 2014? E
os mais de 30 dias que a Assembleia Legislativa da Bahia ficou invadida por
integrantes da própria Polícia e ameaçaram explodir carretas na Rio-Bahia, já
esqueceram? E as rebeliões nos presídios em todo o país com centenas de mortos,
já esqueceram, também?
Por falar nisso, cadê o presidente
tampão da Câmara dos Deputados, (que era vice de Eduardo Cunha, que foi preso
pela Lavajato) então deputado maranhense Waldir Maranhão, que veio num avião
com o atual Ministro da Justiça e fez um ofício fajuta para o presidente do
Senado, em que anulava a sessão legislativa que afastou por impeachment a então
presidente Dilma Vana Roussef, cujo ofício foi ignorado pelo Senado, já
esqueceram? E a manobra ilegal do então presidente do Supremo, Ricardo
Lewandowsky que impediu Dilma de ficar inelegível por 8 anos como manda o texto
constitucional, ah, já esqueceram?
Que memória fraca, minha gente!